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Revista Dr Plinio 263

Fevereiro de 2020

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Editorial<br />

Fidelidade à<br />

Cátedra infalível<br />

O<br />

Papa Pio IX teve um primeiro período de seu governo no qual ele tomou uma série de medidas liberais,<br />

embora não tivesse cometido erros doutrinários nos seus documentos.<br />

Por essa razão, na Itália daquele tempo, pitoresca, proveitosa e eficientemente dividida<br />

em pequenos reinos, principados e cidades livres, os partidários da unificação, que precisavam de<br />

um brado para coligar e atrair para uma ação comum seus correligionários, passaram a bradar “Viva<br />

Pio IX”. Este brado recrutava nas ruas o que havia de mais revolucionário e cafajeste na luta contra<br />

aqueles pequenos tronos.<br />

Nessa situação difícil em que um Papa era, afinal de contas, um símbolo da Revolução, vivia um<br />

grande Santo, Dom Bosco, em cujos colégios penetrara também aquilo que se tinha convertido num<br />

brado de revolta. Então, São João Bosco deu a seguinte orientação: “É proibido gritar ‘Viva Pio IX!’<br />

Gritem: ‘Viva o Papa!’”<br />

É uma saída soberanamente inteligente, porque se é verdade que, de vez em quando, se possa gritar<br />

“Viva Pio IX!” ou outro nome qualquer, às vezes deve-se calar, por vezes chorar, e sempre rezar...<br />

Contudo, um brado que sempre deve ser dado é este: “Viva o Papa!”, “Viva o Papado!”<br />

Essa atitude de São João Bosco foi analisada no seu processo de canonização e não impediu que<br />

ele fosse canonizado, nem que sua obra fosse abençoada pela Providência de todos os modos.<br />

Na raiz disso está uma distinção muito importante entre a pessoa do Papa – sujeita a misérias humanas<br />

e a erros, em toda medida que não esteja implicada a infalibilidade – e, de outro lado, a instituição<br />

do Papado, inteiramente distinta da pessoa.<br />

Assim, a Festa da Cátedra de Pedro é extremamente oportuna, porque celebra o Papado enquanto<br />

tendo uma Cátedra infalível que se dirige ao mundo inteiro. É, portanto, a infalibilidade, a ortodoxia,<br />

aquilo por onde o Papado não erra nunca que é objeto dessa comemoração.<br />

Devemos, pois, oscular em espírito o Papado, esse princípio de sabedoria e infalibilidade da autoridade<br />

que governa a Igreja Católica Apostólica Romana. E, por meio de Nossa Senhora, agradecer<br />

a Nosso Senhor Jesus Cristo a instituição dessa Cátedra que é propriamente a coluna do mundo, porque<br />

se não houvesse a infalibilidade, a Igreja estaria destroçada e o mundo completamente perdido,<br />

porque os homens não encontrariam o caminho para o Céu.<br />

Entretanto, é mister lembrar que a fidelidade à Cátedra não se confunde com a aceitação incondicional<br />

do que faz a pessoa. Nosso Senhor Jesus Cristo estabeleceu uma distinção entre a Cátedra e a<br />

pessoa, e não podemos imaginar a Igreja como ela não foi feita por seu Divino Fundador.<br />

Portanto, nossa suprema fidelidade à Cátedra de Pedro deve consistir no seguinte: se o catedrático<br />

fizer algo que a Cátedra não ensinou, ficamos com a Cátedra até morrer, a exemplo de São João<br />

Bosco, notando sempre que não pode haver uma fidelidade abstrata ao Papado que não corresponda<br />

a uma fidelidade concreta ao Papa reinante, em toda a medida que ele seja infalível e detenha o poder<br />

de governar e reger a Igreja Católica.*<br />

* Cf. Conferência de 21/2/1964.<br />

Declaração: Conformando-nos com os decretos do Sumo Pontífice Urbano VIII, de 13 de março de 1625 e<br />

de 5 de junho de 1631, declaramos não querer antecipar o juízo da Santa Igreja no emprego de palavras ou<br />

na apreciação dos fatos edificantes publicados nesta revista. Em nossa intenção, os títulos elogiosos não têm<br />

outro sentido senão o ordinário, e em tudo nos submetemos, com filial amor, às decisões da Santa Igreja.<br />

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