Revista Criticrtes 6 Ed
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<strong>Revista</strong> Criticartes | 1º Trimestre de 2017 / Ano II - nº. 06<br />
conto<br />
A irmã de Jone<br />
https://i.ytimg.com<br />
Leomária Mendes Sobrinho<br />
Salvador, BA, Brasil<br />
@: lea.sobrinho@gmail.com<br />
H<br />
á mais de sessenta anos atrás, a irmã de<br />
Jone estava completando quinze anos. Jéssica,<br />
desde nova, falava que quando completasse esta<br />
idade morreria e que estava ali, apenas para cumprir<br />
uma missão. Ninguém levava em consideração<br />
a veracidade desta informação, pois, como<br />
vinha de uma criança, os adultos entendiam como<br />
um capricho.<br />
Eram quatro irmãos, porém, Jone era o<br />
mais próximo de Jéssica, o que a permitia confidenciar<br />
seus pensamentos e desejos com ele.<br />
Eles moravam em uma casa humilde, porém,<br />
com área ao redor da casa e um quintal, onde haviam<br />
duas fontes, isto é, dois poços artesianos e<br />
mais ao fundo muitas plantas, inclusive árvores<br />
milenares, como mangueiras, pés de mamão, bananeiras,<br />
etc. Com área suficiente para circular,<br />
correr e se esconder na hora das brincadeiras<br />
com as amigas.<br />
Passaram-se alguns meses e Jéssica adoeceu<br />
de uma hora para outra, sem motivos aparentes.<br />
O médico naquele tempo não tinha a tecnologia<br />
que hoje possui e a diagnosticou com sarampo.<br />
Quando Jone e Jéssica ficavam a sós, ele a<br />
perguntava o que ela sentia, mas, com muita febre<br />
e tomando muitos antibióticos, ela ainda<br />
afirmava que não iria adiantar tanto zelo, pois<br />
ela já tinha o seu dia marcado para desencarnar<br />
por ordem de Deus.<br />
Jone ficava confuso porque em sua compreensão,<br />
Deus apenas dava a vida e não a tirava.<br />
Porém, a sua irmã afirmava veementemente<br />
que ela veio apenas para passar aquele tempo e<br />
tinha a consciência de tudo; que ela ouvia e via<br />
as orientações do que estava por vir. O que ficou<br />
sem explicação, o que não deu tempo de saber,<br />
pela angustia e pela insistência de Jone em querer<br />
que a sua irmã ficasse logo boa foi o motivo<br />
da missão que Jéssica teria que ter cumprido.<br />
Numa noite sem estrelas no céu, Jone<br />
chegava em sua casa.Vinha da casa de um amigo,<br />
quando viu Jéssica sentada à beira da fonte,<br />
no quintal, pois o mesmo acessou sua residência<br />
pela lateral sem que ninguém o visse. Ele a<br />
chamou com espanto pelo nome e a repreendeu<br />
por estar ali fora no sereno, já que passavam-se<br />
das sete horas da noite e ela estava acamada.<br />
Jéssica, sentada, serena, calmamente disse<br />
ao irmão que já não estava mais entre os vivos<br />
e que ela já havia realizado a sua missão. Havia sido<br />
chamada, que não era para ele chorar e nem<br />
ficar triste, pois ela estava bem e que ele soubesse<br />
que ela o amava. Desapareceu para sempre da<br />
vida e deixou saudades.<br />
(História baseada em fatos reais.<br />
Foram usados nomes fictícios)<br />
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