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Diversidade Acessibilidade e Direitos

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Às sombras do discurso: a imagem de si da acompanhante sexual |<br />

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escolher usar um short por sentir calor); avaliar a legitimidade desse modo<br />

de subjetivar-se é juízo de valor. No caso da garota de programa, se ela destrói<br />

lares, é uma análise que aqui não nos cabe. O que tentamos demonstrar<br />

é a perpetuação de um discurso que separa o sensual do familiar.<br />

Rubin (2003, p. 10) reivindica uma “teoria radical do sexo”, conceitualmente<br />

refinada, que descreva, explique e denuncie “a injustiça erótica e a<br />

opressão sexual”. Em seu trabalho, a autora observou, também com base em<br />

Weeks (1981), que as “sociedades ocidentais geralmente consideram o sexo<br />

como perigoso, destrutivo, uma forma negativa” (ibid., p. 13). A dicotomia<br />

entre o sexo pecaminoso e o sexo redimido, por meio do casamento e com<br />

fim de procriação, contribui para perpetuar um discurso que reforça a visão<br />

negativa do sexo, opondo prostituta à “mulher direita”. Nota a autora que as<br />

hierarquias de valor sexual funcionam à maneira de outros sistemas ideológicos,<br />

como o do racismo (ibid.), concluindo que “a sexualidade é política”<br />

(ibid., p. 44). Observa Rubin que tal visão já adquiriu “vida própria” e hoje<br />

independe da religião para ser perpetuada.<br />

Acreditamos que a investigação discursiva forneça subsídios ao necessário<br />

refinamento conceitual em torno da sexualidade, denunciando posicionamentos<br />

preconcebidos como aqueles que associam o prazer à “mulher liberada”,<br />

excluindo-o, por oposição, da dita “mulher direita”. Um discurso intrínseco à<br />

nossa sociedade que opõe pureza e prazer e, embora seja atualmente questionado,<br />

reside e resiste nos interstícios simbólicos de nossa cultura.<br />

Referências<br />

BRASIL, Danielle Marinho. A prostituição feminina e associação de prostitutas<br />

da Paraíba: movimento social, luta política e reivindicação de direitos.<br />

2012. 111 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídicas) – Centro de<br />

Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2012.<br />

BRASIL. Ministério da Justiça. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de<br />

1940. Código Penal. Disponível em: . Acesso em: fev. 2016.<br />

FONSECA, Claudia. A dupla carreira da mulher prostituta. Revista Estudos<br />

Feministas, Santa Catarina, vol. 4, n. 1, 1996.

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