Revista SECOVIRIO - 102
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Mas por que é tão difícil construir um cenário de<br />
paz, respeito e tolerância em um ambiente<br />
multifamiliar? “O condomínio é o espaço de<br />
convivência dos desiguais. São pessoas com<br />
arranjos de vida muito diferentes: um é idoso,<br />
outro é jovem, um tem filhos, outro não tem, um é<br />
casado, outro é solteiro...”, explica o<br />
vice-presidente de Assuntos Condominiais do<br />
Secovi Rio, Alexandre Corrêa.<br />
“Nunca conheci um condomínio completamente<br />
livre de problemas. Eles podem ser distintos, mas<br />
existem”, completa Corrêa. No centro de tudo,<br />
avalia, está a dificuldade de comunicação entre<br />
os próprios moradores e a convicção<br />
(equivocada) de que a responsabilidade de<br />
resolver esses problemas é do síndico.<br />
Se alguns encaram o “condomínio maravilha”<br />
como uma utopia, há quem aposte nesse<br />
conceito como uma meta e trabalhe para dar o<br />
exemplo. Síndica do Condomínio Capitão<br />
Bandeirante Domingos, em Todos os Santos,<br />
Maria Auxiliadora Cavalcante Patrício é uma<br />
dessas pessoas.<br />
Desde que assumiu a função, busca despertar a<br />
consciência dos moradores para a importância da<br />
boa convivência afixando cartazes nos<br />
elevadores e quadros de avisos: “Nesses textos,<br />
costumo recomendar que as pessoas se<br />
coloquem nos lugares umas das outras e evitem<br />
barulho na hora de arrastar móveis e fazer a<br />
arrumação da casa.”<br />
Caso a campanha não funcione e os registros de<br />
problemas continuem se multiplicando, ela adota<br />
uma tática mais direta: “Reúno algumas pessoas<br />
na administração e peço que conversem entre si,<br />
numa boa. Tem dado certo”, conta Maria<br />
Auxiliadora. Um dos resultados desses esforços<br />
foi obtido em 2014, quando o Capitão<br />
Bandeirante Domingos foi o vencedor do Prêmio<br />
Secovi Rio.<br />
Para Corrêa, o diálogo entre vizinhos deve ser<br />
estimulado. “As pessoas precisam entender que o<br />
síndico age em defesa da coletividade, não em<br />
nome de cada condômino. Qual o problema de<br />
tocar a campainha, fazer uma ligação, escrever<br />
uma carta?”, aponta, acrescentando que uma das<br />
grandes dificuldades da vida em condomínio é<br />
dar um viés mais racional e menos emocional aos<br />
conflitos.<br />
A advogada Maria Luísa Correia, facilitadora do<br />
curso de Administração de Condomínios da<br />
UniSecovi Rio, acredita que é preciso olhar para<br />
os impasses de uma maneira mais ampla: “As<br />
pessoas estão muito acostumadas com essa<br />
história de escrever no livro de registros ou ir à<br />
administração reclamar, e não conseguem<br />
entender a necessidade de uma gestão<br />
colaborativa.”<br />
Segundo o síndico Ricardo Mello, do Edifício<br />
Muirapiranga, no Flamengo, manter pessoas<br />
engajadas em melhorar a vida condominial não é<br />
uma tarefa simples, mas é uma responsabilidade<br />
da qual não se pode fugir. “Não dá para ser um<br />
edifício-dormitório, em que você entra de cabeça<br />
baixa, segue para o elevador e pronto”, analisa.