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Como bons homens de negócio, os La Selva há muito<br />
haviam percebido que era bem mais barato comprar histórias<br />
importadas do que produzi-las aqui. Sua insistência em fazer<br />
isso cada vez mais começou a deixar Jayme Cortez bastante<br />
descontente. Afinal, ao longo dos anos ele havia conseguido<br />
um grande espaço para os desenhistas nacionais na La Selva.<br />
Victor Chiodi, por sua vez, planejava voltar ao ramo e<br />
começou a conversar com outros três empresários do setor<br />
gráfico (José Sidekerskis, Arthur de Oliveira e Heli Otávio de Moura Lacerda), além<br />
de se manter em contato com Miguel Penteado e este por sua vez com Cortez.<br />
Todo esse movimento culminou quando os cinco se juntaram a Cláudio de Souza<br />
(que trabalhava na Abril mas tinha passado pela La Selva) e abriram a Editora Continental, na Rua da<br />
Mooca, em 1959. Sem que soubessem, já havia uma editora com esse nome, com problemas na justiça.<br />
Cobradores começaram a aparecer. Então, cerca de dois anos depois, com certeza por conta da militância<br />
comunista de Penteado (que era membro do PCB), mudaram o nome para Editora Outubro. Nova encrenca,<br />
pois Victor Civita, da Abril, tinha registrado o nome de todos os meses do ano para ninguém plagiar a<br />
sua editora e os advertiu judicialmente. Eles se recusaram a ceder e começou uma pendenga judicial entre<br />
as duas editoras. Desde o começo levantando alto a bandeira dos quadrinhos nacionais, a Editora Continental/Outubro<br />
atraiu os maiores talentos dos quadrinhos na época, muitos dos quais já trabalhavam<br />
para Jayme Cortez na La Selva, como Nico Rosso, que aparece em duas fotos com todos os colaboradores<br />
da casa ao lado do filho Gianluigi, que também iria publicar quadrinhos na casa, assinando ora como Luiz<br />
Rosso ora como João Rosso. Qual seria a razão disso?<br />
Nesta página, foto tirada no<br />
dia da inauguracão da Editora<br />
Continental, em seus<br />
escritórios. Nela aparecem,<br />
da esquerda para a direita,<br />
Jayme Cortez, Miguel<br />
Penteado, Nico Rosso, Gianluigi<br />
Rosso, José Sidekerskis,<br />
Ignácio Justo, Júlio Shimamoto,<br />
Jorge Kato, Aylton Thomaz,<br />
Gedeone Malagola, João Batista<br />
Queiróz, Álvaro de Moya,<br />
Guilherme Walpeteris e Zezo.<br />
Na página ao lado, anúncio<br />
publicado em várias revistas<br />
da editora, com um<br />
manifesto em favor dos<br />
quadrinhos nacionais.<br />
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