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edição de 17 de outubro de 2016

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Beyond the line<br />

Medalha olímpica<br />

perdida pelo Brasil<br />

O turismo tem sido relegado a um segundo<br />

plano e servido para contrapartidas políticas<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Pouco a pouco vão se <strong>de</strong>svanecendo as<br />

imagens emocionantes das Olimpíadas<br />

no Brasil. Por alguns dias, o país mostrou<br />

ao mundo sua melhor cara. Mais <strong>de</strong> cinco<br />

bilhões <strong>de</strong> espectadores <strong>de</strong> todos os continentes<br />

acompanharam a linda cerimônia <strong>de</strong><br />

abertura, mostrando um país criativo, alegre,<br />

diversificado e hospitaleiro.<br />

Outras belas e tocantes imagens se suce<strong>de</strong>ram<br />

ao longo dos jogos, sempre positivas.<br />

Para um país atordoado pelo festival <strong>de</strong> más<br />

notícias que ocorriam antes do evento, foi<br />

um alento.<br />

Por um tempo, o país da corrupção, da<br />

<strong>de</strong>rrocada econômica, da insegurança e da<br />

instabilida<strong>de</strong> política <strong>de</strong>u lugar ao Brasil do<br />

imaginário positivo. Não houve um veículo<br />

sequer – nacional ou internacional – que não<br />

enaltecesse a beleza, a alegria e a harmonia<br />

reinante durante o evento. De todo o legado<br />

dos jogos, o da imagem positiva do nosso país<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o mais importante.<br />

Ele fez um paralelo do turismo com a agricultura<br />

brasileira.<br />

O Brasil tinha um gran<strong>de</strong> potencial para se<br />

tornar um dos maiores players do agribusiness:<br />

terra fértil e farta, além <strong>de</strong> bom clima.<br />

Com uma política governamental a<strong>de</strong>quada,<br />

em poucas décadas o Brasil se tornou um dos<br />

maiores produtores <strong>de</strong> produtos agrícolas.<br />

Foi só dar boas condições à iniciativa privada<br />

e a coisa aconteceu.<br />

Com o turismo, temos a mesma situação:<br />

o potencial é enorme e ainda subexplorado.<br />

Temos quase 7.500 km <strong>de</strong> litoral, com praias<br />

belíssimas; clima agradável e convidativo;<br />

um povo alegre e hospitaleiro; florestas; pantanais;<br />

serras; gastronomia rica e variada...<br />

Bastaria, portanto, priorizar uma política<br />

a<strong>de</strong>quada, estabelecer um planejamento<br />

competente, garantir os recursos e <strong>de</strong>ixar a<br />

iniciativa privada trabalhar. O resultado viria.<br />

O tal ministro durou poucos meses na<br />

ca<strong>de</strong>ira e levou junto o seu discurso sem consistência.<br />

Quanto custaria uma campanha com alcance<br />

<strong>de</strong> cinco bilhões <strong>de</strong> pessoas para “ven<strong>de</strong>r”<br />

o melhor do Brasil? Incalculável! Quem<br />

atua no marketing ou na propaganda sabe da<br />

importância <strong>de</strong> se apropriar e catalisar um<br />

bom momento, transformando-o em momentum.<br />

Devíamos estar preparados para <strong>de</strong>flagrar<br />

uma ação contun<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> promoção do país,<br />

convidando a todos a conhecerem <strong>de</strong> perto<br />

esse país tão lindo e hospitaleiro, certo?<br />

E o que vemos, com tristeza e <strong>de</strong>sesperança,<br />

é a “acomodação” <strong>de</strong> mais um ministro<br />

<strong>de</strong> Turismo no Brasil. Não sabemos da experiência<br />

do novo ocupante do Ministério<br />

em turismo, mas está muito claro que foi um<br />

atendimento político do presi<strong>de</strong>nte a um partido<br />

aliado.<br />

Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o governo Dilma, o turismo<br />

tem sido relegado a um segundo plano<br />

e servido simplesmente para contrapartidas<br />

políticas.<br />

É lamentável ver o turismo ser encarado<br />

com esse <strong>de</strong>sdém. Tempos atrás, assisti a<br />

uma apresentação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses ministros<br />

efêmeros com uma abordagem animadora.<br />

Sabemos que há muito por fazer pelo nosso<br />

vilipendiado Brasil. Alguns dirão que essa<br />

preocupação com o turismo é <strong>de</strong>scabida num<br />

país que já supera a marca <strong>de</strong> 12 milhões <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempregados.<br />

O turismo seria um tema secundário, perante<br />

tantas outras priorida<strong>de</strong>s. Sim, mas vale<br />

lembrar que a melhor política <strong>de</strong> emprego é<br />

a <strong>de</strong> fortalecimento <strong>de</strong> setores da economia.<br />

E o turismo, sabidamente, é altamente<br />

empregador, com potencial para gerar 8 milhões<br />

<strong>de</strong> empregos. Diversos países <strong>de</strong>ram<br />

priorida<strong>de</strong> ao turismo e viram o setor crescer<br />

em importância no seu PIB.<br />

A título <strong>de</strong> comparação, a participação do<br />

turismo no PIB da Espanha beira 15%, a média<br />

mundial é próxima <strong>de</strong> 10% e no nosso<br />

Brasil não chega a 4,5%. Depois <strong>de</strong> mostrar<br />

ao mundo nossa beleza e alegria – e, por<br />

que não dizer, competência – organizando<br />

as Olimpíadas, o Brasil se encolhe e não potencializa<br />

o momento para dinamizar seu<br />

turismo. O Brasil subiu ao pódio diversas<br />

vezes nas Olimpíadas, mas <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> colocar<br />

no peito uma medalha <strong>de</strong> suma importância<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />

do país.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

32 <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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