Revista SECOVIRIO - 102
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Todos os dias, após uma bela noite de sono,<br />
favorecida pelo silêncio absoluto que faz<br />
desde sempre em seu entorno, o cineasta<br />
Martin Lama desperta tranquilamente.<br />
Naquela manhã, toma um banho<br />
demorado e perde a noção do tempo conforme a<br />
água vai escorrendo pelo chuveiro. Ao se dar conta<br />
da iminência do atraso, fecha o registro de vez e<br />
acelera nos preparativos para o café.<br />
Minutos depois, está fechando a porta quando<br />
encontra a vizinha, Malala Tutu, que acabara de<br />
voltar do passeio matinal com seu cachorro. Por um<br />
instante, ele até se espanta por mal lembrar que<br />
aquele animal tão grande vive ao lado – podia jurar<br />
que jamais ouviu qualquer latido nem sentiu odor<br />
característico.<br />
Quando a porta do elevador abre, ele se depara com<br />
os dois garotos gêmeos que vivem no apartamento<br />
de cima, Nelson e Yasser Gore. Eles estão a<br />
caminho da escolinha de futebol. Por sorte, pensa,<br />
jamais resolveram treinar seus dribles em casa. Os<br />
pais certamente tinham muita consideração pelos<br />
vizinhos...<br />
Na portaria, que havia acabado de ser reformada<br />
(ele não entendia exatamente como uma melhoria<br />
tão expressiva fora feita sem quebra-quebra e<br />
poeira), recebe o boleto com a cota condominial.<br />
Surpresa boa: o valor havia diminuído, mesmo com o<br />
encarecimento dos custos de manutenção do prédio.<br />
Nem parece verdade.<br />
O leitor deve estar imaginando que esse texto mais<br />
parece uma peça de ficção. E é mesmo – esses<br />
personagens e esse lugar são inventados. Na vida<br />
real, em um dia normal, Lama provavelmente teria<br />
passado por pelo menos um dos aspectos-chave<br />
das crises em condomínio. Dores de cabeça<br />
relacionadas a barulho, crianças, obras, animais,<br />
vazamentos e valor da cota condominial são mais<br />
comuns do que se imagina.<br />
Divulgação