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edição de 4 de junho de 2018

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editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

anunciar para ven<strong>de</strong>r mais<br />

Em meio às graves dificulda<strong>de</strong>s econômicas que o país ainda mantém, torna-se<br />

mais que necessário recorrer à propaganda para ven<strong>de</strong>r mais e fazer<br />

caixa com os resultados a serem alcançados.<br />

Não basta apenas reclamar da crise. Todos sabemos que ela ainda está nos incomodando,<br />

já nem tanto como no passado recente, mas ainda <strong>de</strong> uma forma<br />

que atrapalha o <strong>de</strong>senvolvimento das empresas pela falta <strong>de</strong> recursos para investir.<br />

Sem dúvida, a ativida<strong>de</strong> publicitária também requer investimento, mas<br />

o retorno aqui é sempre mais rápido, proporcionando aumento <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong><br />

forma mais rápida para os anunciantes.<br />

Nessa oportuna <strong>de</strong>cisão, alguns pontos po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados,<br />

sendo o principal <strong>de</strong>les a diminuição da própria publicida<strong>de</strong> nos meios, o que<br />

torna mais visível quem se dispuser a anunciar.<br />

Em seus momentos <strong>de</strong> crises econômicas, governos <strong>de</strong> países que hoje são<br />

consi<strong>de</strong>rados como potenciais recomendaram, às empresas e instituições privadas,<br />

não só não parar <strong>de</strong> anunciar, como aumentar os índices dos investimentos<br />

em publicida<strong>de</strong>.<br />

A razão até hoje – e sempre será – fácil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r é que, além <strong>de</strong> produzir<br />

resultados imediatos, a propaganda contribui para criar um clima <strong>de</strong> otimismo<br />

no mercado, motivando a população a consumir mais e melhor.<br />

Inesquecível para este redator, testemunhar uma vez mais a alegria <strong>de</strong> uma<br />

comemoração espontânea e sobretudo <strong>de</strong> incalculável grau <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrada<br />

pelos jovens colegas profissionais, com os vencedores do capítulo<br />

<strong>de</strong>ste ano do Young Lions Brazil.<br />

Um dos mo<strong>de</strong>los do Brasil que queremos.<br />

***<br />

O anúncio <strong>de</strong> página publicado pela Philip Morris nas edições dos jornais do<br />

feriado <strong>de</strong> quinta (31) <strong>de</strong>ve ter <strong>de</strong>ixado uma pulga atrás da orelha <strong>de</strong> muitos<br />

leitores.<br />

Há que se aplaudir, inicialmente, o reconhecimento público da tabageira,<br />

mesmo que <strong>de</strong> forma oculta e driblando o idioma (o redator da agência <strong>de</strong>ve<br />

ter se contorcido no copy), a respeito dos males do fumo, começando pela frase<br />

inicial: “Os danos causados pelo cigarro são muito conhecidos. Nossa visão<br />

<strong>de</strong> futuro é clara”.<br />

E segue o copy con<strong>de</strong>nando o tabaco, mas oferecendo uma alternativa para<br />

os adultos fumantes (o texto passa ao largo dos menores <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> na<br />

maioria das vezes começa o vício): produtos por ela fabricados “que permitem<br />

a entrega <strong>de</strong> nicotina sem a fumaça prejudicial do cigarro”, como consta do<br />

complemento do anúncio que o leitor lerá acessando o site.<br />

Os países mais pobres do planeta iniciaram sua <strong>de</strong>rrocada paralisando a ativida<strong>de</strong><br />

publicitária das empresas. Outro exemplo a favor da propaganda po<strong>de</strong> se<br />

ver nas poucas economias <strong>de</strong> estado ainda existentes, que i<strong>de</strong>ologicamente<br />

combatem a publicida<strong>de</strong> comercial.<br />

Contrário senso, os países capitalistas mais <strong>de</strong>senvolvidos são os que mais se<br />

utilizam dos recursos publicitários comerciais, fazendo girar com maior rapi<strong>de</strong>z<br />

o mo<strong>de</strong>lo econômico vigente.<br />

Todos ganham com isso e o fenômeno que aqui nos acostumamos a chamar<br />

<strong>de</strong> crise, bem sabe que o seu inimigo mais po<strong>de</strong>roso é também feminino e há<br />

séculos conhecido como publicida<strong>de</strong>.<br />

Quando cessou a Segunda Guerra Mundial, lí<strong>de</strong>res carismáticos dos aliados,<br />

