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cannes lions <strong>20</strong>22<br />
categoria nasceu<br />
para celebrar a<br />
‘arte tecnológica’<br />
Única brasileira na presidência do júri do<br />
Cannes Lions <strong>de</strong>ste ano, Luciana Haguiara vai<br />
li<strong>de</strong>rar o julgamento <strong>de</strong> Digital Craft. Para a<br />
executive creative director da Media.Monks,<br />
trata-se <strong>de</strong> uma das categorias mais visionárias do<br />
festival, por representar o que há <strong>de</strong> mais inovador na<br />
produção digital. “Uma coisa que acho que todo mundo<br />
concorda é que uma i<strong>de</strong>ia sem craft, sem o cuidado,<br />
sem a beleza e a inovação no jeito <strong>de</strong> ser construída,<br />
po<strong>de</strong> passar <strong>de</strong>spercebida. Isso não significa que tem<br />
<strong>de</strong> ser complicado, ao contrário, simplicida<strong>de</strong> e beleza<br />
são fundamentais”. Ela afirma que a i<strong>de</strong>ia não é premiar<br />
trabalhos que só um júri técnico enten<strong>de</strong>, mas sim o que<br />
vai causar impacto, emocionar e conectar as pessoas.<br />
Luciana Haguiara: “O <strong>de</strong>sempenho do Brasil tem muito a ver com a nossa realida<strong>de</strong>”<br />
Divulgação<br />
KELLY DORES<br />
presidência <strong>de</strong> júri<br />
Essa é a minha primeira vez<br />
como presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> júri e quarta<br />
vez como jurada. Digital Craft<br />
é uma categoria especial para<br />
mim, porque estava no júri <strong>de</strong> estreia,<br />
em <strong>20</strong>16, e também no ano<br />
passado. Minha expectativa é termos<br />
como resultado um corpo <strong>de</strong><br />
trabalhos que possa inspirar as<br />
marcas a arriscarem e investirem<br />
mais em experiências imersivas e<br />
surpreen<strong>de</strong>ntes para as pessoas.<br />
Trabalho<br />
O papel do presi<strong>de</strong>nte é criar<br />
uma rota para guiar o júri e estipular<br />
o que esperamos como resultado<br />
final para a categoria. É<br />
um direcionamento inicial que<br />
vai evoluir <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vermos os<br />
trabalhos e com as discussões,<br />
mas já serve como um guia.<br />
Tendências<br />
Estamos nos preparando<br />
para o metaverso e tudo o que<br />
vem com ele. Então, acredito<br />
que a discussão vai ser em volta<br />
da importância <strong>de</strong> experiências<br />
significativas para as pessoas,<br />
que impactem suas vidas no<br />
mundo real. Por exemplo, por<br />
que alguém compraria NFTs <strong>de</strong><br />
uma marca? Faz sentido para as<br />
pessoas? Ou, como uma i<strong>de</strong>ia<br />
inovadora po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iramente<br />
escalável e impactar<br />
o negócio? Além disso, muitas<br />
marcas estão entrando na onda<br />
<strong>de</strong> “fazer o bem”. Mas essas<br />
marcas estão realmente comprometidas<br />
com essas causas<br />
ou estão fazendo as coisas para<br />
aparecerem “bacanas” para<br />
uma geração <strong>de</strong> consumidores<br />
que estão superengajados?<br />
caTegoria<br />
Digital Craft é uma das categorias<br />
mais visionárias do festival,<br />
por representar o que há <strong>de</strong> mais<br />
inovador na produção digital. A<br />
categoria nasceu para celebrar<br />
a “arte tecnológica”, ou seja, a<br />
execução artística <strong>de</strong>ntro do ambiente<br />
digital com forma e função<br />
excepcionais. É uma categoria<br />
bem diversa, porque temos<br />
muitas linguagens, formatos e<br />
i<strong>de</strong>ias diferentes. É acelerada<br />
por que o mundo digital é assim<br />
e também aponta a direção<br />
do que há <strong>de</strong> mais inovador em<br />
