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edição de 21 de novembro de 2016

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mkt<br />

Matteus <strong>de</strong> Faria Vilas Boas<br />

Plantando nos jovens<br />

para colher nos velhos<br />

“A velhice não é tão ruim assim<br />

quando você consi<strong>de</strong>ra a alternativa”<br />

Maurice Chevalier<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Quase todos os negócios do mundo neste<br />

momento correm atrás dos jovens para<br />

tê-los, por muitos anos, e <strong>de</strong> forma especial,<br />

quando envelhecerem. Por enquanto,<br />

sobrevivem dos velhos <strong>de</strong> hoje que, felizmente,<br />

vivem mais. Mas, se não conseguirem<br />

conquistar os jovens, a morte é certa<br />

ou, se preferirem, a vida é breve.<br />

dados são suficientes para se dar conta do<br />

tamanho do <strong>de</strong>safio e por que a cada dia<br />

que passa cresce o sentimento que carro é<br />

coisa <strong>de</strong> velho. No “shopping list” dos jovens,<br />

automóvel caiu da li<strong>de</strong>rança total e<br />

absoluta <strong>de</strong> décadas para a oitava posição.<br />

E nas últimas estatísticas do Detran <strong>de</strong> São<br />

Paulo, os “jovens” que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m tirar carta,<br />

o fazem aos 26,1 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Décadas<br />

atrás, 18 anos e um segundo!<br />

O compromisso é com a essência. Com os<br />

serviços que prestam. A forma <strong>de</strong> prestar é<br />

irrelevante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se consiga encontrá-<br />

-la. Mas não é fácil. E nem sempre as novas<br />

possibilida<strong>de</strong>s se sustentam economicamente.<br />

De qualquer maneira, não existem<br />

segundas ou terceiras alternativas. A única<br />

é essa e a mesma para todos. Reinventarem-se<br />

sem per<strong>de</strong>r a essência, prolongarem<br />

ao máximo a relação com os atuais clientes<br />

e, <strong>de</strong> alguma forma, conseguirem <strong>de</strong>spertar<br />

atenção, interesse, entusiasmo e a<strong>de</strong>são<br />

dos jovens.<br />

Dia <strong>de</strong>sses, Paula Cesarino Costa, a Ombudsman<br />

da Folha, com sua habitual coragem<br />

e compromisso com a função, comentou<br />

sobre o dilema dos jornais. No Brasil e<br />

no mundo. Falava sobre as mudanças radicais<br />

no New York Times, El Pais, The Wall<br />

Street Journal e quase todas as gran<strong>de</strong>s<br />

publicações na virada do milênio. Todas,<br />

menos as que já jogaram a toalha, estão se<br />

reinventando. Tentando, ao máximo, enten<strong>de</strong>r<br />

e conversar com os jovens, no e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do papel. Segundo Paula,<br />

nos últimos meses “cresceu a pressão<br />

por aumento mais rápido da receita digital,<br />

dominada por po<strong>de</strong>rosas organizações como<br />

Google e Facebook”.<br />

Em <strong>de</strong>z anos, os jornais que sobreviverem<br />

no velho e bom papel terão tiragens<br />

pequenas, colaboradores e jornalistas megaqualificados,<br />

leitores <strong>de</strong> 50 e mais anos<br />

com raríssimas exceções, custarão mais<br />

caro, a receita <strong>de</strong> circulação será mais importante<br />

que a publicitária, e a publicitária<br />

praticamente restrita a mensagens institucionais.<br />

Mas ainda serão os principias formadores<br />

<strong>de</strong> opinião.<br />

Sobre os automóveis, então, apenas dois<br />

Semanas atrás, The Economist falava sobre<br />

o <strong>de</strong>sespero dos cassinos. Literalmente<br />

ignorados pelos jovens. E ainda vendo seus<br />

velhos “mais jovens e tecnológicos” fazendo<br />

os jogos pela internet. No início, Las<br />

Vegas era um nada. Quando virou alguma<br />

coisa, era a capital do jogo e da prostituição<br />

nos Estados Unidos. Um dia, as mulheres<br />

dos jogadores <strong>de</strong>cidiram acompanhar<br />

seus maridos e ver o que acontecia por lá<br />

e os hotéis cassinos, um atrás do outro, foram<br />

implodidos e reconstruídos para po<strong>de</strong>r<br />

acomodar o casal e, mais adiante, os filhos.<br />

Jamais em toda a história do turismo<br />

mundial, qualquer outro lugar conseguiu<br />

alcançar receitas e índices <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong><br />

Las Vegas. Ocupação nunca inferior a 90%.<br />

Hoje fileiras e fileiras <strong>de</strong> caça níqueis “pedintes”<br />

permanecem à espera <strong>de</strong> alguma<br />

senhora caridosa que resolva <strong>de</strong>positar<br />

uma moedinha... Em todas as organizações<br />

proprietárias <strong>de</strong> cassinos <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> avisos<br />

nas pare<strong>de</strong>s: “ou conquistamos os jovens<br />

ou morremos”. I<strong>de</strong>ias re<strong>de</strong>ntoras nessa direção<br />

serão remuneradas regiamente. Os<br />

números são alarmantes e reveladores. Las<br />

Vegas per<strong>de</strong>u 20% <strong>de</strong> sua receita nos últimos<br />

<strong>de</strong>z anos; Atlantic City, 50%. E gradativa<br />

e silenciosamente, a ida<strong>de</strong> média dos<br />

frequentadores vai se elevando...<br />

Os jovens <strong>de</strong> hoje são os velhos <strong>de</strong> amanhã.<br />

Sem os velhos <strong>de</strong> amanhã, os jovens<br />

<strong>de</strong> hoje, quando os velhos <strong>de</strong> hoje já tiverem<br />

partido, nada mais farão que muito <strong>de</strong><br />

vez em quando recorrer a Wikipedia, Google<br />

e, excepcionalmente, a museus para<br />

matar a sauda<strong>de</strong>. E <strong>de</strong>ntre os expectantes<br />

ansiosos para serem lembrados e acessados,<br />

e no formato atual, cassinos, carros e<br />

jornais. A menos que se reinventem a tempo.<br />

Quase uma impossibilida<strong>de</strong> absoluta!<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

56 <strong>21</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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