Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Perspectiva pliniana da História<br />
Em dado momento, em meio ao<br />
fragor do bombardeiro, ouve-se um<br />
piedoso hino sacral procedente do alto<br />
da torre do santuário, comunicando<br />
novo ânimo aos seus defensores.<br />
Desde então, tornou-se costume ouvir<br />
todos os dias, em meio à luta, os<br />
hinos que emanavam da torre sólida<br />
e majestosa. Os suecos, com isso, tanto<br />
mais se enfureciam, pois entendiam<br />
como uma manifestação de desprezo<br />
por eles.<br />
O cântico de hinos indica, naturalmente,<br />
alegria, festa, despreocupação,<br />
ou então, luta. Ali, não. Eram<br />
hinos religiosos, enquanto os protestantes<br />
estavam se lançando ao combate.<br />
O que não fica claro nesta narração<br />
é se esses hinos eram entoados<br />
por monges do mosteiro ou por<br />
Anjos. Porque, como veremos mais<br />
adiante, aparecerá de modo resplandecente<br />
o caráter milagroso da defesa.<br />
Entretanto, podemos imaginar<br />
o efeito bonito produzido pelos canhões<br />
troando, o barulho da batalha<br />
enquanto do alto da torre majestosa<br />
evolam hinos. É uma coisa realmente<br />
bonita!<br />
Equipes de prevenção foram distribuídas<br />
nas bases dos telhados a fim de<br />
dar combate às bombas incendiárias<br />
lançadas pelo inimigo. Algumas destas<br />
rebatiam nos telhados e caíam para<br />
fora dos muros. Uma bomba lançada<br />
contra a capela onde se encontra<br />
o milagroso quadro de Nossa Senhora<br />
de Czestochowa, como se fosse tocada<br />
por uma força invisível, voltou-se contra<br />
o campo inimigo, espalhando um<br />
terrível fogo pelos ares.<br />
Isso é bonito também: o teto da<br />
capela repele aquela bomba sacrílega,<br />
como uma raquete rebate uma<br />
bola. Então, aquela bomba vai cair<br />
no campo do adversário.<br />
O senhor Piotr Czarniecki, Castelão<br />
de Kiev, um dos cinco nobres que<br />
participavam da defesa de Jasna Gora,<br />
distinguido em guerras anteriores,<br />
decidiu dar um golpe de audácia nos<br />
suecos. Saindo à noite com um destacamento<br />
de soldados, conseguiu colocar-se<br />
na retaguarda do acampamento<br />
dos inimigos, sem que esses o notassem,<br />
e fez um belo trabalho: matou<br />
o comandante da artilharia, vários<br />
oficiais e muitos soldados e, tendo<br />
capturado dois canhões, voltou para o<br />
interior dos muros.<br />
Chamo a atenção para o lado<br />
combativo do espírito católico. É<br />
um autêntico católico que luta como<br />
um grande batalhador. Isso tudo para<br />
espadanar com aquela noção do<br />
católico mole e imbecil apresentada<br />
pela “heresia branca” 1 . Pode-se e<br />
deve-se ser muito religioso, e quando<br />
se é verdadeiramente muito piedoso,<br />
se é um guerreiro de primeira<br />
classe. Esta é a tese sobre a qual jamais<br />
será suficiente insistir.<br />
Aproveitando a confusão e o pânico<br />
que se estabeleceram entre os suecos,<br />
e tendo muitos deles saído a campo<br />
aberto, os canhões de Jasna Gora<br />
completaram o golpe de Czarniecki,<br />
eliminando outros sitiantes. Czarniecki<br />
perdeu apenas um de seus homens<br />
na expedição.<br />
A vida religiosa bem<br />
levada prepara o herói<br />
Miller, convencendo-se de que não<br />
lhe seria fácil tomar a fortaleza, enviou<br />
mensagem a Wittenberg, comandante<br />
dos exércitos suecos em Cracóvia,<br />
pedindo que lhe enviasse canhões<br />
de potência suficiente para romper as<br />
muralhas, e lhe reforçasse o número<br />
de infantes.<br />
É o fracasso, portanto, do General<br />
Miller. Ele, com suas tropas iniciais,<br />
ameaçou e não conseguiu nada,<br />
teve que pedir reforços. Jasna<br />
Gora, que não tinha quem a defendesse,<br />
estava ganhando a batalha.<br />
Paralelamente, um nobre polonês,<br />
respeitável pela idade e pela linhagem,<br />
à primeira vista insuspeito, é enviado<br />
à fortaleza para tentar persuadir seus<br />
defensores a se renderem. Veio propor<br />
a capitulação, pois lhe parecia uma<br />
Divulgação (CC3.0)<br />
pretensão desmedida querer opor-se<br />
um mosteiro ao poderio sueco, quando<br />
o país inteiro se havia dobrado. Em<br />
seguida, dá um conselho de “amigo”:<br />
“A continuação da resistência só poderá<br />
suscitar a violência da vingança.<br />
É melhor entrar em acordo com o inimigo<br />
enquanto o mosteiro está inteiro.<br />
Procedam como os outros, se tendes<br />
amor a vosso bem. Aliás, a arma<br />
de uma Ordem Religiosa é se abster de<br />
questões temporais. O que tendes de<br />
comum com as turbulências da guer-<br />
Jasna<br />
Gora<br />
10