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edição de 2 de setembro de 2019

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MercAdo<br />

empo<strong>de</strong>ramento <strong>de</strong> minorias.<br />

Para a procuradora, é por<br />

isso que o Conexão trabalha<br />

também com advogados e empresas,<br />

para que espelhem o<br />

compromisso. “É preciso que<br />

as contratantes saibam o que<br />

está acontecendo e estejam<br />

envolvidas no projeto”, diz.<br />

Para ela, a socieda<strong>de</strong> está “reconhecendo<br />

o racismo estrutural”<br />

e ações afirmativas vão<br />

além <strong>de</strong> cotas.<br />

“Não é só contratar, é na verda<strong>de</strong><br />

permitir inclusão e conscientizar<br />

o seu RH e os <strong>de</strong>mais<br />

colaboradores que essa equida<strong>de</strong><br />

é uma necessida<strong>de</strong> para que<br />

tenhamos ambientes <strong>de</strong> trabalho<br />

saudáveis, que reflitam a<br />

realida<strong>de</strong> brasileira”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.<br />

Questionado sobre abrir mão<br />

<strong>de</strong> uma conta, assim como a FCB<br />

fez, Laloum fala que enten<strong>de</strong> a<br />

educação como uma ferramenta<br />

po<strong>de</strong>rosa. “Em um primeiro<br />

momento, essa seria a nossa reação<br />

para ilustrar a esse cliente<br />

quais são os nossos valores. Porém<br />

enten<strong>de</strong>mos que a saú<strong>de</strong> do<br />

nosso negócio, que é formado<br />

por pessoas, é nosso principal<br />

ativo, portanto, estamos em um<br />

caminho on<strong>de</strong> cada vez mais<br />

tomamos atitu<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>ixem<br />

claro a tolerância zero que temos<br />

ao <strong>de</strong>srespeito à dignida<strong>de</strong><br />

humana”, afirma Laloum.<br />

Nesse sentido, o MPT enten<strong>de</strong><br />

a contratação às cegas como<br />

uma solução secundária, já que<br />

esta não seria uma forma efetiva<br />

<strong>de</strong> garantir a diversida<strong>de</strong> na<br />

equipe, uma vez que os selecionados,<br />

mesmo <strong>de</strong> forma oculta,<br />

po<strong>de</strong>m vir a ter o mesmo perfil.<br />

“Eu direciono para os negros,<br />

mas eu só quero USP. Aí, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

da carreira, você não<br />

vai achar”, diz Valdirene.<br />

“Uma contratação às cegas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo sem garantir<br />

no resultado o acesso <strong>de</strong>sses<br />

profissionais acaba selecionando<br />

os mesmos perfis que<br />

não privilegiam a diversida<strong>de</strong>.<br />

Após uma seleção direcionada,<br />

que inclua profissionais negros<br />

e garanta o equilíbrio étnico, a<br />

contratação às cegas é muito<br />

bem-vinda”, aponta Laloum.<br />

Segundo Andrea, para uma<br />

contratação às cegas funcionar,<br />

é preciso levar em conta alguns<br />

pontos cruciais. “Fazer às cegas<br />

com o branco que estudou<br />

nas escolas <strong>de</strong> sempre, não é às<br />

cegas. Precisa ser <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />

Aqui, só fazemos para o 20/20<br />

e funcionou superbem”, comenta<br />

ressaltando que o viés<br />

inconsciente do branco vai influenciar<br />

no resultado do pro-<br />

Y&R abriu suas portas para o Movimento Conexão Negra, com profissionais <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> diferentes agências e veículos<br />

Carlos Fernan<strong>de</strong>s, gerente <strong>de</strong> Insights, e Camilla Oliveira, analista <strong>de</strong> Insights na Mutato<br />

Fotos: Divulgação<br />

“Fazer às cegas<br />

com o braNco<br />

que estudou Nas<br />

escolas <strong>de</strong> sempre,<br />

Não é às cegas”<br />

cesso, se não houver o cuidado<br />

necessário.<br />

Para Andrea, se a questão<br />

humanitária e inclusiva não<br />

for suficiente para o contratante,<br />

<strong>de</strong>ve-se levar em conta<br />

os ganhos para o negócio. “Um<br />

publicitário não po<strong>de</strong> criar ou<br />

querer ven<strong>de</strong>r o produto do seu<br />

cliente sem olhar para 54% da<br />

população”, diz.<br />

Opinião semelhante à <strong>de</strong> Passamani.<br />

“Se você ven<strong>de</strong> para a<br />

população brasileira, você tem<br />

um percentual <strong>de</strong> consumidores<br />

que é negro. Se você acha<br />

que enten<strong>de</strong> tudo sobre eles,<br />

talvez <strong>de</strong>vesse conhecê-los<br />

para po<strong>de</strong>r enten<strong>de</strong>r e um jeito<br />

fácil <strong>de</strong> conhecer o seu consumidor<br />

é ter gente na equipe<br />

que é o seu consumidor [...] A<br />

nossa indústria é feita <strong>de</strong> gente.<br />

No fim do dia, o que nós ven<strong>de</strong>mos<br />

é o produto que sai da cabeça<br />

e dos braços das pessoas”,<br />

conclui.<br />

O Conexão Negra terá duração<br />

<strong>de</strong> dois anos e, até lá, o Ministério<br />

Público do Trabalho vai<br />

avaliar o que se teve <strong>de</strong> avanço<br />

e a efetivida<strong>de</strong> conquistada<br />

com essa estratégia.<br />

36 2 <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark

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