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Diversidade Acessibilidade e Direitos

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88 | <strong>Diversidade</strong>, <strong>Acessibilidade</strong> e <strong>Direitos</strong><br />

uma nova vida; a esterilização seca a fonte de vida; o aborto<br />

destrói uma vida; a pornografia arruína o ser humano; a<br />

fecundação artificial significa fazer filho sem o ato do amor.<br />

Tudo isso é contrário à vontade de Deus. Só o casamento<br />

monogâmico entre um homem e uma mulher preserva e<br />

dará continuidade à procriação (ibid., p.122).<br />

Sob a alegação da “defesa da família” está o evidente ataque a todas as<br />

pessoas e grupos que não se encaixam no modelo único que é defendido,<br />

bastante rígido, impositivo e excludente. Em nenhum momento o que ocorre<br />

é a defesa das famílias brasileiras, no plural, que podem ser melhor compreendidas<br />

justamente a partir da marcante multiplicidade de arranjos, vínculos,<br />

expressões e afetos. O que a fala citada ilustra é a evidente tentativa de<br />

imposição de valores de uma determinada crença religiosa e um forte ataque<br />

aos direitos humanos, inclusive no que se refere ao direito de existir.<br />

Considerando, assim, a importância de mobilizações para que os direitos<br />

relacionados ao gênero e à sexualidade não sejam violados a partir<br />

de ataques como os que têm acontecido em casos como as acusações sobre<br />

a suposta ideologia de gênero e contra o material do programa Escola sem<br />

Homofobia, retomaremos, para concluir, a questão: Por que precisamos do<br />

debate sobre gênero nas escolas?<br />

Quadro 1 – Por que precisamos do debate sobre gênero nas escolas?<br />

• Adriana e Bruno são irmãos gêmeos que cresceram presenciando cenas da mãe sendo<br />

agredida pelo pai: gritos, murros, chutes são parte da maior parte das lembranças,<br />

principalmente de finais de semana e feriados, quando o pai costuma beber mais.<br />

• Quando Camila tinha quatro anos, seu padrasto entrou em seu quarto no<br />

meio da noite pela primeira vez e começou a acariciá-la, dizendo que tratavase<br />

de uma brincadeira, de um segredo entre os dois.<br />

• Danilo, aos três anos, dormia com Dido, seu ursinho de pelúcia. Quando o<br />

pai foi visitá-lo em sua cidade e o viu abraçado ao ursinho, atirou o brinquedo<br />

longe, gritando com o filho e sacudindo-o: “Filho meu tem que ser homem!”.<br />

• Eli lembra-se até hoje da alegria que sentiu quando se arrumou para ir para a escola<br />

pela primeira vez. A alegria durou pouco tempo: desde os primeiros dias de<br />

aula, algumas crianças da sala começaram a fazer piadas sobre seu cabelo comprido,<br />

rindo, atirando lacinhos e fivelas, chamando-o de “Eliana” depreciativamente.<br />

Eli chegava da escola e chorava, com medo de precisar voltar no dia seguinte.

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