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Nos dois anos seguintes, a revista seguiu publicando material americano, mas no número 24, de<br />

junho de 1950, os leitores se depararam com uma novidade, a quadrinização do romance brasileiro<br />

“O Guarani”, de José de Alencar, com lindos desenhos em aguada do artista haitiano André LeBlanc.<br />

Casado com uma brasileira, Elvira, que escreveu o texto desta adaptação, LeBlanc havia se radicado<br />

no Rio de Janeiro naquela altura. Seis meses depois de “O Guarani”, saiu “Iracema”<br />

no número 31 de janeiro de 1951. Mais de um ano depois em março de 1952, “O Tronco<br />

do Ipê” no número 46 e em outubro do mesmo ano, “Ubirajara” no número 57. Todas<br />

adaptações do mesmo escritor, José de Alencar e três delas de temática indianista.<br />

Certamente LeBlanc estava apaixonado por esse tema, pois dois personagens com<br />

os quais ele trabalhava na mesma época também traziam o tema de aventuras nas<br />

florestas brasileiras, Morena-Flor, de sua própria autoria<br />

e O Capitão Atlas, adaptação de um seriado radiofônico que fazia muito<br />

sucesso naqueles anos. Dono de excelente técnica, LeBlanc teve uma<br />

prestigiosa carreira internacional, passando muito tempo nos Estados<br />

Editora Brasil-América (EBAL) | Apesar de ainda manter uma relação firme com a editora das Irmãs<br />

Paulinas, para a qual ainda faria muitas ilustrações e capas nos anos seguintes,<br />

Nico Rosso teve boa parte de seu volume de trabalho reduzido em O Jornalzinho<br />

na segunda metade dos anos 50. Isso fez com que começasse a aceitar ofertas<br />

de trabalho de outras editoras. Uma delas foi a lendária Editora Brasil-América, a<br />

EBAL, de Adolfo Aizen, sediada no Rio de Janeiro.<br />

Fundada em 1945, a EBAL tinha entre suas publicações uma série de quadrinizações<br />

(termo criado pelo próprio Aizen) de clássicos da literatura mundial:<br />

a Edição Maravilhosa. A revista surgiu como um filhote de outra revista, O<br />

Herói, primeira publicação da editora, que em seu número 9, de fevereiro de<br />

1948, trouxe a versão americana da Classics Illustrated para “O Último dos<br />

Mohicanos”. Numa vinheta acima do logotipo da revista se lia “Edição Maravilhosa”.<br />

No número 12, em abril, foi a vez de “A Ilha do Tesouro”. A ótima repercussão das duas foi o<br />

sinal verde para Aizen lançar a Edição Maravilhosa como revista autônoma. O primeiro número, num<br />

formato um pouco menor que o usual, foi publicado em julho de 1948, com Os Três Mosqueteiros.<br />

Unidos, onde trabalhou ao longo dos anos em Flash Gordon, O Fantasma,<br />

The Spirit e muitas mais, quase sempre de forma anônima. Para a tristeza<br />

de Adolfo Aizen, que adorava seu trabalho, LeBlanc mudou-se de vez para<br />

os Estados Unidos em 1956, passando a colaborar apenas esporadicamente<br />

com a EBAL até a década de 1970.<br />

A partir da publicação de “O Guarani” ocorreram algumas mudanças editoriais<br />

na Edição Maravilhosa. Primeiro, o<br />

formato menor foi abandonado e ela passou<br />

a ter o mesmo formato das outras publicações da editora. Passou<br />

também a publicar, cada vez mais, material produzido no Brasil. De<br />

201 edições, 54 foram adaptações de clássicos da literatura brasileira<br />

e portuguesa. Além de José de Alencar, também tiveram obras adaptadas<br />

autores como Machado de Assis, Manoel Victor, Graça Aranha,<br />

Menotti Del Picchia, Ribeiro Couto, Pedro Bloch, Jorge Amado, Dinah<br />

Silveira de Queiróz e muitos outros.<br />

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