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edição de 6 de novembro de 2017

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editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

Superação<br />

Todos os indicadores apontam para a melhora da economia,<br />

confirmando a tese dos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram a manutenção <strong>de</strong><br />

Michel Temer na Presidência da República. Após sua saída, ele<br />

respon<strong>de</strong>rá pelas acusações contidas contra si nas <strong>de</strong>núncias<br />

apresentadas ao STF pelo então procurador-geral da República,<br />

Rodrigo Janot.<br />

A Câmara dos Deputados, em troca ou não <strong>de</strong> benesses, impediu<br />

o processamento <strong>de</strong> Temer pela Egrégia Corte e o Brasil <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> correr o risco <strong>de</strong> prolongar uma crise política que po<strong>de</strong>ria<br />

nos levar ao caos.<br />

Basta imaginar, agora que a questão foi superada, como estaríamos<br />

neste momento se a <strong>de</strong>cisão da maioria dos parlamentares<br />

fosse pela autorização do procedimento judicial imediato.<br />

Sabemos da vaida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns membros do colegiado maior<br />

da Justiça e <strong>de</strong> suas preferências partidárias, consequência<br />

inarredável do discutível critério <strong>de</strong> escolha dos mesmos, que<br />

estimula o compromisso <strong>de</strong> gratidão inerente ao ser humano<br />

bem formado.<br />

Diante disso, Michel Temer dificilmente escaparia <strong>de</strong> uma<br />

con<strong>de</strong>nação e do seu afastamento do comando do Executivo<br />

do país.<br />

Rodrigo Maia ocuparia interinamente a Presidência da República,<br />

com prazo constitucional <strong>de</strong> até 30 dias para realizar eleições<br />

indiretas. Po<strong>de</strong>mos imaginar o caos já instalado no país, com os<br />

confrontos da classe política visando cada grupo conquistar o<br />

direito <strong>de</strong> concluir o mandato <strong>de</strong> Temer.<br />

Muito provavelmente – e mais uma vez – os conflitos daí surgidos<br />

seriam encaminhados ao STF para resolvê-los e a Alta<br />

Corte tomaria para si o protagonismo da vida e do <strong>de</strong>stino político<br />

nacional, retardando o <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada questão apresentada<br />

e não necessariamente por interesse <strong>de</strong> alguns dos<br />

seus componentes, mas simplesmente porque o tempo da<br />

Justiça é diverso do tempo que o país exigiria para superar<br />

mais esse obstáculo.<br />

Dentro <strong>de</strong>sse quadro, po<strong>de</strong>-se facilmente imaginar o que não sofreria<br />

(ainda mais) a economia brasileira, aumentando <strong>de</strong> forma<br />

incalculável o prejuízo da nação e dos seus empreen<strong>de</strong>dores,<br />

que hoje, com a situação aparentemente normalizada, ainda lutam,<br />

com todas as suas forças, para retomarmos o caminho da<br />

normalida<strong>de</strong> e do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Esse cenário correria o risco <strong>de</strong> ser ainda pior, caso inconclusa<br />

a esperada batalha judicial e já se iniciando o processo eleitoral<br />

com vistas às eleições <strong>de</strong> 2018.<br />

Por tudo isso, mostrado sem nenhum exagero, <strong>de</strong>vemos nos<br />

conformar com os rumos tomados com a governabilida<strong>de</strong> do<br />

país, em consequência da negativa da Câmara Fe<strong>de</strong>ral em autorizar<br />

o STF a processar e julgar o presi<strong>de</strong>nte da República.<br />

Quem consegue medir as consequências terríveis <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão<br />

parlamentar contrária, há <strong>de</strong> concordar que foi evitado o pior.<br />

***<br />

Enquanto isso, a senhora ministra Luislinda Valois, da pasta dos<br />

Direitos Humanos, <strong>de</strong>u-se ao trabalho <strong>de</strong> elaborar um dossiê <strong>de</strong><br />

