Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O Anjo da Guarda e<br />
Pedrinho, Tico e Alice.<br />
O filho de Gianluigi, Luiz Roberto Rosso, hoje também ilustrador, imagina que<br />
o pai não usou o nome italiano por conta do nacionalismo da editora, que estampava<br />
em todas as capas uma frase afirmando que aquelas revistas eram totalmente produzidas<br />
no Brasil por artistas brasileiros. Pode ser verdade que a editora preferisse assim,<br />
afinal Giorgio Scudellari também teve seu primeiro nome traduzido para Jorge.<br />
Mas os estrangeiros estavam lá, começando por Jayme Cortez. De toda forma,<br />
Gianluigi Rosso publicou algumas histórias de terror na editora mas trocou os quadrinhos<br />
pela química industrial logo depois. Do ponto de vista artístico foi uma pena, pois apesar de uma<br />
inegável influência de Nico Rosso, ele desenhava muito bem. Melhor inclusive do que boa parte de<br />
seus contemporâneos, especialmente no que diz respeito à figuras femininas.<br />
Desenhos de Gianluigi Rosso<br />
Nico Rosso trabalhou em todos os gêneros que a editora<br />
publicava, com exceção apenas dos super-heróis, como o<br />
Capitão 7. Mas seus primeiros publicados na nova editora<br />
não foram histórias de terror. Ao contrário do que muitos<br />
pensam, foram histórias infantis para as revistas Fantasia e<br />
Contos Mágicos, concorrentes diretas de Contos de Fadas e<br />
Varinha Mágica. Para estas revistas Nico voltou a desenhar<br />
histórias de fadas, como “O Califa e a Cegonha”. Além disso<br />
criou duas novas séries, O Anjo da Guarda, sobre as trapalhadas<br />
de um anjinho com o menino de quem ele é guardião<br />
e as aventuras de Pedrinho, Tico e Alice, três crianças sapecas.<br />
Seu estilo nestas histórias é bastante elaborado, com<br />
um tratamento gráfico muito bonito, tal e qual o que ele usava<br />
nas revistas da La Selva. E as histórias eram muito boas,<br />
mesmo sem contar com os roteiros de Milton Júlio.<br />
Cabe aqui notar que os roteiros<br />
de todas as histórias da editora<br />
na sua fase inicial ou eram feitos<br />
pelos próprios desenhistas<br />
ou eram responsabilidade de<br />
Cláudio de Souza (que era um<br />
dos sócios), Waldir Wey ou Hélio<br />
Porto, este último provavelmente<br />
o mais prolífico, mas de<br />
quem pouco se sabe. Um pouco depois dessa época, uma nova roteirista começa sua carreira: Helena Fonseca.<br />
Ela e Nico Rosso formarão uma grande dupla, mas não nestes primeiros tempos. Outro roteirista famoso que<br />
trabalhava para a Continental/Outubro era Gedeone Malagola, mas ele preferia entregar suas histórias já<br />
desenhadas, embora esse não fosse seu forte.<br />
Antes do terror, Nico Rosso ainda passa pelos cowboys da casa, nenhum criado por ele. Desenhou O Vingador,<br />
um mascarado tipo Lone Ranger, Dakota Jim, um mestiço que vive aventuras<br />
pulando de cidade em cidade e o Pistoleiro Fantasma, um personagem calcado<br />
obviamente no Ghost Rider da Timely Comics. Aos poucos começou a produzir<br />
histórias de terror, com 4 ou 5 páginas em média, para os títulos de terror da<br />
Outubro: Seleções de terror, Histórias Macabras, Histórias Sinistras, Histórias do<br />
Além e Clássicos de Terror. Para o número 5 desta última produz com desenhos<br />
lindíssimos uma adaptação de<br />
Fausto, de Goethe. É sua primeira<br />
história mais longa do gênero<br />
terror, com 14 páginas.<br />
72 | <strong>MeMo</strong>1 <strong>MeMo</strong>1 | 73