<strong>de</strong>stacando-se Winston Churchill, recomendavam incessantemente às empresas<br />

dos seus países que anunciassem cada vez mais, o que provocaria o<br />

aumento da procura dos bens pelo público consumidor e a consequente expansão<br />

das empresas anunciantes.<br />

Por mais que a publicida<strong>de</strong> mu<strong>de</strong> as suas plataformas, a essência (ou o segredo)<br />

dos negócios prossegue sendo essa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> brilho intenso e invariavelmente<br />

<strong>de</strong> bons resultados que conhecemos como publicida<strong>de</strong> ou propaganda.<br />

***<br />

Em boa hora, a Re<strong>de</strong> Globo criou o movimento O Brasil que queremos, dando<br />

voz a representantes <strong>de</strong> todas as camadas da nossa população a se manifestarem<br />

sobre o patriótico <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós.<br />

E o Brasil que queremos, neste Editorial, po<strong>de</strong> ser traduzido no entusiasmo da<br />

juventu<strong>de</strong> publicitária brasileira, que participou do programa Young Lions do<br />

Cannes Lions, cujo capítulo brasileiro é <strong>de</strong>senvolvido pela Editora Referência<br />

(que edita o PROPMARK e outras publicações voltadas para os segmentos do<br />

marketing e da publicida<strong>de</strong>), em parceria com o publicitário Emmanuel Publio<br />

Dias e com o indispensável apoio dos patrocinadores, que <strong>de</strong>monstrou<br />

um entusiasmo ímpar na cerimônia <strong>de</strong> divulgação dos 17 vencedores do capítulo<br />

brasileiro <strong>de</strong>ste ano do famoso programa, que leva anualmente um seleto<br />

grupo <strong>de</strong> jovens profissionais a participarem do maior festival <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />

do planeta (ver cobertura nesta edição).<br />

Em continuação a esse complemento, a Philips Morris informa que “mais<br />

<strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> adultos fumantes já <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> fumar (on<strong>de</strong>?) e optaram<br />

por nossos produtos <strong>de</strong> risco reduzido (...) A nossa priorida<strong>de</strong> é clara: realizar<br />

a migração o mais rápido possível <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> adultos<br />

fumantes (novamente, on<strong>de</strong>?) para alternativas potencialmente menos<br />

prejudiciais”.<br />

Vale aqui um ligeiro cálculo: a empresa garante que mais <strong>de</strong> 5 milhões <strong>de</strong> adultos<br />

fumantes já <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> fumar, optando pelos seus produtos <strong>de</strong> risco reduzido.<br />

Isso representa, segundo os seus números, uma taxa <strong>de</strong> migração <strong>de</strong><br />

10 mil pessoas adultas por dia, o que, segundo o PROPMARK, atinge 3.650.000<br />

adultos por ano.<br />

Observe agora o leitor a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarada pela empresa no texto logo acima:<br />

“realizar a migração o mais rápido possível (grifo nosso) <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong><br />

milhões <strong>de</strong> adultos fumantes” para os seus produtos alternativos. Esse <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> acontecer o mais rápido possível implica, pelos dados da própria empresa,<br />

em 3.650.000 pessoas por ano, o que significa para o atingimento da meta da<br />

empresa (“centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> adultos fumantes”), consi<strong>de</strong>rando-se apenas<br />

uma centena <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> adultos fumantes (dos milhões <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong><br />

adultos fumantes previstos pela empresa), um tempo superior a 27 anos. Para<br />

centenas <strong>de</strong> milhões (meta da empresa), faça o leitor seus cálculos à vonta<strong>de</strong>.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos apenas duas centenas <strong>de</strong> milhões, na proporção revelada<br />

pela empresa, o tempo para o atingimento da meta será superior a 54 anos...<br />

Com números, po<strong>de</strong>mos ser exatos. Com números, po<strong>de</strong>mos tergiversar à<br />

vonta<strong>de</strong>...<br />

***<br />

Este Editorial é em homenagem a Ligia <strong>de</strong> Paula Souza, recentemente falecida,<br />

que presidiu o Sindicato dos Artistas <strong>de</strong> São Paulo por mais <strong>de</strong> três décadas,<br />

com intensa ativida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>fesa dos atores e mo<strong>de</strong>los no território paulista.<br />

Ligia <strong>de</strong> Paula Souza contribuiu intensamente com a classe publicitária, com<br />

participação do Sindicato dos Artistas na criação e manutenção dos Fóruns <strong>de</strong><br />

Produção Publicitária há mais <strong>de</strong> 20 anos e na criação da Câmara Nacional <strong>de</strong><br />

Arbitragem na Comunicação, instalada na APP.<br />

Perda sentida por todo o setor publicitário brasileiro.<br />

jornal propmark - 4 <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 3

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