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Revista Criticrtes 6 Ed

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crônica<br />

<strong>Revista</strong> Criticartes | 1º Trimestre de 2017 / Ano II - nº. 06<br />

http://t13.deviantart.net<br />

Polaroide<br />

Danielle Andrade<br />

Itabaiana, SE, Brasil<br />

@: dani-andrade-se@hotmail.com<br />

Que coisa boa é a fotografia! Não me refiro<br />

às fotos de hoje em dia, que são digitais, raramente<br />

impressas. Gosto mesmo é daquelas fotos<br />

impressas em papel, fotos palpáveis.<br />

Aquelas que são reveladas. Acho que realmente<br />

elas revelam algo! Aquelas fotos de quando era<br />

criança, que são guardadas na casa de parentes.<br />

Quando era criança, uma das minhas tias<br />

tinha uma polaroide. Essa máquina era, para<br />

nós, um evento. Apenas ela, minha tia, a tinha.<br />

Pensem na alegria que sentíamos quando ela vinha<br />

nos visitar no interior, trazendo consigo a<br />

polaroide; minha tia não saia sem ela. Tia Vera<br />

adora fotos!<br />

Lembro-me, com saudade e alegria, de<br />

certo dia, devia ter uns cinco, seis anos, minha<br />

tia veio à casa da minha avó que, como toda casa<br />

de avó, vivia repleta de netos, uma neta era fixa,<br />

os outros passageiros, uns demoravam mais, outros<br />

nem tanto. Nesse dia, que me recordo, ela<br />

trouxe consigo sua polaroide; para nós, era uma<br />

grande novidade. A foto saia na hora! Uma foto<br />

pequenininha! Uma belezura para a imaginação<br />

da criançada. Vejam só que moderno!<br />

Como toda família, tiravam fotos das crianças<br />

para recordar e acompanhar o crescimento<br />

delas. Nesse dia, já era meio da tarde, Tia<br />

Vera já estava pronta para ir embora para a capital,<br />

quando sugeriu a foto! Estávamos todos desarrumados;<br />

crianças que tinham brincado o<br />

dia inteiro. Mas não podíamos deixar de tirar a<br />

foto!<br />

Na polaroide!! Minha tia mandou que ficássemos<br />

em frente à casa de minha avó.<br />

Posicionamo-nos em frente à parede da casa, já<br />

íamos a foto, quando minha prima (mais velha<br />

que eu) percebeu meus cabelos desarrumados,<br />

desgrenhados de criança traquina que era! Ela<br />

teve a brilhante ideia de colocar em meu cabelo<br />

uma flor artificial (moda da época; colocou a<br />

bendita flor em minha cabeça, segundo ela, para<br />

arrumar; eu adorei a ideia, minha prima era<br />

uma gênia, e muito querida também. Aquele<br />

momento foi eternizado ali, naquela simples<br />

imagem emitida pela maquinazinha tão legal).<br />

As fotos têm esse poder, o de capturar o<br />

momento e eternizá-lo. Ainda temos essa foto;<br />

cerca de quatro a cinco crianças encostadas a<br />

uma parede com a pintura decadente, um portãozinho<br />

aberto, uma adolescente e uma criancinha<br />

negra com olhar desconfiado e vívido,<br />

com os cabelos para cima, um emaranhado de<br />

cabelo e uma rosa vermelha no meio. Meus primos<br />

e irmãos riem quando veem a foto. E ficou<br />

realmente hilária! É, sem dúvida, das fotos que<br />

mais gosto. E aquele momento é vivo até hoje.<br />

- 50 -<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br

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