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editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Superação<br />
Todos os indicadores apontam para a melhora da economia,<br />
confirmando a tese dos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram a manutenção <strong>de</strong><br />
Michel Temer na Presidência da República. Após sua saída, ele<br />
respon<strong>de</strong>rá pelas acusações contidas contra si nas <strong>de</strong>núncias<br />
apresentadas ao STF pelo então procurador-geral da República,<br />
Rodrigo Janot.<br />
A Câmara dos Deputados, em troca ou não <strong>de</strong> benesses, impediu<br />
o processamento <strong>de</strong> Temer pela Egrégia Corte e o Brasil <strong>de</strong>ixou<br />
<strong>de</strong> correr o risco <strong>de</strong> prolongar uma crise política que po<strong>de</strong>ria<br />
nos levar ao caos.<br />
Basta imaginar, agora que a questão foi superada, como estaríamos<br />
neste momento se a <strong>de</strong>cisão da maioria dos parlamentares<br />
fosse pela autorização do procedimento judicial imediato.<br />
Sabemos da vaida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns membros do colegiado maior<br />
da Justiça e <strong>de</strong> suas preferências partidárias, consequência<br />
inarredável do discutível critério <strong>de</strong> escolha dos mesmos, que<br />
estimula o compromisso <strong>de</strong> gratidão inerente ao ser humano<br />
bem formado.<br />
Diante disso, Michel Temer dificilmente escaparia <strong>de</strong> uma<br />
con<strong>de</strong>nação e do seu afastamento do comando do Executivo<br />
do país.<br />
Rodrigo Maia ocuparia interinamente a Presidência da República,<br />
com prazo constitucional <strong>de</strong> até 30 dias para realizar eleições<br />
indiretas. Po<strong>de</strong>mos imaginar o caos já instalado no país, com os<br />
confrontos da classe política visando cada grupo conquistar o<br />
direito <strong>de</strong> concluir o mandato <strong>de</strong> Temer.<br />
Muito provavelmente – e mais uma vez – os conflitos daí surgidos<br />
seriam encaminhados ao STF para resolvê-los e a Alta<br />
Corte tomaria para si o protagonismo da vida e do <strong>de</strong>stino político<br />
nacional, retardando o <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada questão apresentada<br />
e não necessariamente por interesse <strong>de</strong> alguns dos<br />
seus componentes, mas simplesmente porque o tempo da<br />
Justiça é diverso do tempo que o país exigiria para superar<br />
mais esse obstáculo.<br />
Dentro <strong>de</strong>sse quadro, po<strong>de</strong>-se facilmente imaginar o que não sofreria<br />
(ainda mais) a economia brasileira, aumentando <strong>de</strong> forma<br />
incalculável o prejuízo da nação e dos seus empreen<strong>de</strong>dores,<br />
que hoje, com a situação aparentemente normalizada, ainda lutam,<br />
com todas as suas forças, para retomarmos o caminho da<br />
normalida<strong>de</strong> e do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Esse cenário correria o risco <strong>de</strong> ser ainda pior, caso inconclusa<br />
a esperada batalha judicial e já se iniciando o processo eleitoral<br />
com vistas às eleições <strong>de</strong> 2018.<br />
Por tudo isso, mostrado sem nenhum exagero, <strong>de</strong>vemos nos<br />
conformar com os rumos tomados com a governabilida<strong>de</strong> do<br />
país, em consequência da negativa da Câmara Fe<strong>de</strong>ral em autorizar<br />
o STF a processar e julgar o presi<strong>de</strong>nte da República.<br />
Quem consegue medir as consequências terríveis <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão<br />
parlamentar contrária, há <strong>de</strong> concordar que foi evitado o pior.<br />
***<br />
Enquanto isso, a senhora ministra Luislinda Valois, da pasta dos<br />
Direitos Humanos, <strong>de</strong>u-se ao trabalho <strong>de</strong> elaborar um dossiê <strong>de</strong><br />
207 páginas, <strong>de</strong>stinado à Casa Civil da Presidência da República,<br />
pleiteando receber na íntegra seu salário bruto <strong>de</strong> R$ 30,9 mil<br />
pela função que exerce como ministra, além dos seus proventos<br />
<strong>de</strong> R$ 30.471,10 como aposentada da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong> chegou<br />
a <strong>de</strong>sembargadora.<br />
A soma dos dois valores atinge R$ 61,4 mil mensais, muito acima<br />
do teto estabelecido em lei, que equivale aos proventos do<br />
presi<strong>de</strong>nte da República. Para melhor enten<strong>de</strong>rmos e julgarmos<br />
o <strong>de</strong>splante da ministra (que já recuou da sua pretensão <strong>de</strong>vido<br />
à indignação geral que percorreu o país), não estão consi<strong>de</strong>rados<br />
nos números acima, as vantagens do seu cargo <strong>de</strong> ministra,<br />
com regalias como carro com motorista, utilização dos aviões da<br />
FAB em agenda oficial, cartão corporativo e imóvel funcional.<br />
Na verda<strong>de</strong>, mesmo sem querer, a ministra Luislinda Valois fez<br />
um bem à opinião pública brasileira, embora não fosse esse o<br />
seu objetivo. Ela abriu os olhos, ouvidos e bocas dos brasileiros<br />
que lutam <strong>de</strong> sol a sol em troca <strong>de</strong> salários muito reduzidos, em<br />
relação à disparida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhos entre o público e o privado.<br />
S.Exa. provavelmente não se <strong>de</strong>u conta disso, confundindo sua<br />
pasta, <strong>de</strong> Direitos Humanos, como se fosse <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> Luislinda<br />
Valois, <strong>de</strong>sprezando, assim, não apenas a legislação em vigor,<br />
da qual ao revés <strong>de</strong>veria ser exímia <strong>de</strong>fensora, mas também<br />
<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando a imensa maioria da população brasileira, cuja<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida é da pior espécie.<br />
Se o caso foi encerrado com a sua <strong>de</strong>sistência do absurdo pleito,<br />
não ficará esquecida sua menção ao trabalho escravo ao qual,<br />
segundo sua obtusa forma <strong>de</strong> pensar, estaria sendo guindada,<br />
ainda que recebendo “apenas” R$ 3.292,00 brutos por mês, pelo<br />
exercício do cargo <strong>de</strong> ministra.<br />
Aconselhamos Luislinda Valois a renunciar à pasta que dirige,<br />
contentando-se com os seus proventos da aposentadoria <strong>de</strong> R$<br />
30.471,10 por mês.<br />
Com a sua sabedoria, encontrará certamente outras formas <strong>de</strong><br />
proventos na iniciativa privada, não sujeitos aos limites da lei e<br />
sem correr o risco <strong>de</strong> uma in<strong>de</strong>sejável escravidão.<br />
***<br />
Este Editorial é em homenagem ao empresário e publicitário<br />
Mauro Salles, que sempre trabalhou como um leão em <strong>de</strong>fesa<br />
dos seus empregos, dos seus negócios (com <strong>de</strong>staque para uma<br />
das mais importantes agências <strong>de</strong> propaganda surgidas no mercado<br />
brasileiro), das instituições <strong>de</strong>mocráticas e dos seus i<strong>de</strong>ais.<br />
FraSeS<br />
“Só fala em 100 milhões quem fala com cada um.”<br />
(Tema da atual campanha publicitária da TV Globo)<br />
“a verda<strong>de</strong> é aquilo em que acreditamos.”<br />
(Sabedoria popular portuguesa)<br />
“Quando Pelé foi embora, o Santos não acabou.<br />
Mas, o futebol brasileiro morreu um pouquinho.”<br />
(Guime Davidson, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> criação da WMcCann,<br />
sobre a ida <strong>de</strong> Washington Olivetto para Londres)<br />
jornal propmark - 6 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 3