Gestão Hospitalar N.º8 1984
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<strong>Gestão</strong><br />
. por objectivos<br />
F. CONTROLO DOS OBJECTl<br />
VOS<br />
E AVALIAÇÃO DOS RESULTA<br />
DOS<br />
Um aspecto particular de D.P.O.<br />
praticado no HSCSP çoncerne à<br />
· implementação de um sistema de<br />
estímulos semelhante ao praticado<br />
nas empresas privadas. O início<br />
deste sistema verificou-se em 1978<br />
nos Serviços Médico Centrais alargando-se<br />
em 1981 aos serviços<br />
médico directos.<br />
, Para que- um sistema de estí- '<br />
mulos possa ser aceite, é indispensável<br />
que seja o mais simples<br />
possível e de fácil compreensão.<br />
Assim, devem existir índices de<br />
·medida o mais objectivos possível<br />
para cálculo dos estímulos.<br />
A implementação do sistema de<br />
estímulos apenas será correcta,<br />
qualquer que seja a empresa, se o<br />
nível de qualidade não for afectado<br />
negativamente.<br />
Passaremos a explicar o sistema<br />
de estímulos utilizado nos Serviços<br />
Médico Centrais, a partir de 1978.<br />
Foram estudadas as fórmulas<br />
que garantissem que, em caso<br />
algum, a qualidade dos serviços<br />
não diminuísse.<br />
Foi decidido que a maior parte<br />
dos estímulos (75 por cento) seria<br />
destinada ao capítulo de investimento<br />
no próprio serviço e o restante<br />
(25 por cento) destinado à<br />
formação do seu pessoal, através<br />
de ajudas financeiras à participação<br />
em cursos, congressos, simpósios,<br />
etc. Em muitos casos verificou-se<br />
ser este o estímulo adequado<br />
para o pessoal médico e para<br />
-médico.<br />
A Direcção do hospital interrogava-se,<br />
durante o exercício de 1978,<br />
sobre a forma de diminuir o elevado<br />
orçamento dos Serviços Médico<br />
Centrais.<br />
Partiu-se do princípio de que as<br />
próprfas direcções dos serviços,<br />
através das suas aquisições e dos<br />
contactos com os fornecedores das<br />
firmas encarregadas da manutenção<br />
do seu diversificado equipamento,<br />
estimulariam e motivariam<br />
os Serviços Médico Centrais para<br />
uma melhor gestão do seu próprio<br />
orçamento, já que a economia realizada<br />
seria destinada, em grande<br />
parte, aos investimentos nos próprios<br />
serviços.<br />
No primeiro ano de funcionamento<br />
do sistema de estímulos nos<br />
serviços-piloto escolhidos (Bioquímica<br />
e Hematologia) os resultados<br />
foram espectaculares, pois as despesas<br />
diminuíram entre 15 e 18 por<br />
cento, não obstante ter-se verificado<br />
um aumento da actividade do<br />
hospital que, em 1979, se cifrou em<br />
+ 9o/o.<br />
Ou· seja, o aumento de actividade<br />
dos outros serviços representou<br />
um maior esforço para os Serviços<br />
Centrais. A produtividade destes<br />
últimos é recompensada calculando<br />
a média dos resultados<br />
positivos obtidos pelos serviços<br />
médicos directos à qual se acrescentam<br />
as economias efectuadas,<br />
com a diminuição das despesas,<br />
nos próprios serviços centrais.<br />
Falaremos, seguidamente, dos<br />
estímulos à produtividade e de<br />
extensão do sistema aos serviços<br />
médico directos.<br />
Analisando as Contas de Exploração<br />
do hospital teria de tender-se<br />
para a redução do défice que se<br />
projectava para 1981 .<br />
As despesas com o pessoal representavam<br />
70°/o do total e não se<br />
mostrava fácil agir sobre elas, pois<br />
o pessoal era fixo. Os restantes<br />
30°/o, relativos a consumos e despesas<br />
diversas, tinham menor incidência<br />
ao nível dos resultados.<br />
- .<br />
Devia-se, pois, agir sob-re as<br />
receitas, considerando, no entanto,<br />
que 90°/o provinham da convenção<br />
com o INSALUD (Instituto Nacional<br />
de Saúde) cujo tarifário (ao acto)<br />
era inamovível; fixámos, então,<br />
como objectivo, o maior aumento<br />
possível da produtividade.<br />
Partindo das previsões de actividade,<br />
adoptaram-se os seguintes<br />
índices:<br />
a) Internamento - Foram fornecidos<br />
aos serviços diferentes valores,<br />
segundo a sua dimensão, para<br />
o crescimento da taxa de rotação<br />
das camas, de acordo com o objec- ·<br />
tiva fixé;ldo (taxa de ocupação<br />
demora média).<br />
-O estímulo deveria ser, de<br />
certa maneira, proporcional no orçamento<br />
económico do serviço<br />
(maior número de camas, orça-·<br />
mento mais elevado, assim ·como<br />
maior número de trabalhadores a·<br />
beneficiar do estímulo em caso de<br />
êxito na prossecução do objectivo).<br />
b) Consultas externas - Redução<br />
controlada da relação entre o<br />
número de primeiras consultas e<br />
de consultas subsequentes.<br />
Ao introduzir, nos objectivos de<br />
quantidade, critérios de qualidade,<br />
tais como a redução da relação<br />
consultas subsequentes, primeiras<br />
consultas, e da demora média com<br />
o aumento da taxa de rotação das<br />
camas, aumentam os custos, para<br />
o hospital, dos módulos estadia I<br />
dia e consulta, ainda que não se<br />
modifique a principal componente<br />
