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Matteus <strong>de</strong> Faria Vilas Boas<br />
Plantando nos jovens<br />
para colher nos velhos<br />
“A velhice não é tão ruim assim<br />
quando você consi<strong>de</strong>ra a alternativa”<br />
Maurice Chevalier<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
Quase todos os negócios do mundo neste<br />
momento correm atrás dos jovens para<br />
tê-los, por muitos anos, e <strong>de</strong> forma especial,<br />
quando envelhecerem. Por enquanto,<br />
sobrevivem dos velhos <strong>de</strong> hoje que, felizmente,<br />
vivem mais. Mas, se não conseguirem<br />
conquistar os jovens, a morte é certa<br />
ou, se preferirem, a vida é breve.<br />
dados são suficientes para se dar conta do<br />
tamanho do <strong>de</strong>safio e por que a cada dia<br />
que passa cresce o sentimento que carro é<br />
coisa <strong>de</strong> velho. No “shopping list” dos jovens,<br />
automóvel caiu da li<strong>de</strong>rança total e<br />
absoluta <strong>de</strong> décadas para a oitava posição.<br />
E nas últimas estatísticas do Detran <strong>de</strong> São<br />
Paulo, os “jovens” que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m tirar carta,<br />
o fazem aos 26,1 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Décadas<br />
atrás, 18 anos e um segundo!<br />
O compromisso é com a essência. Com os<br />
serviços que prestam. A forma <strong>de</strong> prestar é<br />
irrelevante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se consiga encontrá-<br />
-la. Mas não é fácil. E nem sempre as novas<br />
possibilida<strong>de</strong>s se sustentam economicamente.<br />
De qualquer maneira, não existem<br />
segundas ou terceiras alternativas. A única<br />
é essa e a mesma para todos. Reinventarem-se<br />
sem per<strong>de</strong>r a essência, prolongarem<br />
ao máximo a relação com os atuais clientes<br />
e, <strong>de</strong> alguma forma, conseguirem <strong>de</strong>spertar<br />
atenção, interesse, entusiasmo e a<strong>de</strong>são<br />
dos jovens.<br />
Dia <strong>de</strong>sses, Paula Cesarino Costa, a Ombudsman<br />
da Folha, com sua habitual coragem<br />
e compromisso com a função, comentou<br />
sobre o dilema dos jornais. No Brasil e<br />
no mundo. Falava sobre as mudanças radicais<br />
no New York Times, El Pais, The Wall<br />
Street Journal e quase todas as gran<strong>de</strong>s<br />
publicações na virada do milênio. Todas,<br />
menos as que já jogaram a toalha, estão se<br />
reinventando. Tentando, ao máximo, enten<strong>de</strong>r<br />
e conversar com os jovens, no e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
do papel. Segundo Paula,<br />
nos últimos meses “cresceu a pressão<br />
por aumento mais rápido da receita digital,<br />
dominada por po<strong>de</strong>rosas organizações como<br />
Google e Facebook”.<br />
Em <strong>de</strong>z anos, os jornais que sobreviverem<br />
no velho e bom papel terão tiragens<br />
pequenas, colaboradores e jornalistas megaqualificados,<br />
leitores <strong>de</strong> 50 e mais anos<br />
com raríssimas exceções, custarão mais<br />
caro, a receita <strong>de</strong> circulação será mais importante<br />
que a publicitária, e a publicitária<br />
praticamente restrita a mensagens institucionais.<br />
Mas ainda serão os principias formadores<br />
<strong>de</strong> opinião.<br />
Sobre os automóveis, então, apenas dois<br />
Semanas atrás, The Economist falava sobre<br />
o <strong>de</strong>sespero dos cassinos. Literalmente<br />
ignorados pelos jovens. E ainda vendo seus<br />
velhos “mais jovens e tecnológicos” fazendo<br />
os jogos pela internet. No início, Las<br />
Vegas era um nada. Quando virou alguma<br />
coisa, era a capital do jogo e da prostituição<br />
nos Estados Unidos. Um dia, as mulheres<br />
dos jogadores <strong>de</strong>cidiram acompanhar<br />
seus maridos e ver o que acontecia por lá<br />
e os hotéis cassinos, um atrás do outro, foram<br />
implodidos e reconstruídos para po<strong>de</strong>r<br />
acomodar o casal e, mais adiante, os filhos.<br />
Jamais em toda a história do turismo<br />
mundial, qualquer outro lugar conseguiu<br />
alcançar receitas e índices <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong><br />
Las Vegas. Ocupação nunca inferior a 90%.<br />
Hoje fileiras e fileiras <strong>de</strong> caça níqueis “pedintes”<br />
permanecem à espera <strong>de</strong> alguma<br />
senhora caridosa que resolva <strong>de</strong>positar<br />
uma moedinha... Em todas as organizações<br />
proprietárias <strong>de</strong> cassinos <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> avisos<br />
nas pare<strong>de</strong>s: “ou conquistamos os jovens<br />
ou morremos”. I<strong>de</strong>ias re<strong>de</strong>ntoras nessa direção<br />
serão remuneradas regiamente. Os<br />
números são alarmantes e reveladores. Las<br />
Vegas per<strong>de</strong>u 20% <strong>de</strong> sua receita nos últimos<br />
<strong>de</strong>z anos; Atlantic City, 50%. E gradativa<br />
e silenciosamente, a ida<strong>de</strong> média dos<br />
frequentadores vai se elevando...<br />
Os jovens <strong>de</strong> hoje são os velhos <strong>de</strong> amanhã.<br />
Sem os velhos <strong>de</strong> amanhã, os jovens<br />
<strong>de</strong> hoje, quando os velhos <strong>de</strong> hoje já tiverem<br />
partido, nada mais farão que muito <strong>de</strong><br />
vez em quando recorrer a Wikipedia, Google<br />
e, excepcionalmente, a museus para<br />
matar a sauda<strong>de</strong>. E <strong>de</strong>ntre os expectantes<br />
ansiosos para serem lembrados e acessados,<br />
e no formato atual, cassinos, carros e<br />
jornais. A menos que se reinventem a tempo.<br />
Quase uma impossibilida<strong>de</strong> absoluta!<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
56 <strong>21</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark