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Gestão Hospitalar N.º8 1984

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FINANCIAMENTO<br />

E PLANIFICAÇAO<br />

INTERNA .<br />

vocos. Cama hospitalar ou doente<br />

internado são expressões que podem<br />

designar realidades diversas<br />

com consequências no domínio do<br />

financiamento. Aceitemqs, porém,<br />

que a ética profissional impere.<br />

Nem por isso é menos verdade que<br />

o gestor tem de considerar as<br />

consequências que derivam do critério<br />

de financiamento para o planeamento<br />

da actividade do hospi-1<br />

tal.<br />

O problema que se apresenta,<br />

no contexto actual do hospital português,<br />

tem os seguintes contar- \<br />

nos:<br />

• há excesso da procura sobre a<br />

oferta, sobretudo ao nível dos hospitais<br />

centrais;<br />

• segundo o critério de financiamento<br />

em vigor as receitas aumentam<br />

quando aumentar o número de<br />

internados e este é função de uma<br />

ocupação média elevada e de uma<br />

demora média curta (v. gráfico<br />

n.º 2)<br />

• a hospitalização dos doentes<br />

deve obedecer a prioridades de<br />

ordem clínica, sendo de excluir que<br />

a escolha dos doentes seja determinada<br />

por considerações relativas<br />

ao equilíbrio orçamental;<br />

• no curto prazo - e o orçamento<br />

é um instrumento para o<br />

. curto prazo - a intervenção sobre a<br />

demora média não compensa porque<br />

é difícil de reduzir;<br />

• se analisarmos as despesas<br />

de funcionamento ressalta de imediato<br />

que podem ser classificadas<br />

como:<br />

- despesas fixas, pois que,<br />

dentro de certos limites, não são<br />

afectadas pelo número de doentes '<br />

tratados; estão neste grupo as despesas<br />

de amortização, de pessoal,<br />

de energia e outras (cerca de 75°/o<br />

do total); estas despesas fixas convertem-se<br />

na parte variável do 1<br />

custo unitário por doente tratado<br />

(variável em função do número de<br />

- - -- - - - - .<br />

CONTOS<br />

62<br />

60<br />

58<br />

56<br />

S4<br />

52<br />

50<br />

48<br />

46<br />

44<br />

42 .<br />

40<br />

o<br />

MILHARES<br />

DE CONTOS<br />

75<br />

70<br />

....<br />

o 65<br />

z<br />

w<br />

:i:<br />

<<br />

ü<br />

z 60<br />

.<<br />

z<br />

ü:<br />

55<br />

50<br />

L<br />

45<br />

_}.<br />

L<br />

o<br />

------ OM = 65%<br />

- OM = 80%<br />

- ·-·- ·· OM = 95%<br />

11<br />

_............-- ~--<br />

FINANCIAMENTO HOSPITALAR EM PORTUGAL<br />

- REEMBOLSO DAS DESPESAS DIRECTAS POR DOENTE TRATADO (a)<br />

. ------------- -- -----­<br />

__ .. -<br />

__ ___.. .. -<br />

.-·-·-·-·--·-·-·-·-·<br />

·......... .....<br />

.....<br />

'· ' ·' ·...........<br />

' ·<br />

-------------<br />

13<br />

.................<br />

---<br />

---·-·<br />

,,_.- ·<br />

-·-·<br />

15<br />

DEMORA MÉDIA<br />

-------- ---------------------- ----<br />

-·-·-·-<br />

-·-·-·-·-·-·<br />

FINANCIAMENTO HOSPITALAR EM PORTUGAL<br />

- RECEITA DE UM SERVl-,.u u~ JO CAMAS (a)<br />

......<br />

... -.................. ....... ...<br />

................. ...........<br />

-...............<br />

17<br />

---------------<br />

- -·-·-· ---·-· -·-· 19 DIAS<br />

------....... __<br />

............. ---......<br />

- ·-· - · OM = 95%<br />

- ·OM = 80%<br />

------ OM = 65%<br />

11 13 15 17 19 DIAS<br />

DEMORA MÉDIA<br />

(a) Exemplificação na base das tabelas de reembolso das despesas directas dos Serviços de Cardiologia<br />

em 1983<br />

doentes);<br />

- despesas variaveis, proporcionais<br />

ao número de doentes,<br />

como as despesas de consumo.<br />

No custo por doente tratado estas<br />

despesas variáveis formam a parte<br />

constante, insensível ao número de<br />

doentes, salvo eventuais efeitos de<br />

escala abaixo de cujo limite nos<br />

estamos a situar.<br />

7. Sendo estes os dados do<br />

problema não fica ao gestor grande<br />

amplitude para fixar os seus objectivos:<br />

o planeamento deverá prever<br />

para cada um dos serviços do<br />

hospital condições de operação<br />

tais que as despesas provocadas<br />

pelas actividades sejam, no mínimo,<br />

igualadas pelas receitas que<br />

o reembolso dessas actividades vai<br />

produzir.<br />

Dito de outro modo: a necessidade<br />

de cobertura financeira para<br />

as actividades leva o planeamento<br />

a prever a hospitalização do mais<br />

elevado número de doentes que,<br />

continuando compatível com o total<br />

de despesas fixas do estabelecimento<br />

(o que significa: sem perda<br />

de qualidade dos cuidados) possa<br />

assegurar o maior desvio das receitas<br />

sobre as despesas.<br />

Sendo o montante do reembolso<br />

fixado pelo DGFSS, este resultado<br />

será passivei quer pela redução da<br />

demora média (difícil, como já dissemos),<br />

quer pelo aumento da ocupaçao<br />

média, quer pelo efeito da<br />

intervenção conjugada sobre ambas.<br />

O mais provável será, no<br />

entanto, o mais fácil, ou seja, a<br />

procura da ocupação média mais<br />

elevada possível.<br />

Em quadro anexo - e continuando<br />

a considerar a especialidade<br />

de Cardiologia - mostram-se<br />

os valores do reembolso por<br />

doente tratado em função da demora<br />

média e da ocupação. Por<br />

sua vez o gráfico n.º5 - a duas<br />

escalas - exemplifica (para 3 valo-<br />

MILHARES<br />

DE CONTOS<br />

100<br />

95<br />

o<br />

1-<br />

ffi 90<br />

:!E<br />

<<br />

õ<br />

z<br />

<<br />

z<br />

ii:<br />

85<br />

80<br />

75<br />

o<br />

FINANCIAMENTO HOSPITALAR<br />

EM PORTUGAL<br />

Serviço de 90 camas<br />

'.<br />

'.<br />

'.<br />

Serviço de 60 camas<br />

L~..._~, ~~--r-, ~~--r-, ~~ .......... , ~~--, ~~--, ~~-%~~so<br />

60 70 80 90 100 OM<br />

DEMORA MÉDIA: 11 DIAS<br />

14<br />

<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> • Ano li • N. 0 8<br />

<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> • Ano li • N. 0<br />

a<br />

15

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