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Elas por elas 2012

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.

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lência contra a mulher, criar mais juizados,

formar juízes, magistrados, Ministério

Público, Defensoria Pública que

atendam casos de violência, para que

eles percebam que não é um crime

como qualquer outro. Precisa-se cumprir

a lei, para que depois a gente possa

apontar o que deve ser melhorado. O

que não pode é ser negada na sua dimensão

prática.

Elas por Elas - Qual foi o objetivo

da audiência que vocês participaram,

em outubro do ano passado,

na Comissão Interamericana

de Direitos Humanos?

Periodicamente, temos de informar

à Comissão como está o andamento

da Lei Maria da Penha no Brasil. E nós

levamos exatamente estes pontos: primeiro,

a demora do Supremo Tribunal

Federal em julgar os crimes. Informamos

também um número muito baixo de

juizados especializados de violência doméstica,

porque os tribunais demoram

a criar, ou resistem a criar, o que é

ruim para as mulheres.

Elas por Elas - De quem é a

obrigação de criar esses juizados?

Dos tribunais de justiça. Eles têm de

prever recursos para criá-los, em conformidade

com a lei. Levamos também

a ausência de uma estatística nacional

sobre a lei Maria da Penha. Não temos

dados oficiais nacionais. Não há um

cadastro nacional que permita dizer:

em todo o Brasil, foram julgados tantos

mil processos referentes à lei Maria da

Penha, foram expedidas tantas liminares,

tantas medidas protetivas, prisões. Quer

dizer, isso é uma debilidade que precisa

ser sanada. Precisamos ter uma ideia

do volume de processos para poder

pensar inclusive em políticas. E levamos

também esse ponto da rede de atendimento

que ainda é insuficiente para a

necessidade das mulheres. A Comissão

deve fazer um relatório, e tão logo a

gente o receba, vamos dar publicidade.

Elas por Elas - Alguns especialistas

dizem que as dificuldades

de efetivação da lei também se

devem à ideologia patriarcal dominante

em nossa sociedade, inclusive

no meio jurídico. Você concorda

com esse ponto de vista?

Com certeza. Vivemos numa sociedade

ainda muito machista, que tem dificuldades

em compreender que as relações

entre homens e mulheres devem

ser igualitárias, respeitosas. E esse pensamento,

particularmente no campo da

violência doméstica, tem uma longa tradição

no campo do direito. Basta lembrar

que até muito pouco tempo atrás se absolviam

homens que matavam por suposta

legítima defesa da honra. Havia

uma condescendência com esse tipo de

comportamento masculino. Hoje não se

admite mais isso, mas o tipo de ideologia,

ou seja, esse tipo de pensamento não

mudou totalmente. Quer dizer, essa cultura

machista está enraizada nessa sociedade

que as feministas chamaram de

sociedade patriarcal, onde o poder masculino

é muito forte e se exerce sobre as

mulheres. Isso vem mudando, com certeza,

mas ainda permanecem as desigualdades

que precisam ser enfrentadas

e superadas.ø

Revista Elas por Elas - março 2012 33

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