Diversidade Acessibilidade e Direitos
3bwGZGch0
3bwGZGch0
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
56 | <strong>Diversidade</strong>, <strong>Acessibilidade</strong> e <strong>Direitos</strong><br />
desde o seu surgimento. Como apontado, o primeiro registro de uma mulher<br />
trabalhando na área esportiva foi de Ana Amélia (na década de 1930), atuando<br />
apenas em textos opinativos. Depois de Ana Amélia, tivemos mais três casos<br />
de destaque: Maria Helena Rangel (que começou sua atividade em 1948), Germana<br />
Garilli (em 1962) e Marilene Dabus (no final dos anos de 1960).<br />
É, portanto, a partir da década de 1970, com o lançamento da Rádio<br />
Mulher, que o esporte começa a ser reconhecido como um espaço também<br />
feminino, e nomes de mulheres começam se destacar na área: Zuleide Ranieri,<br />
Claudete Troiano, Regiani Ritter, Luciana Mariano, Isabela Scalabrini,<br />
Silvia Vinhas, e as contemporâneas: Renata Fan, Fernanda Gentil, Claudia<br />
Reis, Bárbara Coelho, Marina Ferrari, por exemplo.<br />
No entanto, apesar do avanço, podemos também verificar que nessa área<br />
ainda há predominância de profissionais do sexo masculino, e que à minoria<br />
feminina ainda cabe atividades operacionais e táticas – e não estratégicas.<br />
Reproduz-se assim a lógica da teoria de Bourdieu (2003) a respeito das conquistas<br />
femininas no mercado de trabalho: de que estas não ocorreram em<br />
sua totalidade, pois a estrutura das distâncias ainda é mantida ao destinar<br />
aos homens as funções de narrador e comentarista, e às mulheres a função<br />
de apresentadora.<br />
Esse cenário atesta como o mundo do esporte, especialmente o do futebol,<br />
ainda é dominado por uma mentalidade de valorização das masculinidades.<br />
Isso explica, em parte, por que a mulher demorou a se inserir no jornalismo<br />
desportivo e por que assumiu apenas algumas atividades nessa área.<br />
Como consequência, o discurso da imprensa esportiva brasileira, em pleno<br />
século XXI, ainda reproduz práticas que buscam estigmatizar tanto o ethos<br />
das masculinidades como o das feminilidades. Em programas de televisão,<br />
imperam formatos em que a mulher comparece quase que invariavelmente<br />
na função de apresentadora, num paradigma proposital de valorização da<br />
beleza e da sensualidade, e a ela é quase vedado o espaço do comentário e da<br />
opinião. Na mesma medida, mulheres não operam a função de narrador em<br />
transmissões esportivas, e sua presença no rádio esportivo dá-se pela total<br />
ausência de vozes femininas é a não ser no trabalho de reportagem de campo.<br />
Assim, o papel desempenhado pela maioria das jornalistas esportivas<br />
segue o conceito da aparente mudança (presença feminina em um campo de<br />
prevalência masculina: o jornalismo e o esporte), mas mantém a lógica tra-