207 páginas, <strong>de</strong>stinado à Casa Civil da Presidência da República,<br />

pleiteando receber na íntegra seu salário bruto <strong>de</strong> R$ 30,9 mil<br />

pela função que exerce como ministra, além dos seus proventos<br />

<strong>de</strong> R$ 30.471,10 como aposentada da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> chegou<br />

a <strong>de</strong>sembargadora.<br />

A soma dos dois valores atinge R$ 61,4 mil mensais, muito acima<br />

do teto estabelecido em lei, que equivale aos proventos do<br />

presi<strong>de</strong>nte da República. Para melhor enten<strong>de</strong>rmos e julgarmos<br />

o <strong>de</strong>splante da ministra (que já recuou da sua pretensão <strong>de</strong>vido<br />

à indignação geral que percorreu o país), não estão consi<strong>de</strong>rados<br />

nos números acima, as vantagens do seu cargo <strong>de</strong> ministra,<br />

com regalias como carro com motorista, utilização dos aviões da<br />

FAB em agenda oficial, cartão corporativo e imóvel funcional.<br />

Na verda<strong>de</strong>, mesmo sem querer, a ministra Luislinda Valois fez<br />

um bem à opinião pública brasileira, embora não fosse esse o<br />

seu objetivo. Ela abriu os olhos, ouvidos e bocas dos brasileiros<br />

que lutam <strong>de</strong> sol a sol em troca <strong>de</strong> salários muito reduzidos, em<br />

relação à disparida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhos entre o público e o privado.<br />

S.Exa. provavelmente não se <strong>de</strong>u conta disso, confundindo sua<br />

pasta, <strong>de</strong> Direitos Humanos, como se fosse <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> Luislinda<br />

Valois, <strong>de</strong>sprezando, assim, não apenas a legislação em vigor,<br />

da qual ao revés <strong>de</strong>veria ser exímia <strong>de</strong>fensora, mas também<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando a imensa maioria da população brasileira, cuja<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida é da pior espécie.<br />

Se o caso foi encerrado com a sua <strong>de</strong>sistência do absurdo pleito,<br />

não ficará esquecida sua menção ao trabalho escravo ao qual,<br />

segundo sua obtusa forma <strong>de</strong> pensar, estaria sendo guindada,<br />

ainda que recebendo “apenas” R$ 3.292,00 brutos por mês, pelo<br />

exercício do cargo <strong>de</strong> ministra.<br />

Aconselhamos Luislinda Valois a renunciar à pasta que dirige,<br />

contentando-se com os seus proventos da aposentadoria <strong>de</strong> R$<br />

30.471,10 por mês.<br />

Com a sua sabedoria, encontrará certamente outras formas <strong>de</strong><br />

proventos na iniciativa privada, não sujeitos aos limites da lei e<br />

sem correr o risco <strong>de</strong> uma in<strong>de</strong>sejável escravidão.<br />

***<br />

Este Editorial é em homenagem ao empresário e publicitário<br />

Mauro Salles, que sempre trabalhou como um leão em <strong>de</strong>fesa<br />

dos seus empregos, dos seus negócios (com <strong>de</strong>staque para uma<br />

das mais importantes agências <strong>de</strong> propaganda surgidas no mercado<br />

brasileiro), das instituições <strong>de</strong>mocráticas e dos seus i<strong>de</strong>ais.<br />

FraSeS<br />

“Só fala em 100 milhões quem fala com cada um.”<br />

(Tema da atual campanha publicitária da TV Globo)<br />

“a verda<strong>de</strong> é aquilo em que acreditamos.”<br />

(Sabedoria popular portuguesa)<br />

“Quando Pelé foi embora, o Santos não acabou.<br />

Mas, o futebol brasileiro morreu um pouquinho.”<br />

(Guime Davidson, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> criação da WMcCann,<br />

sobre a ida <strong>de</strong> Washington Olivetto para Londres)<br />

jornal propmark - 6 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 3

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