Diversidade Acessibilidade e Direitos
3bwGZGch0
3bwGZGch0
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
32 | <strong>Diversidade</strong>, <strong>Acessibilidade</strong> e <strong>Direitos</strong><br />
não se trata de alguma pulsão, aquém de toda linguagem,<br />
mas de um conjunto diversificado de práticas semióticas restritas,<br />
inscritas na história, com uma finalidade social, distribuídas<br />
em tipos e em gêneros associados a determinados<br />
suportes e a determinados modos de circulação (ibid., p. 10).<br />
Ao se questionar sobre “o que é pornográfico”, Maingueneau (2010, p. 14)<br />
anota que “a literatura pornográfica é atualmente muito menos controlada do<br />
que os filmes”, já que estes últimos passam por classificações de censura de acordo<br />
com as idades do público (contemporaneamente, no entanto, esse controle é<br />
relativizado, exatamente por conta dos acessos possíveis via internet.); ao passo<br />
que, “por natureza, a literatura pornográfica está destinada à proibição” (ibid.).<br />
Ainda no que diz respeito à literatura, o autor aponta que não há critérios<br />
seguros para definir o que é pornográfico: “a fronteira entre o lícito,<br />
o ilícito e o tolerado sempre foi flutuante” (ibid, p. 14). Como discute o escritor<br />
francês Alain Robbe-Grillet: “a pornografia é o erotismo dos outros”<br />
(ABREU, 1996, p. 16 apud LEITE JUNIOR, 2006, p. 33), podendo-se notar<br />
“a crítica a uma ideia de uma concepção elitista, na qual<br />
‘a minha vida sexual (e do meu grupo)’ é saudável, segura,<br />
bela, repleta de sentimentos e verdadeiramente prazerosa<br />
– erótica; enquanto ‘a dos outros é promíscua, pervertida,<br />
animalesca, vulgar, grotesca e frustrante, portanto, pornográfica”<br />
(LEITE JUNIOR, 2006, p. 33).<br />
Com base no sociólogo Pierre Bourdieu, para quem o processo de dominação<br />
social ocorre não somente por meios econômicos ou políticos, mas<br />
também simbólicos, Leite Junior (idem, p. 34) acrescenta que a definição de<br />
cada rótulo depende de “uma ‘luta simbólica’ pela legitimidade das representações<br />
e práticas sexuais”.<br />
O rótulo pornográfico é dependente dos lugares e do momento em que<br />
determinado discurso circula, conforme mostram o exemplo de obras como<br />
As flores do mal, de Baudelaire, e Madame Bovary, de Flaubert, as quais foram,<br />
à época de sua publicação, julgadas como pornográficas e tratadas como<br />
tais pela censura, enquanto hoje são considerados clássicos da literatura.