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Revista Dr Plinio 263

Fevereiro de 2020

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Outro princípio é o seguinte: o<br />

Governo existe não principalmente<br />

para o bem dos corpos, mas para<br />

ajudar a Igreja na salvação das almas.<br />

Por isso o Estado deve reprimir<br />

as heresias, os pecados, e ser a força<br />

material a serviço da Santa Igreja<br />

Católica Apostólica Romana. Logo,<br />

o papel normal dos reis é abraçar<br />

a verdadeira Fé e levar os povos<br />

a aceitá-la.<br />

O terceiro princípio é o contrário<br />

da soberania popular pleiteada por<br />

Rousseau 2 , que exatamente inverte<br />

a ordem: é a doutrina da Revolução<br />

Francesa, por onde os que governam<br />

são dirigidos por aqueles que são governados.<br />

Um rei não é feito para<br />

fazer o que o povo quer, mas o poda<br />

Religião verdadeira contra as falsas,<br />

e é a seguinte:<br />

Todos aqueles que têm meios de<br />

conhecer a Igreja Católica, vivem<br />

num ambiente onde a Igreja existe<br />

e se fala dela, recebem a graça suficiente<br />

para desejarem conhecê-la e,<br />

correspondendo a essa graça, conhecerem-na<br />

e amarem-na de fato, vindo<br />

assim a se converterem. De maneira<br />

que não tem desculpa a pessoa<br />

que, dentro de um tempo e com<br />

uma idade razoável, embora havendo<br />

nascido fora da Igreja Católica<br />

Apostólica Romana, não acabe percebendo<br />

ser ela verdadeira.<br />

Deus não recusa a ninguém a graça<br />

sobrenatural da Fé, e todas as<br />

pessoas precisam corresponder a esse<br />

dom. Naturalmente isso não se diz<br />

exatamente assim das pessoas que<br />

vivem em países onde nunca se ouviu<br />

falar da Igreja, ou se ouviu falar<br />

tão vagamente que não existe esse<br />

atrativo para conhecê-la mais de<br />

perto e, portanto, para amá-la e aderir<br />

a ela. Mas em países onde ela é<br />

bastante conhecida, todos recebem<br />

a graça necessária e suficiente para<br />

se tornar católicos. Assim, o herege<br />

que não se torna católico é culpado<br />

disso.<br />

Nem se poderia conceber de outra<br />

maneira porque, se Nosso Senhor<br />

Jesus Cristo disse aos seus<br />

Apóstolos: “Ide e ensinai a todos<br />

os povos, batizando-os em nome do<br />

Pai e do Filho e do Espírito Santo”,<br />

acrescentando que quem crer será<br />

salvo e quem não crer será condenado<br />

(cf. Mt 28, 19; Mc 16, 16), nós<br />

não podemos imaginar que as pessoas<br />

não tenham graças para entrar<br />

na Igreja. Seria uma brincadeira<br />

ou uma contradição se Ele dissesse:<br />

“Aqui está a Igreja, todo mundo<br />

deve entrar nela, mas a graça indispensável<br />

para isso Eu não dou<br />

senão a alguns.” Mas a obra d’Ele,<br />

sendo sapientíssima e perfeitíssima,<br />

tem de atingir naturalmente a sua<br />

finalidade. E sendo essa finalidade<br />

que os homens entrem para a Igreja,<br />

lhes é dada a graça suficiente para<br />

isso; e quando a recusam, eles<br />

têm culpa.<br />

Na época da Civilização<br />

Cristã, as igrejas<br />

heréticas não podiam<br />

ter forma exterior<br />

de templos<br />

Gondebaud - Genebra, Suíça<br />

Moumou82 (CC3.0)<br />

Mais culpa ainda tem o<br />

herege que foi católico e<br />

abandona a Igreja Católica,<br />

porque esse recebe com o<br />

Batismo a graça infusa da<br />

Fé e, por meio do pecado<br />

mortal mais grave que se<br />

possa cometer, que é o<br />

de apostasia, ele abandona<br />

a Santa Igreja.<br />

Portanto, dizer que um católico<br />

abandonou a Igreja sem culpa: “Coitado,<br />

ele não entendeu tal argumento,<br />

conversou com um pastor protestante<br />

que o convenceu, mas estava<br />

de boa-fé”; isso não vale. Todos têm<br />

graça suficiente para permanecer na<br />

Igreja Católica. E se uma pessoa sucumbe<br />

aos sofismas de um pastor<br />

protestante, de um agitador comunista<br />

ou de qualquer outro herege,<br />

há uma responsabilidade própria.<br />

Embora ninguém tenha o direito,<br />

propriamente dito, de fazer o mal e<br />

professar o erro, a Igreja sempre recomendou<br />

que não se obrigasse uma<br />

pessoa a mudar de religião, mesmo<br />

porque não adiantaria nada. Se digo<br />

a um herege: “Você crê ou morre”,<br />

para não morrer ele dirá que acredita,<br />

mas por dentro continua a não<br />

crer. Seria, portanto, uma estupidez.<br />

De maneira que a Igreja sempre recomendou<br />

que se tolerasse – mas tolerar<br />

é muito diferente de permitir<br />

– que os hereges praticassem o seu<br />

culto.<br />

Isso tem como consequência<br />

que, nos tempos da Civilização<br />

Cristã, as igrejas que não eram católicas<br />

não podiam ter forma exterior<br />

de templos. Ainda na época do<br />

Império no Brasil, igreja protestante<br />

ou qualquer outra tinha que funcionar<br />

numa casa comum. Esse é<br />

um princípio que nós vemos lembrado<br />

aqui.<br />

O Estado deve ser a força<br />

material a serviço da Igreja<br />

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