Revista Newslab Edição 163
Revista Newslab Edição 163 - Dezembro/Janeiro 2021
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Introdução<br />
A Anemia Falciforme (AF) é uma doença<br />
hemolítica autossômica recessiva, que se<br />
faz presente nos indivíduos homozigóticos<br />
para Hemoglobina S (HbS). É originada<br />
devido a uma mutação que ocorre na posição<br />
6 da extremidade N – terminal do<br />
cromossomo 11, onde ocorre a substituição<br />
de um ácido glutâmico pela valina. A HbS<br />
tem como objetivo fazer a poli•merização<br />
dos eritrócitos em condições de hipóxia, fazendo<br />
com que esses assumam o formato<br />
de foice. Essa interação dificulta que a circulação<br />
adequada dessas hemácias ocorra<br />
na corrente sanguínea, como resultado a<br />
comprometimento no transporte de oxigênio<br />
celular e tecidual, além de contribuir<br />
para o processo de vaso-oclusão devido a<br />
aderência dessas células no endotélio vascular,<br />
ocasionando processos inflamatórios<br />
e infecciosos. (ALMEIDA et al, 2017).<br />
Podem ocorrer ainda, algumas formas<br />
heterozigóticas, representadas pelas<br />
associações de HbS com outras variantes<br />
de hemoglobinas, tais como: HbC,<br />
HbD, HbE; as interações com a talassemia<br />
e a persistência hereditária da hemoglobina<br />
fetal. (ALMEIDA et al, 2017;<br />
FERREIRA et al, 2018).<br />
A falcização pode ser revertida pelo aumento<br />
da pressão parcial de O2, contudo,<br />
sucessivas falcizações alteram a estrutura<br />
da membrana da hemácia, favorecendo<br />
a formação da célula, irreversivelmente,<br />
falcizada. (FERREIRA et al, 2018).<br />
O diagnóstico para a Anemia Falciforme<br />
deve ser realizado antecipadamente<br />
pela triagem neonatal, que consiste no<br />
método de rastreamento na população<br />
de 0 a 28 dias de vida, pela análise do<br />
gene Beta e posterior análise clínica, e<br />
também em testes de triagem, utilizados<br />
para realizar um pré-diagnóstico<br />
desta doença, os exames usados para o<br />
diagnóstico são: Triagem Neonatal, Hemograma,<br />
Teste de Falcização, Dosagem<br />
de Hemoglobina Fetal e Hemoglobina<br />
A2, Teste de Solubilidade, Imunoensaio,<br />
e Focalização Isoelétrica. (Sarat CN et al,<br />
2019; JUNIOR et al, 2015). Sendo assim,<br />
o objetivo do presente trabalho é relatar<br />
um caso de uma paciente com Anemia<br />
Falciforme, descrevendo os sinais fisiopatológicos<br />
e determinando o perfil hematológico<br />
nesta paciente.<br />
Tabela 1: Resultados dos hemogramas<br />
Relato de Caso<br />
Paciente do sexo feminino, 45 anos de<br />
idade, negra, originária de Viamão - RS,<br />
relata que foi diagnosticada com Anemia<br />
Falciforme a partir dos 9 meses de<br />
idade, pois já havia tido pneumonia e<br />
estava com meningite.<br />
A paciente conta que, nos últimos anos<br />
as crises de dores características da<br />
AF, ocorrem a cada 6 meses, e eventualmente<br />
crises no pulmão, mas que<br />
atualmente está mais controlado. Seu<br />
irmão mais novo também era portador<br />
da Anemia Falciforme, mas faleceu aos<br />
5 meses de idade em um episódio de<br />
sequestro esplênico.<br />
Paciente relata que sente dores nos<br />
ossos diariamente. É aposentada por<br />
invalidez desde 2002, e em casa possui<br />
ajuda, pois não pode realizar as tarefas<br />
domésticas.<br />
Na tabela 1, apresenta-se os últimos<br />
hemogramas realizados pela paciente<br />
com as respectivas datas.<br />
HEMATOLOGIA<br />
Os portadores de anemia falciforme não<br />
apresentam sintomas nos primeiros seis<br />
meses de vida, por terem a presença de<br />
hemoglobina fetal (HbF), isso em concentrações<br />
superiores às encontradas nos<br />
adultos, que é de 1% - 2%. Ocorre após<br />
esse período, a síntese das cadeias gama,<br />
formadoras da HbF, que é substituída pelas<br />
cadeias beta ocorrendo a estabilização<br />
na produção de globinas. Como resultado<br />
disto, a HbS passa a ser produzida em<br />
quantidade maior, e o indivíduo perde a<br />
proteção da HbF. (LEAL et al, 2017)<br />
<strong>Revista</strong> NewsLab | Dez/Jan 2021<br />
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