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entrevista<br />
JORGE LOPO CANCELLA DE ABREU<br />
MANAGING PARTNER DA TEAM-UP INTERNATIONAL TRAINING & CONSULTING<br />
TODOS OS SETORES ESTÃO<br />
A TRANSFORMAR-SE PARA<br />
FOCAR O SERVIÇO NO CLIENTE<br />
NUMA FASE EM QUE NOS LIBERTAMOS A POUCO E POUCO DA PANDEMIA, MAS QUE, EM SIMULTÂNEO,<br />
A GUERRA NA UCRÂNIA COMEÇA A «FAZER MOSSA» NO SETOR AFTERMARKET, O JORNAL DAS OFICINAS<br />
FOI CONVERSAR COM JORGE CANCELLA DE ABREU PARA SABER O QUE HÁ A FAZER PELO FUTURO<br />
DO NEGÓCIO, E O QUE SIGNIFICA PASSAR DO “PÓS-VENDA PARA O PÓS-COMPRA”<br />
Jorge Cancella de Abreu, diretor geral da<br />
Team Up International Training & Consulting<br />
Lda e consultor de várias empresas do<br />
setor automóvel, nas áreas dos recursos humanos<br />
e vendas, é uma figura de relevo no aftermarket<br />
nacional. Para perceber o que é preciso fazer para<br />
entender as mudanças de comportamento dos<br />
consumidores e também das novas competências<br />
que os recursos humanos das oficinas devem ter<br />
para responder às necessidades dos clientes, fomos<br />
tentar compreender as alterações no paradigma<br />
automóvel numa fase em que a pandemia parece<br />
estar a dar tréguas, embora o conflito armado<br />
na Ucrânia comece a influenciar negativamente a<br />
indústria automóvel essencialmente pela falta de<br />
componentes que ali eram produzidos.<br />
O receio e a contração, que levam os consumidores<br />
a reduzir as compras ao indispensável, trazem uma<br />
nova realidade a este mercado. Segundo Cancella<br />
de Abreu, há um trabalho a desenvolver, sobretudo<br />
no que diz respeito a aprofundar o conhecimento<br />
sobre a crise e os diferentes comportamentos dos<br />
clientes. A seu ver, para que o cliente continue a<br />
comprar, mesmo com a crise e com a guerra em<br />
pano de fundo, é preciso fidelizá-lo, o que é necessário<br />
para que o negócio da compra e da venda<br />
possa continuar.<br />
O pós-venda e o pós-compra<br />
Jorge Cancella de Abreu é da opinião que a expressão<br />
“pós-venda” deve mudar para “pós-compra”<br />
e explica o porquê desta mudança de conceito:<br />
“Atualmente todos os setores estão a transformar-<br />
-se para focar o serviço no cliente, por isso a expressão<br />
pós-venda é uma expressão do passado,<br />
totalmente focada no vendedor e naquilo que deveria<br />
fazer depois de vender um produto. Começar<br />
a chamar pós-compra é uma provocação, para<br />
salientar como o foco está completamente errado,<br />
porque o que defendo é que se devia chamar Serviço<br />
ao Cliente”, defende.<br />
“Se observarmos as empresas mais preocupadas e<br />
focadas no Cliente oferecendo um melhor ou pior<br />
serviço, como as de telecomunicações (Vodafone,<br />
Meo ou NOS), Banca e outras, chamam «Serviço<br />
ao Cliente» e não «Serviço Pós-Venda» expressão<br />
de nunca gostei, porque considero que abordam o<br />
serviço ao Cliente de uma forma totalmente errada.<br />
Vou tentar [VER QUADRO] através de um mapa<br />
comparativo explicar quais as grandes diferenças,<br />
que não se ficam pelo nome, mas para que sejam<br />
uma mudança de mentalidade mais «Customer<br />
Centric» e menos «Product Centric»”, argumenta.<br />
Para o especialista, “é sem dúvida uma grande revolução<br />
que o setor automóvel está com dificuldade<br />
em implementar, porque são demasiados anos a<br />
fazerem as coisas da mesma maneira e de uma forma<br />
automatizada. O automóvel é um produto que<br />
suscita paixões, e as pessoas ligam-se emocionalmente<br />
porque são relacionamentos confortáveis,<br />
são produtos obedientes, fazem o que lhes pedimos<br />
e por isso mais fáceis de lidar do que com pessoas,<br />
que sendo todas diferentes têm cada uma a sua forma<br />
preferida de comunicar, relacionar e apreciar o<br />
que fazemos por elas e pelos seus carros”.<br />
Os ensinamentos da pandemia<br />
Questionado sobre o que a pandemia ensinou à sociedade<br />
no geral e às oficinas em particular, não se<br />
fez rogado e garantiu que com esta pandemia podemos<br />
e devemos ter aprendido muito. “Durante<br />
estes dois últimos anos houve uma enorme aceleração<br />
da implementação da economia digital, da<br />
nova forma de relacionamento, de fazer reuniões<br />
através de aplicações e sem as habituais deslocações<br />
(ganhando-se tempo), e na facilidade sentida<br />
pelos clientes nas aquisições de produtos e serviços<br />
através da internet. Segundo a Mckinsey, 92% dos<br />
consumidores que tentaram fazer compras online<br />
em 2020, converteram-se, transformando o que foi<br />
uma emergência na altura num hábito indispensável<br />
hoje. As pessoas enquanto estiveram confinadas<br />
36 Maio I 2022 www.jornaldasoficinas.com