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ANAIS_3º Encontro Minas Rio

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mais elevadas. A incidência de complicações biliares também se mostrou<br />

maior no APOLT do que no transplante tradicional de fígado. Devido a<br />

esses fatores, de acordo com um estudo realizado na Universidade de<br />

Kyoto, o APOLT deve ter uma indicação restrita à hepatite fulminante,<br />

enxertos pequenos para o tamanho e incompatibilidade ABO. Outro<br />

problema observado nos casos em que se optou por realizar APOLT é que o<br />

saldo do fluxo de sangue portal para o fígado nativo e para o enxerto pode<br />

mudar radicalmente ao longo do tempo, de acordo com o estado do fígado<br />

transplantado. Em alguns casos, a diminuição do fluxo portal do enxerto<br />

pelo fenômeno do roubo portal pode levar à disfunção do enxerto e à<br />

perda do mesmo. Somado à isso, no APOLT, o tempo operatório necessário<br />

é mais longo, uma vez que é preciso executar duas hepatectomias, em<br />

comparação com transplante de fígado ortotópico (OLT) – o que pode ser<br />

deletério para pacientes em condições de estado crítico neurológico. O<br />

APOLT pode apresentar algumas dificuldades cirúrgicas, tais como: o<br />

tempo prolongado de preparo do enxerto e dos vasos, pequeno tamanho<br />

da artéria hepática e a superfície dupla de transecção do parênquima<br />

hepático, o que pode influenciar negativamente na evolução pósoperatória.<br />

A utilização do enxerto de fígado cadavérico inteiro, por sua<br />

vez, pode superar essas complicações, visto que não é necessário dividir<br />

ou reduzir o enxerto, o que leva a menor tempo de isquemia fria e maior<br />

variedade de reconstruções arteriais. Para comparar as técnicas de APOLT<br />

e OLT e demonstrar as desvantagens da primeira foi realizado um<br />

experimento em que 49 pacientes com hepatite fulminante foram<br />

submetidos à cirurgia de transplante hepático. Desses, 37 receberam OLT<br />

e 12 receberam APOLT. Antes da cirurgia, os 2 grupos eram comparáveis<br />

em todos os aspectos. Um terço dos pacientes submetidos ao APOLT<br />

vieram a óbito, sendo que o mesmo resultado ocorreu em um quarto dos<br />

submetidos ao OLT. Outros resultados foram: pacientes que receberam<br />

APOLT tiveram 1 ± 1,3 complicações técnicas em comparação com 0,3 ±<br />

0,5 para pacientes com OLT; bacteriemia foi significativamente mais<br />

freqüente após o APOLT do que após a OLT; a necessidade de retransplante<br />

foi significativamente maior nos pacientes com APOLT (3/12 vs. 0/24); a<br />

morte cerebral por edema cerebral ou sequelas neurológicas foi<br />

significativamente mais frequente após APOLT (4/12 vs. 2/24). Sobrevida<br />

de um ano do paciente foi comparável em ambos os grupos (66% vs 66%), e<br />

houve uma tendência de menor taxa de sobrevida livre de retransplante<br />

de 1 ano no grupo APOLT (39% vs. 66%). Apenas 2 dos 12 (17%) pacientes<br />

tiveram sucesso total com APOLT (ou seja, sobrevida do paciente,<br />

regeneração do fígado, retirada da imunossupressão e remoção do<br />

enxerto). Um desses dois pacientes apresentava sequelas neurológicas.<br />

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