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Beyond the line<br />
Medalha olímpica<br />
perdida pelo Brasil<br />
O turismo tem sido relegado a um segundo<br />
plano e servido para contrapartidas políticas<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Pouco a pouco vão se <strong>de</strong>svanecendo as<br />
imagens emocionantes das Olimpíadas<br />
no Brasil. Por alguns dias, o país mostrou<br />
ao mundo sua melhor cara. Mais <strong>de</strong> cinco<br />
bilhões <strong>de</strong> espectadores <strong>de</strong> todos os continentes<br />
acompanharam a linda cerimônia <strong>de</strong><br />
abertura, mostrando um país criativo, alegre,<br />
diversificado e hospitaleiro.<br />
Outras belas e tocantes imagens se suce<strong>de</strong>ram<br />
ao longo dos jogos, sempre positivas.<br />
Para um país atordoado pelo festival <strong>de</strong> más<br />
notícias que ocorriam antes do evento, foi<br />
um alento.<br />
Por um tempo, o país da corrupção, da<br />
<strong>de</strong>rrocada econômica, da insegurança e da<br />
instabilida<strong>de</strong> política <strong>de</strong>u lugar ao Brasil do<br />
imaginário positivo. Não houve um veículo<br />
sequer – nacional ou internacional – que não<br />
enaltecesse a beleza, a alegria e a harmonia<br />
reinante durante o evento. De todo o legado<br />
dos jogos, o da imagem positiva do nosso país<br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o mais importante.<br />
Ele fez um paralelo do turismo com a agricultura<br />
brasileira.<br />
O Brasil tinha um gran<strong>de</strong> potencial para se<br />
tornar um dos maiores players do agribusiness:<br />
terra fértil e farta, além <strong>de</strong> bom clima.<br />
Com uma política governamental a<strong>de</strong>quada,<br />
em poucas décadas o Brasil se tornou um dos<br />
maiores produtores <strong>de</strong> produtos agrícolas.<br />
Foi só dar boas condições à iniciativa privada<br />
e a coisa aconteceu.<br />
Com o turismo, temos a mesma situação:<br />
o potencial é enorme e ainda subexplorado.<br />
Temos quase 7.500 km <strong>de</strong> litoral, com praias<br />
belíssimas; clima agradável e convidativo;<br />
um povo alegre e hospitaleiro; florestas; pantanais;<br />
serras; gastronomia rica e variada...<br />
Bastaria, portanto, priorizar uma política<br />
a<strong>de</strong>quada, estabelecer um planejamento<br />
competente, garantir os recursos e <strong>de</strong>ixar a<br />
iniciativa privada trabalhar. O resultado viria.<br />
O tal ministro durou poucos meses na<br />
ca<strong>de</strong>ira e levou junto o seu discurso sem consistência.<br />
Quanto custaria uma campanha com alcance<br />
<strong>de</strong> cinco bilhões <strong>de</strong> pessoas para “ven<strong>de</strong>r”<br />
o melhor do Brasil? Incalculável! Quem<br />
atua no marketing ou na propaganda sabe da<br />
importância <strong>de</strong> se apropriar e catalisar um<br />
bom momento, transformando-o em momentum.<br />
Devíamos estar preparados para <strong>de</strong>flagrar<br />
uma ação contun<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> promoção do país,<br />
convidando a todos a conhecerem <strong>de</strong> perto<br />
esse país tão lindo e hospitaleiro, certo?<br />
E o que vemos, com tristeza e <strong>de</strong>sesperança,<br />
é a “acomodação” <strong>de</strong> mais um ministro<br />
<strong>de</strong> Turismo no Brasil. Não sabemos da experiência<br />
do novo ocupante do Ministério<br />
em turismo, mas está muito claro que foi um<br />
atendimento político do presi<strong>de</strong>nte a um partido<br />
aliado.<br />
Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o governo Dilma, o turismo<br />
tem sido relegado a um segundo plano<br />
e servido simplesmente para contrapartidas<br />
políticas.<br />
É lamentável ver o turismo ser encarado<br />
com esse <strong>de</strong>sdém. Tempos atrás, assisti a<br />
uma apresentação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses ministros<br />
efêmeros com uma abordagem animadora.<br />
Sabemos que há muito por fazer pelo nosso<br />
vilipendiado Brasil. Alguns dirão que essa<br />
preocupação com o turismo é <strong>de</strong>scabida num<br />
país que já supera a marca <strong>de</strong> 12 milhões <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sempregados.<br />
O turismo seria um tema secundário, perante<br />
tantas outras priorida<strong>de</strong>s. Sim, mas vale<br />
lembrar que a melhor política <strong>de</strong> emprego é<br />
a <strong>de</strong> fortalecimento <strong>de</strong> setores da economia.<br />
E o turismo, sabidamente, é altamente<br />
empregador, com potencial para gerar 8 milhões<br />
<strong>de</strong> empregos. Diversos países <strong>de</strong>ram<br />
priorida<strong>de</strong> ao turismo e viram o setor crescer<br />
em importância no seu PIB.<br />
A título <strong>de</strong> comparação, a participação do<br />
turismo no PIB da Espanha beira 15%, a média<br />
mundial é próxima <strong>de</strong> 10% e no nosso<br />
Brasil não chega a 4,5%. Depois <strong>de</strong> mostrar<br />
ao mundo nossa beleza e alegria – e, por<br />
que não dizer, competência – organizando<br />
as Olimpíadas, o Brasil se encolhe e não potencializa<br />
o momento para dinamizar seu<br />
turismo. O Brasil subiu ao pódio diversas<br />
vezes nas Olimpíadas, mas <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> colocar<br />
no peito uma medalha <strong>de</strong> suma importância<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />
do país.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />
da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />
<strong>de</strong> Propaganda)<br />
alexis@fenapro.org.br<br />
32 <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark