Revista Criticrtes 6 Ed
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Revista</strong> Criticartes | 1º Trimestre de 2017 / Ano II - nº. 06<br />
artigo<br />
PRESERVANDO A CULTURA<br />
Um conjunto de folhas de papel, impressas, encadernadas<br />
ou em brochura, organizadas em páginas,<br />
que servem de instrução, formam um livro e um conjunto<br />
desses livros, possuídos por um particular ou destinados<br />
à leitura pública constituem uma biblioteca. A<br />
literatura é o conjunto dessas obras literárias de um país<br />
ou de uma época, formada por escritos narrativos, históricos,<br />
críticos, de eloquência, de fantasia, de poesia, etc.<br />
A literatura é o meio utilizado para conservar, aumentar<br />
e utilizar a cultura. A cultura é a arte e o modo de cultivar<br />
a instrução, o saber, o estudo ou um trabalho intelectual,<br />
com apuro, perfeição e cuidado.<br />
Preserva a cultura, o escritor Luiz Alfredo<br />
Marques Magalhães, ao contar a vida de Aral Moreira,<br />
em sua biografia, narrando o comportamento, exaltando<br />
os feitos e os importantes personagens que marcaram<br />
a vida e as tradições da região de fronteira com o<br />
Paraguai, mais especificamente da cidade de Ponta<br />
Porã-MS, pós-guerra, enfocando os costumes, assim como<br />
o grande valor histórico na configuração do Estado<br />
de Mato Grosso, posteriormente, Mato Grosso do Sul.<br />
A ECONOMIA DA FRONTEIRA<br />
O país fronteiriço – Paraguai, antes da guerra, estava<br />
gerando condições básicas para a modernização do<br />
país, criando indústrias, abrindo estradas, além de lançar<br />
as bases do ensino superior. A economia da época<br />
foi assim descrita no livro Genocídio Americano: A<br />
Guerra do Paraguai (CHIAVENATO, 1988, p.31):<br />
[...] O Paraguai está numa ebulição de progresso. A produção<br />
aumenta (...) fumo, erva-mate, algodão, arroz, cana-de-açúcar<br />
e mandioca são abundantemente colhidos.<br />
(...) chega-se a colher a surpreendente soma de sete<br />
milhões de quilos de fumo; obtém dois milhões e meio<br />
de quilos de erva-mate e há um significativo rebanho de<br />
sete milhões de cabeças de gado bovino [...].<br />
Já o escritor Romildo Villanueva (2000, p. 150),<br />
no livro O Inferno Existe; Eu Estive Nele, descreve sobre<br />
a agricultura da região de fronteira:<br />
[...] A reforma agrária feita constitui basicamente na<br />
abertura de fronteiras para que, através de colonizadores,<br />
se produzisse a entrada de agricultores estrangeiros<br />
no Paraguai. (...) 350 mil brasileiros ingressaram no<br />
Paraguai, principalmente gaúchos, e mais de 50 mil de<br />
outras nacionalidades. (...) ficaram conhecidos como<br />
‘brasiguaios’ ao longo da faixa fronteiriça. (...) triplicaram<br />
a produção de soja e algodão que representava 60%<br />
da economia paraguaia [...].<br />
No livro Semblanza de La Antigua Punta Porã,<br />
Villanueva (2001, p. 49), nos relata que o desenvolvimento<br />
da região fronteiriça aconteceu no período do<br />
pós-guerra contra a Tríplice Aliança – 1865/1870, em<br />
função da exploração, produção e comercialização em<br />
larga escala da erva-mate. Passado o ciclo de ouro da erva-mate<br />
(1878), a fronteira sofreu uma brusca transformação:<br />
o cultivo do café em grande quantidade.<br />
A ORIGEM<br />
É esse cenário pós-guerra que é encontrado pelas<br />
famílias Trindade e Moreira ao se estabelecerem na<br />
fronteira, vindos do Rio Grande do Sul. Essa fronteira<br />
seca vive na harmonia entre as cidades de Ponta Porã-<br />
MS, no Brasil, e a cidade paraguaia Pedro Juan<br />
Caballero-PY, formada apenas por uma avenida, onde<br />
estão estabelecidos comerciantes em lojas de cosméticos,<br />
eletrônicos, calçados, roupas, tecidos, óculos, relógios,<br />
etc.<br />
Luiz Alfredo Marques Magalhães conta-nos a<br />
origem das famílias Trindade e Moreira, e o início do sucesso<br />
do patriarca – Antonio Ignacio da Trindade – como<br />
empreendedor, pois recebeu terras do governo, optou<br />
por explorar a erva-mate, aconselhado por Thomaz<br />
Laranjeira, um gaúcho que escreveu seu nome na história<br />
por liderar essa exploração na fronteira. Logo após<br />
casar-se, Trindade foi viver em Ponta Porã-MS, cidade<br />
que se desenvolvera rapidamente com o comércio ervateiro.<br />
A economia política que trata da produção, distribuição<br />
e consumo das riquezas da região, ainda não<br />
havia se preocupado com boas rodovias e é assim que<br />
Magalhães (2011, p. 29), descreve:<br />
[...] Embora muitos pensem que Aral Moreira tenha sido<br />
um pontaporanense da gema, ele na verdade nasceu<br />
na Fazenda Boritizal, em Aquidauana (...) 20 de agosto<br />
de 1898, onde fez o curso primário (...) foi enviado para<br />
fazer o ginasial e faculdade de Direito no Rio de Janeiro.<br />
Chegar ao Rio naquele tempo não era uma tarefa fácil<br />
nem rápida. Aral partia de Ponta Porã no lombo de cavalo<br />
por mais de 200 quilômetros para chegar a<br />
Concepción-PY onde tomava um vapor até<br />
Montevideo e um navio de cabotagem até o Rio de<br />
Janeiro [...].<br />
O livro “Um Homem de Seu Tempo”, objeto do<br />
presente estudo, nos traz vários assuntos que faz progredir<br />
nosso conhecimento adquirido, preservando a cultura,<br />
através de registros históricos dos costumes dos<br />
personagens da região fronteiriça entre os anos de 1900<br />
e 1952. Magalhães (2011, p. 13 a 30) relata, desde 1826,<br />
através de textos e fotografias coloridas e em preto e<br />
branco, a saga das famílias pioneiras que deram origem<br />
ao biografado Aral Moreira: Trindade & Moreira. A família<br />
TRINDADE, com sua série de grandes acontecimentos<br />
na viagem épica desde o Estado do Rio Grande do<br />
Sul até chegarem a “terra prometida”: Mato Grosso do<br />
Sul e a família MOREIRA originária de Bouça, em<br />
Portugal, vindo para a América passando por Uruguai,<br />
Corumbá e finalmente Aquidauana-MS.<br />
O PARAGUAI<br />
A presente pesquisa documental foi desenvolvida<br />
e teve como fonte de investigação o livro “Um<br />
Homem de Seu Tempo”, de Luiz Alfredo Marques<br />
Magalhães, seus relatos históricos com um ponto de vista<br />
através de um tratamento sociológico, estudando os<br />
fatos sociais da época na região de fronteira. A fim de<br />
- 44 -<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br