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Às sombras do discurso: a imagem de si da acompanhante sexual |<br />

31<br />

Estudar o ethos da garota de programa, por meio de um anúncio de<br />

acompanhante sexual, é uma forma de “compreender a lógica do agenciamento<br />

da corporalidade dessas garotas na prostituição”, conforme propõe<br />

Pasini (2000, p. 183), que entende a corporalidade como “um espaço social,<br />

do qual fazem parte elementos socioculturais, que comunicam significados<br />

e simbologias do grupo” (ibid.).<br />

A análise do discurso e o discurso pornográfico<br />

A proposta é discutir tal tema à luz dos pressupostos teórico-metodológicos<br />

da Análise do Discurso francesa, tendo em vista a aproximação com<br />

os discursos que estão à margem e o que eles dizem a respeito da sociedade<br />

contemporânea.<br />

Como argumenta Paveau (2015), enquanto alguns pesquisadores se<br />

perguntam sobre a possibilidade de legitimação desses “objetos sensíveis”,<br />

Maingueneau pode ser reconhecido como pioneiro no enfrentamento<br />

dos discursos à margem, assumindo-os “com sua parte de sombra”.<br />

Essa postura, entre outros aspectos, envolve a atenção à voz de<br />

quem está à margem, não somente daquele que fala sobre o marginal,<br />

compreendido como um outro.<br />

A necessidade contemporânea de estudar o discurso que está à sombra,<br />

conforme desafia a AD, é uma forma de contemplar a proposta de Rubin<br />

(2003, p. 1), para quem “a sexualidade deveria ser tratada com especial atenção<br />

em tempos de estresse social”. Ao contrário de ser um tema sem importância<br />

em momentos de preocupação com guerras, doenças, intolerância<br />

e outros problemas da humanidade, devem ser consideradas, conforme<br />

aponta a autora, as relações entre “conflitos contemporâneos sobre valores<br />

sexuais e condutas eróticas” e “disputas religiosas de séculos anteriores”,<br />

que denunciam o imenso peso simbólico em torno da sexualidade.<br />

Em O discurso pornográfico, Maingueneau discute as nuances entre o<br />

pornográfico e o erótico. Já no prefácio, o autor aponta que o pornográfico<br />

sempre teve sentido pejorativo, ao contrário do sensual, erótico. Trata-se de<br />

“um regime discursivo específico, cujas regras necessitam ser entendidas”<br />

(MAINGUENEAU, 2010, p. 10). Esclarece o autor:

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