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Revista Dr Plinio 263

Fevereiro de 2020

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obra aos olhos de Deus, dos Anjos e<br />

dos homens, uma risota da Revolução<br />

e um vexame a mais a pesar nas costas<br />

cansadas da Contra-Revolução.<br />

Eu me levantaria do desastre com<br />

a impressão de ter cumprido o meu<br />

dever, e ele sairia edificado, porque<br />

não tomaria consciência do que faltou<br />

e do que deixei entrever. Mas na<br />

hora do julgamento – e é por isso que<br />

falo da justiça de Deus e da grandeza<br />

da morte – eu seria interrogado:<br />

— Presta as tuas contas!<br />

Eu olharia para Nossa Senhora e<br />

A veria gélida. Só não me desintegraria<br />

porque o poder de Deus não<br />

me daria meios para isso. Se Nossa<br />

Senhora está fria comigo, acabou.<br />

— Por exemplo, em tal hospital…<br />

– continuaria o Divino Juiz.<br />

— Senhor, eu estava inconsciente!<br />

— Agora Eu vou te explicar. Em tal<br />

ocasião Eu te dei tal graça, depois tal<br />

outra, porque te queria de tal maneira.<br />

Queria que fosses isto. Tu respondeste<br />

e passaste por essa ocasião de modo insuficiente.<br />

Não manifestaste a tua alma<br />

como ela deveria estar. Não tinhas culpa<br />

naquela hora, tinhas culpa na causalidade.<br />

O efeito era tua culpa porque a<br />

causa era tua culpa. Estava em ti aquela<br />

graça mal correspondida. Agora presta<br />

contas! Aconteceu isto e aquilo, deixou<br />

de acontecer isto e aquilo. A culpa<br />

é tua. Em última análise, teu espírito<br />

deveria ter sido mais absoluto, mais<br />

categórico, ter sabido chegar com mais<br />

ímpeto às últimas consequências e vê-<br />

-las mais claramente. Ficaste a oitenta,<br />

a noventa por cento do caminho, a cem<br />

não chegaste, e era nos cem que Eu te<br />

esperava. Terás a minha misericórdia,<br />

mas experimentarás antes o meu desagrado.<br />

O que teria faltado? Superficialidade<br />

foi a causa. O espírito não foi a<br />

fundo, não aderiu, não se persuadiu<br />

como devia porque não prestou atenção<br />

e não se enlevou como devia.<br />

Até que ponto devemos<br />

lutar contra o relativismo?<br />

Deus continuaria:<br />

— Houve um momento primeiro<br />

em que o lumen rationis 4 acendeu em<br />

teu espírito tal conclusão que o discernimento<br />

interno dado por Mim te<br />

fez ver. Aquilo tu deverias ter amado.<br />

Porém, por causa de tal bagatela,<br />

de tal egoísmo, de tal outra tolice fizeste<br />

exatamente o contrário. Resultado:<br />

todo o ritmo ficou prejudicado.<br />

Dei-te depois outras graças, tu as recusaste<br />

de tal maneira. Aqui está a<br />

tua história. Olha para os teus passos;<br />

pode ser que ao longo do caminho<br />

até tenham saído estrelas, mas<br />

uma sombra também se projetou.<br />

Eu estou aqui para te pedir contas<br />

dessa sombra.<br />

Por que digo isto com esta ênfase?<br />

Pela saturação de ver, desde nem sei<br />

quando, espíritos superficiais pensarem<br />

que cumprindo o dever mais ou menos,<br />

às pressas, sem aprofundamento, sem<br />

adesão inteira da alma, por trivialidade,<br />

cumprem-no completamente, e julgam<br />

bastar a ação externa para que a obra<br />

esteja inteiramente boa. Pensam eles:<br />

“Se não fiz externamente tais atos, se<br />

não consenti internamente em tais coisas,<br />

estou perfeito.” Para manter o estado<br />

de graça, eu creio bem que sim. Mas<br />

basta manter o estado de graça quando<br />

se é chamado para uma vocação como<br />

a nossa? Até que ponto está firme<br />

no estado de graça uma alma que acha<br />

bastar-lhe estar em estado de graça?<br />

Eis a pergunta. Até que ponto devemos<br />

lutar contra essa fraude a nós mesmos,<br />

que é o relativismo?<br />

O que é o relativismo propriamente?<br />

Quando as graças do Batismo vão<br />

se tornando a nós conscientes e vamos<br />

vendo no ímpeto de nosso senso do ser,<br />

vamos imaginando desde logo as coisas<br />

com toda a perfeição possível – intuitivamente,<br />

mas tão verazmente – e nossa<br />

alma voa para aquilo; nós vemos coi-<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> tomando refeição em seu apartamento, em 9 de abril de 1975<br />

Arquivo <strong>Revista</strong><br />

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