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Diversidade Acessibilidade e Direitos

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102 | <strong>Diversidade</strong>, <strong>Acessibilidade</strong> e <strong>Direitos</strong><br />

mulher será vista como mãe e esposa, impedida de envolver-se em assuntos<br />

políticos ou guerras (Joana D’Arc foi uma exceção e terminou na fogueira).<br />

Teodósia de Bizâncio (século IV d.C.) ousou ser diferente; de origem humilde,<br />

chegou a imperatriz do Império Romano do Oriente e reinava, de fato, ao<br />

lado do marido, Justiniano.<br />

Contudo, se houve situações em que a mulher participou de questões<br />

de Estado, nos séculos seguintes, foi como conselheira, embora oculta, para<br />

que a figura do marido ou do amante se sobressaísse à dela. Existe um ditado<br />

popular que esclarece bem essa posição: “Por trás de um grande homem,<br />

existe sempre uma grande mulher”; ou seja, elas estariam ocultas nas<br />

sombras, para que eles brilhassem. No reinado dos “luíses”, na França, esse<br />

ditado manifestou-se verdadeiro, com as amantes reais interferindo também<br />

nas questões de Estado. Algumas foram imortalizadas pela História; outras,<br />

pelo anedotário popular.<br />

A respeito dessas narrativas, Eliade (2002) esclarece que as histórias narradas,<br />

desde tempos imemoriais, podem ser classificadas como “verdadeiras”<br />

ou “falsas”: as primeiras envolveriam o sagrado, revelando a atuação<br />

dos deuses e de heróis que fizeram parte da cosmogonia (ou da escatologia)<br />

de um povo; e as outras se manifestariam nas historietas orais dos povos. No<br />

caso da tradição celta na Europa, sabe-se que Boudicca é uma personagem<br />

real, pois vários historiadores romanos (Plutarco, Dião Cássio, Estrabão,<br />

Diodoro da Sicília, entre outros) a mencionaram em seus registros sobre a<br />

guerra da Bretanha, como uma heroína que se sacrificou por seu povo; já a<br />

rainha Mebd (também considerada uma deusa) e Morgana (a fada, que surge<br />

na saga do Rei Artur) fazem parte da tradição popular celta, embora não no<br />

terreno do sagrado, ainda que nas histórias narradas oralmente há gerações<br />

em solo britânico que mencionem que Morgana teria levado o corpo de Artur,<br />

seu irmão e rei, à ilha de Avalon, reduto do sagrado celta, de onde um dia<br />

ele retornaria para reinar sobre a Bretanha.<br />

Ocorre que essas mesmas narrativas, em ocasiões diferentes, assumem,<br />

por vezes, aspectos diferenciados, de acordo com a interpretação que seu<br />

autor confere a elas, por isso expressam a ótica, a ideologia de quem as narra,<br />

suas crenças, valores e elementos determinantes para a época.<br />

Dessa forma, o autor deixa nas entrelinhas de seu texto, durante o seu<br />

processo de criação, as experiências e os conhecimentos obtidos ao longo

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