desses custos - o número de trabalhadores<br />
ou os custos com pessoal.<br />
Este aumento significa exactamente<br />
o contrário quando se refere<br />
ao custo social ou ao preço pago<br />
pelo Instituto Catalãc de Saúde.<br />
Muito diferente seria a situação<br />
se os hospitais fossem pagos não<br />
por módulos - dias de internamento<br />
ou consultas - mas por<br />
processo.<br />
Por outro lado,_ não pode esquecer-se<br />
que, para medir a qualidade,<br />
FIG. 3 - DISTRIBUIÇ;ÃO DOS ESTÍMULOS POR ACTIVIDADE,<br />
PESSOAL E RUBRICA (Produtividade / Consumo).<br />
DIRECÇÃO<br />
PESSOAL<br />
MÉDICO<br />
ENFERMAGEM<br />
ADMINISTRATIVO<br />
ACTIVIDADES INTERNAMENTO CONSULTA EXTERNA<br />
PRODUTIVIDADE<br />
100°/o<br />
CONSUMO PRODUTIVIDADE CONSUMO<br />
· 100°/o<br />
75°/o<br />
25°/o<br />
NOTA: Este quadro é da responsabilidade do tradutor<br />
existem diferentes comissões em<br />
funcionamento, aliás como em outros<br />
hospitais doutros países como<br />
as Comissões de História Clínica,<br />
de Mortalidade, o Departamento de<br />
Controlo de Qualidade, e o Serviço<br />
de Sugestões e Reclamações.<br />
Até aqui referimo-nos ao sistema<br />
de estímulos à produtividade. Falaremos<br />
agora do utilizado para a,<br />
redução das despesas com consumos.<br />
Baseando-se no orçamento de<br />
consumos e outras despesas (com<br />
excepção de pessoal) premeia-se<br />
e estimula-se a economia obtida<br />
com uma boa gestão de recursos.<br />
Se retirarmos a conta das despesas<br />
com o pessoal, que é tratada<br />
separadamente, veremos que a<br />
incidência da gestão do próprio<br />
serviço se repercute, unicamente,<br />
sobre as seguintes contas:<br />
- Produtos farmacêuticos<br />
- Material de Consumo Clínico<br />
- Produtos Alimentares<br />
- Previsões e Material de Manutenção<br />
- Material de Radiodiagnóstico<br />
- Material administrativo<br />
-Alugueres<br />
- Reparações e conservação<br />
- Exames no exterior<br />
100°/o<br />
- Transporte de doentes<br />
- Despesas diversas.<br />
Todos estes resultados, transformados<br />
posteriormente em quantidades<br />
monetárias perfeitamente<br />
definidas, terão, em caso de êxito<br />
da gestão do serviço, as utilizações<br />
seguintes (cf. Figura 3).<br />
Dada a enorme importância que<br />
a direcção do pessoal de enfermagem<br />
tem na gestão dos meios que<br />
se movimentam nas contas das<br />
despesas das unidades de internamento<br />
(consumos), são-lhe consagrados<br />
100°/o do valor economizado.<br />
Dadas as características do sistema<br />
de consultas externas em<br />
vigor no hospital, o pessoal administrativo<br />
dos serviços médicos e,<br />
especialmente, o de recepção, tem<br />
uma enorme influência no desenvolvimento<br />
desta actividade, graças<br />
a uma boa coordenação das<br />
consultas e ao bom acolhimento<br />
que dispensa aos utentes. Por isso,<br />
como estímulo, são-lhe destinados<br />
25°/o do valor obtido pelo aumento<br />
de produtividade nas consultas externas.<br />
A actividade do hospital é avaliada<br />
orçamentalmente, principalmente<br />
através do cálculo das horas<br />
de assistência disponíveis da equipa<br />
médica de cada serviço. Para<br />
esta direcção os estímulos são os<br />
seguintes:<br />
100% dos ganhos com o aumento<br />
da produtividade nas unidades<br />
de internamento.<br />
75º/o dos ganhos com o aumento<br />
da produtividade nas consultas externas.<br />
100°/o ·das economias obtidas<br />
pela redução das despesas no<br />
dispensário.<br />
No caso em que a diferença do<br />
orçamento dos consumos é negativa,<br />
essa diferença será subtraída<br />
ao «prémio» obtido em matéria de<br />
produtividade.<br />
Cada direcção (enfermagem I<br />
méd1ca /administração) distribuirá<br />
os estímulos obtidos, sendo 75°/o ·<br />
para investimento no serviço e 25°/o<br />
para ajudas de custo, deslocação e<br />
inscrições em acções de formação.<br />
O sucesso obtido com este sistema<br />
nos serviços assistenciais levou<br />
a Direcção do hospital, durante<br />
a elaboração do orçamento para o<br />
exercício de 1983, a estendê-lo a<br />
todos os serviços do . hospital.<br />
Desta forma, a pouco e pouco, o<br />
sistema iniciado em 1978 nos Serviços<br />
Médicos Centrais, adaptado<br />
posteriormente ( 1981 ) nos serviços<br />
. médicos directos, e alargado aos<br />
serviços de apoio, cobriu a totalidade<br />
dos diferentes departamentos<br />
do hospital.<br />
Não queremos finalizar sem assinalar<br />
que a DPO é um sistema<br />
orgânico que apresenta a necessidade<br />
de crescer, de se desenvolver,<br />
mudar e aperfeiçoar-se.<br />
Justamente por isso e ·porque,<br />
actualmente, o sistema de financiamento<br />
do hospital foi alterado, passando<br />
de uma concertação por<br />
acto para uma concertação de orçamento<br />
global, somos obrigados a<br />
estudar novos modelos de gestão e<br />
de estímulos que, sem se afas-<br />
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<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> • Ano li • N.º a<br />
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