17.06.2022 Views

edição de 20 de junho de 2022

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mercado<br />

Inovação e relação humana são<br />

vantagens locais, dizem estrangeiros<br />

PROPMARK ouviu publicitários nascidos no exterior sobre as<br />

oportunida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conviver e trabalhar no Brasil<br />

pedro yves<br />

Como é ser estrangeiro no mercado<br />

publicitário brasileiro? Na semana em que se<br />

comemora o Dia do Imigrante (25 <strong>de</strong> <strong>junho</strong>),<br />

a questão foi levantada para profissionais<br />

que trabalham no Brasil tempo suficiente para<br />

conhecer bem as oportunida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s<br />

no dia a dia <strong>de</strong> uma empresa local – eles também<br />

revelam como é conviver com uma cultura diferente.<br />

A opinião geral é positiva: “A agilida<strong>de</strong> da indústria<br />

<strong>de</strong> comunicação daqui exige inúmeras mudanças<br />

<strong>de</strong> ação e que você esteja preparado para tudo. Isso<br />

é, ao mesmo tempo, o maior <strong>de</strong>safio, mas também<br />

o que faz nosso trabalho mais interessante”, situa<br />

o uruguaio Alejandro Suarez, CFO e COO da re<strong>de</strong><br />

VMLY&R Brasil. Ele conhece o mercado brasileiro<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>20</strong>00, quando veio para a Nike do Brasil como<br />

diretor-financeiro, on<strong>de</strong> ficou até <strong>20</strong>09. Em seguida,<br />

foi diretor <strong>de</strong> planejamento financeiro para América<br />

Latina, <strong>de</strong> <strong>20</strong>09 a <strong>20</strong>11, da McCann Worldgroup e, em<br />

<strong>20</strong>11, assumiu o cargo <strong>de</strong> CFO da WMcCann no Brasil.<br />

Em <strong>20</strong>17, entrou para a VMLY&R. Porém, dificulda<strong>de</strong>s<br />

também existem. Como revela o norte-americano<br />

Martin Montoya, sócio e CEO da agência Isla, o Brasil<br />

po<strong>de</strong> às vezes ser um pouco protecionista para um<br />

estrangeiro. “É importante apren<strong>de</strong>r a ser humil<strong>de</strong>,<br />

estar muito disposto a ouvir e apren<strong>de</strong>r. Ao longo<br />

dos anos vi vários estrangeiros se darem mal no<br />

país por arrogância e por tentar impor sua forma <strong>de</strong><br />

fazer as coisas. Descobri que o mercado local não<br />

perdoa isso com facilida<strong>de</strong>”. Montoya é o <strong>de</strong>cano<br />

dos estrangeiros ouvidos para esta reportagem:<br />

nascido nos EUA, passou parte da infância na<br />

Argentina. Mora no Brasil há mais <strong>de</strong> duas décadas,<br />

on<strong>de</strong> chegou para ser atendimento da marca OMO,<br />

e <strong>de</strong>pois li<strong>de</strong>rou a conta da Unilever na América<br />

Latina, então a principal conta da agência Lowe.<br />

Assumiu cargos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança na JWT e WMcCann e<br />

também na E<strong>de</strong>lman e BCW – Burson Cohn & Wolf,<br />

antes <strong>de</strong> tornar-se sócio da Isla. A gran<strong>de</strong> vantagem<br />

<strong>de</strong> trabalhar na publicida<strong>de</strong> brasileira, concordam<br />

todos, é o relacionamento humano. “A força da<br />

relação humana aqui é uma vantagem incrível num<br />

contexto cada dia mais colaborativo. O escritor<br />

Stefan Zweig chamou o Brasil <strong>de</strong> país do futuro. Para<br />

mim, porém, é o país do possível. E isso é muito<br />

diferente do que você po<strong>de</strong> experimentar na Europa<br />

ou nos Estados Unidos, on<strong>de</strong>, frequentemente, a<br />

primeira reação é ‘não po<strong>de</strong>’, ‘não dá pra fazer’. Esse<br />

mindset do brasileiro abre cada dia mais a porta<br />

para a criativida<strong>de</strong> e a inovação”, resume a francesa<br />

Emmanuelle Goethals, managing director do núcleo<br />

Colgate na VMLY&R.<br />

AlejAndro SuArez<br />

Nascido no Uruguai<br />

CFO e COO da re<strong>de</strong><br />

VMLY&R Brasil.<br />

SolAnge ricoy<br />

Nascida na Argentina<br />

Sócia-fundadora do<br />

Grupo Alexandria.<br />

“Atuar no mercado publicitário<br />

brasileiro é reconhecer<br />

que nenhum dia será igual<br />

ao outro. Acredito que a soma<br />

<strong>de</strong> diferentes culturas agrega<br />

diferentes pontos <strong>de</strong> vista às entregas,<br />

o que sempre é bom e muito<br />

reconhecido pelo brasileiro, que é aberto e<br />

receptivo. Mas é fato que culturas diferentes po<strong>de</strong>m também<br />

gerar um ou outro conflito, principalmente quando<br />

temos um background <strong>de</strong> ser mais diretos, o que às vezes<br />

choca. Por outro lado, isso acaba sendo parte do intercâmbio<br />

cultural e logo se encontra um equilíbrio.”<br />

“O Brasil é bem aberto e<br />

curioso à diversida<strong>de</strong> do<br />

mundo. Claro que há localismos<br />

e uma visão própria,<br />

pois o país tem características<br />

culturais que são muito valiosas,<br />

mas estão longe <strong>de</strong> ser nacionalistas.<br />

Entre as vantagens <strong>de</strong> trabalhar<br />

aqui está o fato <strong>de</strong> o país ser gran<strong>de</strong> e dinâmico, on<strong>de</strong> há<br />

ainda muito espaço para fazer e propor i<strong>de</strong>ias. O management<br />

das empresas é muito mais jovem em consi<strong>de</strong>ração a<br />

Europa e os EUA, e isso faz com que o mercado se mantenha<br />

antenado, com muita vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer coisas.”<br />

24 <strong>20</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>20</strong>22 - jornal propmark

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!