execução. Uma coisa que acho<br />
que todo mundo concorda é que<br />
uma i<strong>de</strong>ia sem craft, sem o cuidado,<br />
sem a beleza e a inovação<br />
no jeito <strong>de</strong> ser construída po<strong>de</strong><br />
passar <strong>de</strong>spercebida. Isso não<br />
significa que tem <strong>de</strong> ser complicado,<br />
ao contrário, simplicida<strong>de</strong><br />
e beleza são fundamentais. A<br />
gente não quer premiar coisas<br />
que só um júri técnico enten<strong>de</strong>,<br />
quer premiar o que vai causar<br />
impacto, emocionar, surpreen<strong>de</strong>r<br />
e conectar pessoas.<br />
brasil<br />
O <strong>de</strong>sempenho do Brasil tem<br />
muito a ver com a nossa realida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um modo geral. A participação<br />
ainda é baixa, temos<br />
i<strong>de</strong>ias boas, mas que acabam<br />
indo melhor em outras categorias.<br />
Tivemos fases bem mais digitais<br />
no passado, mas agora estamos<br />
muito na onda <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os<br />
como investimento no ambiente<br />
digital. Temos poucas marcas<br />
enten<strong>de</strong>ndo o po<strong>de</strong>r mais imersivo<br />
das experiências, dos produtos<br />
digitais, até mesmo <strong>de</strong><br />
realida<strong>de</strong> aumentada, machine<br />
learning etc. São tipos <strong>de</strong> projetos<br />
que <strong>de</strong>mandam tempo e<br />
investimento e ainda existe mo<strong>de</strong>lo<br />
cultural <strong>de</strong>ntro das agências<br />
e clientes que temos <strong>de</strong> evoluir.<br />
Mesmo com a superacelerada<br />
digital que tivemos nos últimos<br />
dois anos, ainda subestimamos o<br />
público, achando que as pessoas<br />
não vão se engajar com uma comunicação<br />
mais imersiva.<br />
inspiração<br />
Essa é uma categoria que<br />
precisa inspirar todas as outras<br />
em termos <strong>de</strong> inovação. E<br />
quando olhamos lá para trás,<br />
o digital era um espaço livre e<br />
aberto para a criativida<strong>de</strong>. Portanto,<br />
será incrível encontrar<br />
trabalhos que tragam <strong>de</strong> volta<br />
o frescor e o aspecto visionário<br />
do <strong>de</strong>sign, da experiência do<br />
usuário, da tecnologia invisível<br />
contribuindo para a execução.<br />
reflexo<br />
Sabemos que Cannes ten<strong>de</strong> a<br />
refletir o que está acontecendo<br />
num <strong>de</strong>terminado momento. No<br />
ano passado, vimos muitos trabalhos<br />
que existiram como resposta<br />
à pan<strong>de</strong>mia como, por exemplo,<br />
uma onda <strong>de</strong> eventos virtuais,<br />
experiências digitais e entretenimento,<br />
convivendo com campanhas<br />
e conteúdos que refletiram<br />
as importantes mudanças culturais<br />
e as difíceis conversas nestes<br />
dois últimos anos. Ao mesmo<br />
tempo, tem sido emocionante ver<br />
o ressurgimento do digital como<br />
um lugar para conhecer pessoas e<br />
fazer coisas, em vez <strong>de</strong> ser apenas<br />
uma máquina para alimentar cliques<br />
e conversões. Mas este ano<br />
as pessoas voltaram para as ruas<br />
e, mesmo com toda a conversa<br />
sobre metaverso, virtualização,<br />
NFTs, a melhoria da tecnologia<br />
na produção como machine learning,<br />
IA, AI, motion capture etc.,<br />
acho que precisamos olhar para<br />
aos trabalhos tendo em mente<br />
que ainda é sobre e para pessoas.<br />
TeMÁTicas<br />
Acho que entretenimento<br />
continua com tudo e vai ter<br />
uma evolução bem boa. Também<br />
acho que vai rolar muita<br />
discussão sobre como as marcas<br />
po<strong>de</strong>m entrar com relevância<br />
na era da virtualização.<br />
jornal propmark - <strong>20</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>20</strong>22 39