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Diversidade Acessibilidade e Direitos

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O pioneirismo da participação feminina no jornalismo esportivo brasileiro: |<br />

foi (e ainda é) preciso suar a camisa<br />

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artigo: “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis<br />

com as condições da sua natureza”. Tal artigo foi reforçado em 1965, quando<br />

o Conselho Nacional do Desporto divulgou a Deliberação n° 07, apontando<br />

que “não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol<br />

de praia, polo, halterofilismo e beisebol”. A revogação ocorreu apenas em<br />

1980. A proibição durou, portanto, 40 anos. Assim, nessas quatro décadas,<br />

coube à mulher apenas o papel de espectadora, não podendo se envolver diretamente<br />

com o futebol e outros esportes considerados masculinos.<br />

No entanto, apesar da proibição legal da prática do esporte, algumas mulheres<br />

(como já apontamos neste capítulo) interessadas pela temática ingressaram<br />

no campo relativo ao jornalismo esportivo, a fim de cobrir jogos para o<br />

meio impresso, o rádio e a televisão. Além de lidarem com aspectos legais que<br />

desestimulavam o seu envolvimento nesse cenário e, portanto, afastavam-nas<br />

de certos esportes como o futebol, essas mulheres ainda tiveram de enfrentar<br />

outras dificuldades para exercerem sua profissão, como a cultura de entrevistas<br />

realizadas em vestiários e a dificuldade de acesso ao vestiário masculino.<br />

Até o final dos anos de 1990, era comum jornalistas entrevistarem atletas<br />

ao final do jogo no vestiário, e isso causava certo desconforto para jornalistas<br />

mulheres que precisavam entrevistar atletas masculinos. Regiani Ritter<br />

acredita ser a primeira mulher a entrar num vestiário masculino e conta<br />

que sua estreia foi uma tentativa de escapar de objetos lançados no gramado<br />

por torcedores enquanto ela entrevistava o técnico Cilinho, que a levou para<br />

o vestiário a fim de se proteger (MARTINS, 2013a).<br />

Ao entrar no vestiário, Regiani Ritter observou que<br />

(...) não tinha um que não estivesse pelado. Quando me viram,<br />

colocaram a mão na frente. Quando decidiram que não<br />

poderiam ficar a tarde inteira ali me olhando, viraram para<br />

sair correndo e demoravam uns dois segundos para lembrar<br />

de tampar a parte de trás (...). E naquele dia, Casagrande não<br />

fugiu como os outros. Ele ficou e acho que foi até para mostrar<br />

que aquilo era natural, mesmo não sendo (MARTINS, 2013a).<br />

Como apontado acima, citando a primeira vez que entrou em um vestiário<br />

masculino para realizar entrevistas, Regiani Ritter lembra que sua pre-

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