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Outro princípio é o seguinte: o<br />
Governo existe não principalmente<br />
para o bem dos corpos, mas para<br />
ajudar a Igreja na salvação das almas.<br />
Por isso o Estado deve reprimir<br />
as heresias, os pecados, e ser a força<br />
material a serviço da Santa Igreja<br />
Católica Apostólica Romana. Logo,<br />
o papel normal dos reis é abraçar<br />
a verdadeira Fé e levar os povos<br />
a aceitá-la.<br />
O terceiro princípio é o contrário<br />
da soberania popular pleiteada por<br />
Rousseau 2 , que exatamente inverte<br />
a ordem: é a doutrina da Revolução<br />
Francesa, por onde os que governam<br />
são dirigidos por aqueles que são governados.<br />
Um rei não é feito para<br />
fazer o que o povo quer, mas o poda<br />
Religião verdadeira contra as falsas,<br />
e é a seguinte:<br />
Todos aqueles que têm meios de<br />
conhecer a Igreja Católica, vivem<br />
num ambiente onde a Igreja existe<br />
e se fala dela, recebem a graça suficiente<br />
para desejarem conhecê-la e,<br />
correspondendo a essa graça, conhecerem-na<br />
e amarem-na de fato, vindo<br />
assim a se converterem. De maneira<br />
que não tem desculpa a pessoa<br />
que, dentro de um tempo e com<br />
uma idade razoável, embora havendo<br />
nascido fora da Igreja Católica<br />
Apostólica Romana, não acabe percebendo<br />
ser ela verdadeira.<br />
Deus não recusa a ninguém a graça<br />
sobrenatural da Fé, e todas as<br />
pessoas precisam corresponder a esse<br />
dom. Naturalmente isso não se diz<br />
exatamente assim das pessoas que<br />
vivem em países onde nunca se ouviu<br />
falar da Igreja, ou se ouviu falar<br />
tão vagamente que não existe esse<br />
atrativo para conhecê-la mais de<br />
perto e, portanto, para amá-la e aderir<br />
a ela. Mas em países onde ela é<br />
bastante conhecida, todos recebem<br />
a graça necessária e suficiente para<br />
se tornar católicos. Assim, o herege<br />
que não se torna católico é culpado<br />
disso.<br />
Nem se poderia conceber de outra<br />
maneira porque, se Nosso Senhor<br />
Jesus Cristo disse aos seus<br />
Apóstolos: “Ide e ensinai a todos<br />
os povos, batizando-os em nome do<br />
Pai e do Filho e do Espírito Santo”,<br />
acrescentando que quem crer será<br />
salvo e quem não crer será condenado<br />
(cf. Mt 28, 19; Mc 16, 16), nós<br />
não podemos imaginar que as pessoas<br />
não tenham graças para entrar<br />
na Igreja. Seria uma brincadeira<br />
ou uma contradição se Ele dissesse:<br />
“Aqui está a Igreja, todo mundo<br />
deve entrar nela, mas a graça indispensável<br />
para isso Eu não dou<br />
senão a alguns.” Mas a obra d’Ele,<br />
sendo sapientíssima e perfeitíssima,<br />
tem de atingir naturalmente a sua<br />
finalidade. E sendo essa finalidade<br />
que os homens entrem para a Igreja,<br />
lhes é dada a graça suficiente para<br />
isso; e quando a recusam, eles<br />
têm culpa.<br />
Na época da Civilização<br />
Cristã, as igrejas<br />
heréticas não podiam<br />
ter forma exterior<br />
de templos<br />
Gondebaud - Genebra, Suíça<br />
Moumou82 (CC3.0)<br />
Mais culpa ainda tem o<br />
herege que foi católico e<br />
abandona a Igreja Católica,<br />
porque esse recebe com o<br />
Batismo a graça infusa da<br />
Fé e, por meio do pecado<br />
mortal mais grave que se<br />
possa cometer, que é o<br />
de apostasia, ele abandona<br />
a Santa Igreja.<br />
Portanto, dizer que um católico<br />
abandonou a Igreja sem culpa: “Coitado,<br />
ele não entendeu tal argumento,<br />
conversou com um pastor protestante<br />
que o convenceu, mas estava<br />
de boa-fé”; isso não vale. Todos têm<br />
graça suficiente para permanecer na<br />
Igreja Católica. E se uma pessoa sucumbe<br />
aos sofismas de um pastor<br />
protestante, de um agitador comunista<br />
ou de qualquer outro herege,<br />
há uma responsabilidade própria.<br />
Embora ninguém tenha o direito,<br />
propriamente dito, de fazer o mal e<br />
professar o erro, a Igreja sempre recomendou<br />
que não se obrigasse uma<br />
pessoa a mudar de religião, mesmo<br />
porque não adiantaria nada. Se digo<br />
a um herege: “Você crê ou morre”,<br />
para não morrer ele dirá que acredita,<br />
mas por dentro continua a não<br />
crer. Seria, portanto, uma estupidez.<br />
De maneira que a Igreja sempre recomendou<br />
que se tolerasse – mas tolerar<br />
é muito diferente de permitir<br />
– que os hereges praticassem o seu<br />
culto.<br />
Isso tem como consequência<br />
que, nos tempos da Civilização<br />
Cristã, as igrejas que não eram católicas<br />
não podiam ter forma exterior<br />
de templos. Ainda na época do<br />
Império no Brasil, igreja protestante<br />
ou qualquer outra tinha que funcionar<br />
numa casa comum. Esse é<br />
um princípio que nós vemos lembrado<br />
aqui.<br />
O Estado deve ser a força<br />
material a serviço da Igreja<br />
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