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Já A Cripta era uma revista bem à frente de seu tempo. A começar pelo formato grande, 22 por 30<br />

centímetros. Ela foi concebida por R.F. Lucchetti e Nico Rosso como um veículo para histórias mais<br />

adultas, onde o erotismo era muito presente em todas as histórias.<br />

Rubens Francisco Lucchetti já era um colaborador da Outubro e sempre admirara o<br />

trabalho de Nico Rosso, sem nunca ter uma história sua desenhada por ele. Lucchetti<br />

é provavelmente um dos escritores mais prolíficos do Brasil, tendo escrito para diversas<br />

mídias como cinema, televisão, quadrinhos e livros. Muitas vezes, trabalhou<br />

sob pseudônimos, como Terence Grey, Vincent Lugosi, Mary Shelby e muitos outros,<br />

tendo escrito mais de mil e quinhentos livros.<br />

Na revista há um personagem recorrente, o vampiro Nosferatu (um nome usado por<br />

W.F. Murnau no cinema mudo para contar a história de Drácula). Mas beber sangue não é o que o<br />

move e nem sempre ele é o protagonista das histórias. Ele está sempre mais interessado em seduzir<br />

suas vítimas, mulheres lindíssimas desenhadas por Rosso, do que em beber seu sangue. A revista,<br />

lançada em 1968, infelizmente não foi muito bem de venda: acabou no número 4. Os editores atribuíram<br />

isso ao formato e ao preço mais alto. Tentaram relançá-la em 1970 no tamanho comum a todas as<br />

revistas da casa, mas a manobra não surtiu o efeito esperado. Mas a parceria de Lucchetti com Rosso,<br />

como já vimos, ainda deu bons frutos em outras editoras e mesmo na Taíka, de forma inusitada até,<br />

como no caso de Satanik.<br />

Esse personagem surgiu quando em outubro de 1967 um jovem desenhista chamado Emilmar Dal’Alba<br />

Di Tullio bateu à porta de Nico Rosso para lhe mostrar um personagem que criara, um super-herói chamado<br />

Shatan. Rosso gostou do que viu e logo envolveu Lucchetti, que escreveu um roteiro baseado nas<br />

ideias de Emilmar e, de comum acordo, mudou o nome do personagem para Satanik.<br />

Este então desenhou a história e Nico Rosso a finalizou com todo cuidado possível para não interferir no<br />

estilo bastante pessoal do jovem desenhista. Segundo a trama, Satanik era um agente secreto americano<br />

(apesar do nome “Felipe”) que sobrevive a um<br />

acidente aéreo quando sobrevoava a selva amazônica.<br />

Ele é salvo por um cientista que trata dele e<br />

lhe dá um uniforme super-resistente e uma máscara.<br />

A partir daí ele passa a combater o Barão Von<br />

Drago e Selena, seus inimigos mortais.<br />

Como os super-heróis estavam bombando na época,<br />

os três acharam que ia ser muito fácil publicar<br />

o personagem, mas não foi bem assim. Na Taíka<br />

não gostaram muito dele e preferiram apostar em<br />

Mylar, no Escorpião, em Fantastic e até no Bola<br />

de Fogo, uma cópia vergonhosa do Tocha Humana.<br />

Para espanto de Lucchetti e Rosso e desgosto de<br />

Emilmar o trabalho foi engavetado por três anos<br />

e só saiu em 1970 num Almanaque de Aventuras,<br />

porque a editora, já em concordata, precisava<br />

publicar alguma coisa rapidamente. Lucchetti e<br />

Rosso seguiram adiante, mas Emilmar, desgostoso,<br />

nunca mais voltou aos quadrinhos.<br />

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