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edição de 20 de junho de 2022

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emmAnuelle goethAlS<br />

Nascida na França<br />

Managing director do núcleo<br />

Colgate na VMLY&R.<br />

mArtin montoyA<br />

Nascido nos Estados Unidos<br />

Sócio e CEO da agência ISLA.<br />

“Ser estrangeira no mercado<br />

publicitário brasileiro po<strong>de</strong><br />

ser difícil em alguns momentos,<br />

mas acaba abrindo muitas<br />

oportunida<strong>de</strong>s. Para ir além<br />

da conexão cultural, que po<strong>de</strong><br />

ser um caminho mais fácil para os<br />

brasileiros do que para os estrangeiros,<br />

passei a priorizar a parte estratégica e conceitual da comunicação<br />

e incentivo as pessoas ao meu redor a fazerem<br />

o mesmo. O que foi e é ainda curioso para mim é a visão<br />

mais analítica que po<strong>de</strong>mos ter como estrangeiros sobre<br />

a cultura. Há coisas que nós reparamos que os brasileiros<br />

muitas vezes não veem, porque são muito genuínas para<br />

eles. Trabalhar e viver no Brasil me ensinou a não per<strong>de</strong>r<br />

tempo e a valorizar ainda mais as soft skills e a empatia. A<br />

força da relação humana no Brasil é uma vantagem incrível<br />

num contexto cada dia mais colaborativo. O escritor Stefan<br />

Zweig chamou o Brasil <strong>de</strong> país do futuro. Para mim, porém,<br />

o Brasil é o país do possível. E isso é muito diferente do que<br />

você po<strong>de</strong> experimentar na Europa ou nos Estados Unidos,<br />

on<strong>de</strong> frequentemente a primeira reação é ‘não po<strong>de</strong> ‘, ‘não<br />

dá pra fazer’. Esse mindset do brasileiro abre cada dia mais<br />

a porta para a criativida<strong>de</strong> e a inovação.”<br />

“Eu tive a rara oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> viver plenamente<br />

três culturas na minha<br />

vida, tendo morado mais <strong>de</strong><br />

15 anos nos Estados Unidos,<br />

na Argentina, e nos últimos<br />

anos, no Brasil. Além disso, por<br />

conta da minha carreira, passei muitos<br />

anos trabalhando com marcas internacionais e <strong>de</strong>senvolvendo<br />

projetos regionais e globais. Sempre olhei as coisas<br />

um pouco <strong>de</strong> fora, e isso me ensinou que todos os países<br />

do mundo se consi<strong>de</strong>ram especiais e diferentes do resto,<br />

todos têm orgulho e todos consi<strong>de</strong>ram ter uma forte<br />

cultura local. A gran<strong>de</strong> questão no Brasil, assim como nos<br />

EUA, é que os países gran<strong>de</strong>s e po<strong>de</strong>rosos po<strong>de</strong>m se dar<br />

ainda mais o luxo <strong>de</strong> olhar para <strong>de</strong>ntro. O que torna ainda<br />

mais <strong>de</strong>safiador trazer uma visão ampla das coisas, mas<br />

essa é uma luta que sempre me motivou muito. Como<br />

estrangeiro é importante apren<strong>de</strong>r a ser humil<strong>de</strong>, estar<br />

muito disposto a ouvir e apren<strong>de</strong>r. O Brasil é um mercado<br />

gran<strong>de</strong>, com muitas oportunida<strong>de</strong>s e com muito talento.<br />

É um mercado que nos <strong>de</strong>safia e nos força a dar sempre o<br />

nosso melhor, o que faz com que sempre existam chances<br />

<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> crescer.”<br />

Fotos: Divulgação<br />

FrAnceSco Simeone<br />

Nascido na Itália<br />

Diretor-geral no Brasil e chief growth<br />

officer do Grupo Logan Latam.<br />

miguel AlvArez<br />

Nascido na Colômbia<br />

Diretor <strong>de</strong> atendimento<br />

na REF+.<br />

“O mercado brasileiro é tanto<br />

associado à cultura local<br />

quanto aberto e acolhedor<br />

em conhecer e enten<strong>de</strong>r as<br />

culturas externas, é inspirador<br />

e inspirado. A cultura brasileira<br />

nasce multiétnica e sincrética, aberta<br />

a novas influências e a novos players,<br />

mesmo vindo <strong>de</strong> culturas diferentes. Eu, como italiano, me<br />

senti em casa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro dia, muito bem recebido.<br />

Os <strong>de</strong>safios principais são aqueles <strong>de</strong> qualquer imigrante:<br />

viver longe da família, dos amigos <strong>de</strong> infância, da própria<br />

terra. Às vezes o senso <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pertencer a um<br />

grupo, faz falta. Mas o brasileiro é extremamente <strong>de</strong>dicado<br />

e profissional, cuida dos <strong>de</strong>talhes, se informa, exige,<br />

mas sem nunca esquecer a dimensão humana. O brasileiro<br />

se emociona, e isso para um italiano do sul, como eu, é<br />

maravilhoso. O mercado brasileiro me ensinou também a<br />

cultivar a paixão pela inovação. Eu falava <strong>de</strong> abrir canais<br />

no YouTube e fazer rádio por streaming já em <strong>20</strong>05. Em<br />

<strong>20</strong>07 montei uma webnetwork e as pessoas achavam que<br />

eu era louco. Quando vim para São Paulo achei finalmente<br />

um mercado on<strong>de</strong> louco era não ousar, não sonhar, não<br />

errar... um mercado que abraçou minhas ‘loucuras’ porque<br />

todos eram maravilhosamente loucos, igual a mim.”<br />

“É bastante <strong>de</strong>safiador<br />

trabalhar no Brasil sendo<br />

estrangeiro, principalmente<br />

no mercado publicitário, já<br />

que o nosso trabalho é levar<br />

as marcas, produtos ou serviços<br />

a um nível superior. Para que<br />

isso aconteça, nós temos <strong>de</strong> conhecer as<br />

pessoas a quem queremos falar, o que gostam e, principalmente,<br />

o que elas não gostam. Ao meu modo <strong>de</strong> ver isto cria<br />

um certo ar <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, mas num bom sentido, precisamos<br />

sempre estar atentos ao que está acontecendo com a<br />

socieda<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> o meu primeiro dia, tentei conhecer não<br />

só o que acontece na cida<strong>de</strong> em que estou, mas também o<br />

que acontece fora <strong>de</strong>la. Também busquei enten<strong>de</strong>r melhor a<br />

história do país e o motivo <strong>de</strong> ser tão pluricultural. Porque,<br />

sim, o Brasil é feito <strong>de</strong> brasileiros, mas não po<strong>de</strong>mos negar<br />

que é um país <strong>de</strong> imigrantes. Isto você po<strong>de</strong> ver em cada<br />

sobrenome das pessoas, sem importar seu nível socioeconômico.<br />

No final é um país <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Mas para que<br />

seja um caminho leve, você precisa saber on<strong>de</strong> está, enten<strong>de</strong>r<br />

sua história, seus costumes e principalmente seu idioma.<br />

No Brasil temos a vantagem <strong>de</strong> sonhar gran<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pôr<br />

em pé i<strong>de</strong>ias relevantes, que fazem a diferença. Isso abre<br />

muito a cabeça e traz a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiar os limites.”<br />

jornal propmark - <strong>20</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>20</strong>22 25

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