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Às sombras do discurso: a imagem de si da acompanhante sexual |<br />
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Estudar o ethos da garota de programa, por meio de um anúncio de<br />
acompanhante sexual, é uma forma de “compreender a lógica do agenciamento<br />
da corporalidade dessas garotas na prostituição”, conforme propõe<br />
Pasini (2000, p. 183), que entende a corporalidade como “um espaço social,<br />
do qual fazem parte elementos socioculturais, que comunicam significados<br />
e simbologias do grupo” (ibid.).<br />
A análise do discurso e o discurso pornográfico<br />
A proposta é discutir tal tema à luz dos pressupostos teórico-metodológicos<br />
da Análise do Discurso francesa, tendo em vista a aproximação com<br />
os discursos que estão à margem e o que eles dizem a respeito da sociedade<br />
contemporânea.<br />
Como argumenta Paveau (2015), enquanto alguns pesquisadores se<br />
perguntam sobre a possibilidade de legitimação desses “objetos sensíveis”,<br />
Maingueneau pode ser reconhecido como pioneiro no enfrentamento<br />
dos discursos à margem, assumindo-os “com sua parte de sombra”.<br />
Essa postura, entre outros aspectos, envolve a atenção à voz de<br />
quem está à margem, não somente daquele que fala sobre o marginal,<br />
compreendido como um outro.<br />
A necessidade contemporânea de estudar o discurso que está à sombra,<br />
conforme desafia a AD, é uma forma de contemplar a proposta de Rubin<br />
(2003, p. 1), para quem “a sexualidade deveria ser tratada com especial atenção<br />
em tempos de estresse social”. Ao contrário de ser um tema sem importância<br />
em momentos de preocupação com guerras, doenças, intolerância<br />
e outros problemas da humanidade, devem ser consideradas, conforme<br />
aponta a autora, as relações entre “conflitos contemporâneos sobre valores<br />
sexuais e condutas eróticas” e “disputas religiosas de séculos anteriores”,<br />
que denunciam o imenso peso simbólico em torno da sexualidade.<br />
Em O discurso pornográfico, Maingueneau discute as nuances entre o<br />
pornográfico e o erótico. Já no prefácio, o autor aponta que o pornográfico<br />
sempre teve sentido pejorativo, ao contrário do sensual, erótico. Trata-se de<br />
“um regime discursivo específico, cujas regras necessitam ser entendidas”<br />
(MAINGUENEAU, 2010, p. 10). Esclarece o autor: