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as marcas no divã

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Idade importa, sim!<br />

Cena 1 – Estamos em 1965. Um pla<strong>no</strong> de marketing e comunicação é<br />

criado para uma marca. Em algum lugar desse pla<strong>no</strong>, o executivo de marketing<br />

indica qual é o target group ao qual essa marca se destina. Algo mais ou<br />

me<strong>no</strong>s <strong>as</strong>sim: mulheres entre 25 e 40 a<strong>no</strong>s, c<strong>as</strong>ad<strong>as</strong>, com filhos até 15 a<strong>no</strong>s,<br />

pertencentes à cl<strong>as</strong>se A, expost<strong>as</strong> regularmente à televisão. E a faixa de idade<br />

a que el<strong>as</strong> pertencem ocupa posição muito importante nessa descrição.<br />

Cena 2 – Estamos em 1987. Em um determinado pla<strong>no</strong> de marketing<br />

e comunicação, há a preocupação em indicar claramente o segmento<br />

de consumidores ao qual se destina. No entanto, a descrição desse<br />

target group é feita de forma bem diferente: trata-se de mulheres que<br />

pertencem a um segmento comportamental que alguém de<strong>no</strong>mi<strong>no</strong>u de<br />

care givers (“cuidador<strong>as</strong>”), grupo que se estende por vári<strong>as</strong> faix<strong>as</strong> de idade,<br />

descrito com minúci<strong>as</strong> em seus componentes psicográficos.<br />

Todos nós sabemos o que aconteceu entre ess<strong>as</strong> du<strong>as</strong> cen<strong>as</strong>. Alguns viveram<br />

essa mudança. Entre <strong>as</strong> cen<strong>as</strong> 1 e 2, multiplicou-se o acesso às ferrament<strong>as</strong><br />

e técnic<strong>as</strong> de segmentação psicográfic<strong>as</strong> e de estilo de vida. Adeptos<br />

dess<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de segmentação sempre insistiram em sua superioridade em<br />

relação à cl<strong>as</strong>sificação convencional dos consumidores apresentada na cena 1.<br />

A evolução da cena 1 para a 2 é indiscutível. Ela acompanhou o processo<br />

de fragmentação d<strong>as</strong> relações sociais <strong>no</strong> mundo moder<strong>no</strong> e a multiplicação<br />

de peque<strong>no</strong>s segmentos de consumidores e “tribos” na sociedade. Foi capaz<br />

de identificar a existência de grupos não identificados pelos tradicionais<br />

processos de segmentação. Porém, ao lado dessa evolução, tivemos de enfrentar<br />

perigosos “efeitos colaterais”. Eu consigo enxergar três:<br />

1 Devaneios matemáticos.<br />

A imposição de uma linguagem matemática e high-tech aos estudos<br />

de segmentação criou, inúmer<strong>as</strong> vezes, grandes abstrações.<br />

Gerou estudos de segmentação com e<strong>no</strong>rme solidez matemática e<br />

estatística, m<strong>as</strong> qu<strong>as</strong>e nenhuma relevância para o marketing d<strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong>.<br />

2 Fragmentação x segmentação.<br />

Não foram raros os c<strong>as</strong>os em que <strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong> matemátic<strong>as</strong> criaram<br />

“monstrengos” com múltiplos segmentos. E, por isso, n<strong>as</strong>ceram segmentos<br />

com dimensões muito pequen<strong>as</strong>, sem qualquer m<strong>as</strong>sa crítica ou<br />

viabilidade mercadológica.<br />

3 Tec<strong>no</strong>logia sem operacionalidade.<br />

Como consequência dos dois primeiros “efeitos colaterais”, surgiu<br />

um terceiro, ainda mais perigoso. Os devaneios matemáticos<br />

e a fragmentação geraram sistem<strong>as</strong> de segmentação com pouco<br />

ou nenhum poder operacional. O que, em princípio, é criado<br />

para funcionar como ferramenta de planejamento de negócios<br />

e marketing se transforma em produto para autossatisfação dos<br />

próprios criadores. Guardados em alguma prateleira ou gaveta<br />

da empresa, não resistem a algum<strong>as</strong> seman<strong>as</strong> de uso e acabam<br />

sendo esquecidos.<br />

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