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Vicente Torres<br />
o Papa Pio VI, muito doente, foi arrastado à força pelos revolucionários<br />
franceses e levado prisioneiro para a França.<br />
Ao chegar à cidade de Valence, o povo queria vê-lo,<br />
aglutinado do lado de fora da casa onde o Pontífice estava.<br />
Ele se arrastou até o terraço para evitar uma agressão<br />
do povo e apresentou-se dizendo “Ecce homo – Eis o homem”,<br />
que foram as palavras com as quais Pôncio Pilatos<br />
apresentou ao populacho revoltado Nosso Senhor flagelado,<br />
coroado de espinhos, com o manto da ignomínia e a<br />
cana de bobo na mão. Pio VI, para significar como estava<br />
reduzido a quase nada, disse de si mesmo que estava como<br />
Nosso Senhor. É uma coisa que um Vigário de Cristo<br />
pode dizer, quando se encontra nessa situação tristíssima.<br />
Quando ele morreu, muitos tiveram a loucura de pensar<br />
que não haveria mais papas e a Igreja Católica iria<br />
sumindo aos poucos. O Imperador da Áustria era senhor<br />
de Veneza naquele tempo e resolveu realizar um conclave<br />
para os cardeais elegerem um novo pontífice. O soberano<br />
proporcionou todas as condições para que o conclave<br />
se realizasse nessa ilha, e ali foi eleito Pio VII como papa.<br />
A partir da Ilha de São Jorge, a distância de Veneza se<br />
faz sentir menos do que da Ilha Giudecca. Portanto, não<br />
é ainda verdade dizer que a cidade serve de mera moldura<br />
ao mar. Pelo contrário, Veneza e o mar se completam,<br />
um embeleza o outro.<br />
Para melhor avaliar a beleza desse panorama, imaginem<br />
que uma empresa colossal resolvesse propor ao Governo<br />
italiano, por razões de transporte, desviar esse braço<br />
de mar, e construísse em cima disso uma avenida de asfalto.<br />
Podemos imaginar a feiura que isso teria? Por outro<br />
lado, se estourasse uma guerra que destruísse Veneza, por<br />
causa desse mar valeria a pena ir ali? Entretanto, a conjunção<br />
Veneza-mar atrai turistas do mundo inteiro.<br />
Triunfo da Cruz sobre o crescente do Islã<br />
Temos uma vista da Praça de São Marcos que pode<br />
ser melhor admirada em horas em que está menos tomada<br />
por turistas. Notem a enorme diferença de estilos<br />
existente entre o campanário e a basílica. Contudo, vejam<br />
que variedade agradável isso ocasiona. É uma verdadeira<br />
beleza! Como o jeito, à maneira de bengala, dessa<br />
torre dura, forte e alta contrasta com o rendilhado<br />
gracioso, amável, da basílica! Cada coisa realça a beleza<br />
da outra e forma um conjunto lindíssimo.<br />
A “Torre do Relógio” é um dos monumentos mais famosos<br />
de Veneza. Ele se compõe de um corpo central onde<br />
se encontra o relógio que dá o nome ao edifício, e dois<br />
andares laterais bonitos, mas muito mais discretos, deixando<br />
todo o realce ao prédio principal, servindo-lhe de<br />
moldura, pois ainda que não houvesse essas edificações<br />
em volta, essa parte já constituiria uma torre.<br />
O relógio é muito bonito. O quadrante é de um azul<br />
bem escuro com desenhos em dourado e os números estão<br />
inscritos em círculos de pedra. Em cada ângulo encontra-se<br />
uma pequena circunferência vazada.<br />
A torre é fundamentalmente uma homenagem a Nossa<br />
Senhora. Na parte mais visível dela está a Santíssima<br />
Virgem com o Menino Jesus. Por ocasião do Natal, entram<br />
em cena os Reis Magos precedidos por um Anjo –<br />
movidos por um sistema mecânico –, e passam diante da<br />
Virgem-Mãe com seu Divino Filho para reverenciá-Los.<br />
Na construção da torre, Veneza não se esqueceu de si<br />
própria e colocou num lugar menos central, mas bastante<br />
evidente, o emblema da cidade: um leão alado, símbolo<br />
do Evangelista São Marcos, sob cujo patrocínio está a<br />
Sereníssima República.<br />
Esse é um prédio destinado à vida civil comum, não se<br />
trata de uma igreja. Entretanto, vejam como é impregna-<br />
Mariordo (CC3.0)<br />
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