Revista Criticrtes 6 Ed
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artigo<br />
<strong>Revista</strong> Criticartes | 1º Trimestre de 2017 / Ano II - nº. 06<br />
Tutela Penal:<br />
uma necessidade contra o crime de<br />
biopirataria no Brasil<br />
Bianca Marafiga<br />
Dourados, MS, Brasil<br />
@: biancamarafiga@hotmail.com<br />
A biopirataria conceitua-se da apropriação<br />
não autorizada do patrimônio genético de uma região.<br />
Podendo englobar a exploração e o comercio<br />
ilegal de madeira, tráfico de animais e plantas silvestres.<br />
Um problema que assola os países biodiversos,<br />
inclusive o Brasil, que possui uma das maiores biodiversidades<br />
mundiais e populações tradicionais<br />
(indígenas e ribeirinhos) detentores de diversos conhecimentos<br />
tradicionais que aliados à biodiversidade<br />
atraem o interesse de nações desenvolvidas.<br />
Embora a biopirataria seja uma prática decorrente<br />
desde a época colonial, foi a partir das últimas<br />
décadas que o tema vem alavancando discussões<br />
de cunho socioambientais mais significativos.<br />
Principalmente devido à evolução da biotecnologia<br />
e com isso a acessibilidade de registros relacionados<br />
às marcas e patentes de âmbito internacionais.<br />
Desde os primórdios identifica-se que essa<br />
prática ilegal no Brasil está intimamente relacionada<br />
à fauna e/ou a flora. Como exemplo a extração<br />
do pau Brasil e o contrabando de sementes desde a<br />
época da colonização. Citaremos alguns dos principais<br />
casos de biopirataria no Brasil:<br />
I Exploração do Látex<br />
Caso extremamente notório de exploração<br />
da biodiversidade, foi a extração do látex da seringueira,<br />
Hevea brasiliensi, e o contrabando de aproximadamente<br />
70 mil sementes da espécie, que foram<br />
enviadas para a Inglaterra pelo inglês Henry<br />
Wickma – “pai” da Biopirataria. Tal atividade fez<br />
com que as colônias inglesas tornassem-se as maiores<br />
produtoras de látex do mundo no início do século<br />
passado. Este caso não foi considerado como roubo,<br />
pois o “naturalista” obteve autorização legal do<br />
governo brasileiro para exportar as sementes.<br />
II Exploração da Espinheira Santa<br />
A Espinheira Santa é nativa da América do<br />
Sul, e no Brasil, pode ser encontrada entre os estados<br />
de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A planta<br />
foi matéria de vários estudos científicos, sendo muito<br />
conhecida na medicina popular brasileira por<br />
seu caráter terapêutico. Principalmente no que diz<br />
respeito aos males do aparelho digestivo, tal como a<br />
úlcera, e pode ser utilizada também como remédio<br />
antitumoral.<br />
Os benefícios da Espinheira Santa foram<br />
apontados a partir de uma pesquisa realizada na<br />
Faculdade de Medicina do Paraná, onde o professor<br />
Aluízio França obteve êxito no tratamento da úlcera.<br />
A UNIFESP (Universidade Federal de São<br />
Paulo) buscou deixar mais restrita a pesquisa sobre<br />
a erva, comandada pelo professor Elisaldo Carlini,<br />
desde 1980. Entretanto, no ano de 1977, a partir de<br />
dados publicados pela CEME (Central de<br />
Medicamentos), do Ministério da Saúde, no “Journal<br />
of Ethnopharmacology”, provocou interesse<br />
em uma indústria japonesa, Nippon Mektron, que<br />
patenteou o produto, antecipando-se assim da<br />
Universidade, que só entrou com solicitação de patenteamento<br />
em 1999. (UNIVERSIA, 2003).<br />
III Exploração Cupuaçu<br />
O cupuaçu é uma árvore que está na mesma<br />
família do Cacau, podendo medir até 20 metros de<br />
altura. Na Amazônia, a fruta foi uma fonte primária<br />
de sustento para os povos indígenas e animais. O<br />
Cupuaçu tornou-se conhecido por sua polpa cremosa<br />
e de sabor exótico, usada em todo Brasil para<br />
fazer sucos, geleias, tortas e sorvete. A exploração<br />
do Cupuaçu pode ser considerada a mais popular<br />
sobre a biopirataria. Foi registrada pela empresa japonesa<br />
Asahi Foods, na qual houve o registro da<br />
marca cupuaçu, e também solicitação para patentear<br />
os processos que envolviam a fabricação do chocolate,<br />
a partir do cupuaçu, denominado “cupulate”.<br />
Tal procedimento não considerou que o processo<br />
de fabricação já havia sido solicitado pela<br />
Embrapa, junto ao INPI, em 1996, desconsiderando<br />
totalmente o fato do uso tradicional pelos povos<br />
da Amazônia. (DURAN, 2011).<br />
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