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Editora Taíka | O cenário dos quadrinhos nacionais mudou muito com o final da Editora<br />
Outubro. Algum tempo depois da saída de Sidekerskis, que iria abrir as editoras Regiart<br />
e Jotaesse, Victor Chiodi também a deixou. A direção geral da Taíka passou a ser exercida<br />
por Manoel César Cassoli e Heli Otávio de Moura Lacerda e essa foi a configuração societária<br />
até o fechamento da empresa, já no final dos anos 1970. Para o lugar de Cortez como<br />
diretor artístico foi contratado, a principio, o artista argentino Rodolfo Zalla. Ele estava<br />
no Brasil há bem pouco tempo e colaborava com eles desenhando Colorado, um cowboy<br />
herdado de um outro artista argentino, José Delbó, que tinha estado no Brasil de passagem e acabara de<br />
se mudar para Nova York. Delbó viria a ter uma longa carreira nos Estados Unidos, desenhando de tudo,<br />
da adaptação para os quadrinhos de Yellow Submarine dos Beatles à Mulher-Maravilha.<br />
Para a Taíka, Nico Rosso continuou<br />
desenhando bastante, em mais de um<br />
gênero. Como já mencionamos, Nico<br />
Rosso passou a desenhar Targo quando<br />
Zalla deixou o personagem, que já era<br />
escrito por Helena Fonseca. Mas a<br />
série ganhou um enfoque diferente<br />
por parte da roteirista com a entrada<br />
de Nico Rosso para ilustrá-la.<br />
Passou a haver na série um certo<br />
erotismo, leve e disfarçado, que não<br />
era presente até então. Talvez isso<br />
tenha se dado pela habilidade de Rosso<br />
em desenhar mulheres bonitas e sensuais, mas o fato é que começaram<br />
a aparecer mais e mais personagens femininas nas histórias. Fossem elas<br />
caçadoras brancas ou raínhas de civilizações perdidas no coração da selva,<br />
todas invariavelmente se interessavam pelo herói, muitas vezes de forma<br />
explícita, causando cenas de ciúme da companheira deste, a bela Arimá.<br />
Targo visto por<br />
Fernando de Lisboa,<br />
Rodolfo Zalla e<br />
Nico Rosso.<br />
Zalla desenhou várias histórias de guerra e faroeste e também assumiu a<br />
série de Targo, que deixou de ser uma cópia sem vergonha do Tor, de Joe<br />
Kubert, cometida por um certo “Fernando de Lisboa” (claramente um<br />
pseudônimo) e passou a ser um Tarzan genérico que algum tempo<br />
depois viria a ser desenhado por Nico Rosso.<br />
Outros artistas apareceram na cena dos quadrinhos brasileiros a<br />
partir de 1964, até para ocupar o espaço deixado por toda aquela<br />
turma da foto tirada no teto da Gazeta, que tinha em sua grande<br />
maioria se mudado para o mundo da publicidade, onde muitos viriam<br />
a ter prestigiosas carreiras. Mas claro, alguns como Nico Rosso,<br />
Gedeone, Sérgio Lima e Ignacio Justo continuaram insistindo com os<br />
quadrinhos. A eles se juntaram Rodolfo Zalla, já citado, Eugênio Colonesse,<br />
grande artista ítalo-argentino, Rubens Cordeiro, Dagoberto<br />
Lemos, Salatiel de Holanda, Osvaldo Talo e outros mais.<br />
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