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Gesta marial de um varão católico<br />
bitada, ao mesmo tempo,<br />
por uma prostituta<br />
que ali exerce seu<br />
ofício. Alguém diria:<br />
“Bem, elas estão em<br />
quartos diferentes. No<br />
total, a mãe de família<br />
não nota.” Não é possível.<br />
Onde está uma, a<br />
outra só fica em estado<br />
ultrajado e diminuído.<br />
Diante do relativismo,<br />
a graça só fica em<br />
estado coarctado e humilhado.<br />
Nossa Senhora deu-<br />
-me a graça de odiar o<br />
relativismo com toda a<br />
minha alma. Porque no<br />
pecado declarado perdem-se<br />
os ruins, no relativismo<br />
se perdem os<br />
bons. Sempre me pareceu<br />
tremendamente<br />
triste, sinistro que um<br />
homem desse a sua vida<br />
para um ideal e o<br />
servisse mediocremente.<br />
E depois tivesse um<br />
resultado pífio. Então<br />
ele viveu para o pífio?<br />
Flávio Lourenço<br />
Isso é viver ou é agonizar a vida inteira,<br />
sem glória e na lama?<br />
Se há uma coisa que nossa vocação<br />
não permite é o relativismo. Assim<br />
como a Companhia de Jesus foi<br />
constituída contra o Protestantismo,<br />
os franciscanos contra o espírito de<br />
corrupção do uso das riquezas terrenas,<br />
os dominicanos contra as heresias,<br />
e daí por diante, assim fomos<br />
suscitados contra o relativismo. Logo,<br />
habitar uma gota de relativismo<br />
em nossas almas não é um erro, é<br />
uma aberração!<br />
Essa seriedade que chega às últimas<br />
consequências é nossa vocação.<br />
Nossa força de impacto está no grau<br />
em que tenhamos deixado longe de<br />
nós o relativismo. Concessão ao relativismo<br />
dá em tibieza, apostolado<br />
estéril.<br />
Virgem da Aurora - Ermida da Aurora, Lucena, Espanha<br />
O que diríamos de um jesuíta semiprotestante?<br />
Ou de um franciscano<br />
que guarde moedas ocultas debaixo<br />
de seu burel? Ou de um dominicano<br />
meio cátaro? É um absurdo!<br />
Pois bem, uma concessão ao relativismo<br />
que habite em nossa alma<br />
é pior do que isso.<br />
Necessidade de ter<br />
a consciência em<br />
estado de exame<br />
Sugiro fazer um exame de consciência<br />
centrado no ponto do relativismo:<br />
“Sou inteiramente sério para esperar<br />
que aquilo que eu faça seja totalmente<br />
coroado do êxito esperado?”<br />
Que êxito é esse? Se sou sério,<br />
não é um êxito de imediato, mas profético,<br />
cheio de vaivéns, de problemas,<br />
em face dos quais<br />
tudo sai errado, exigindo<br />
que eu confie na<br />
Providência, reze, peça<br />
o auxílio de Nossa Senhora<br />
e, afinal de contas,<br />
mais cedo ou mais<br />
tarde – por vezes muito<br />
tarde... – acaba-se conseguindo.<br />
Então a coisa<br />
vai bem. Mas é preciso<br />
fazer um exame de<br />
consciência sério, do<br />
contrário não vai.<br />
Aliás, mais do que<br />
isso é preciso ter uma<br />
seriedade viva, de maneira<br />
que qualquer coisa<br />
que destoe desse estado<br />
de espírito a seriedade<br />
nota. É uma<br />
consciência em estado<br />
de exame, não é só um<br />
exame de consciência.<br />
Eis o que nós devemos<br />
desejar.<br />
Talvez um ou outro<br />
pensará: “Onde encontrarei<br />
a energia, o espírito<br />
de sacrifício para ser<br />
assim? Eu não consigo.”<br />
A este eu teria vontade de dizer:<br />
“Meu filho, eu passei por isso. Saia<br />
como creio que saí, rezando Salve,<br />
Regina, Mater misericordiæ, vita dulcedo<br />
et spes nostra, salve!” Onde eu percebo<br />
que sou tão inconsistente que<br />
não dou um passo, devo olhar amorosamente<br />
para Nossa Senhora e pedir:<br />
“Minha Mãe, vede onde me deixei<br />
cair. Mas sinto o convite para me integrar<br />
nesse voo que passa diante de<br />
meus olhos. E se é verdade que não<br />
quero, ao menos, por vossa intercessão,<br />
é verdade que eu quereria.”<br />
Lembro-me de ter rezado assim e<br />
até ter dito: “Minha Mãe, eu quereria<br />
querer. Nem tenho coragem de Vos pedir<br />
que eu queira mesmo. Mas atendei<br />
a esse meu anseio de que eu quereria<br />
querer. Fazei-me querer e depois ser:<br />
Salve, Regina, Mater misericordiæ…”<br />
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