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emmAnuelle goethAlS<br />
Nascida na França<br />
Managing director do núcleo<br />
Colgate na VMLY&R.<br />
mArtin montoyA<br />
Nascido nos Estados Unidos<br />
Sócio e CEO da agência ISLA.<br />
“Ser estrangeira no mercado<br />
publicitário brasileiro po<strong>de</strong><br />
ser difícil em alguns momentos,<br />
mas acaba abrindo muitas<br />
oportunida<strong>de</strong>s. Para ir além<br />
da conexão cultural, que po<strong>de</strong><br />
ser um caminho mais fácil para os<br />
brasileiros do que para os estrangeiros,<br />
passei a priorizar a parte estratégica e conceitual da comunicação<br />
e incentivo as pessoas ao meu redor a fazerem<br />
o mesmo. O que foi e é ainda curioso para mim é a visão<br />
mais analítica que po<strong>de</strong>mos ter como estrangeiros sobre<br />
a cultura. Há coisas que nós reparamos que os brasileiros<br />
muitas vezes não veem, porque são muito genuínas para<br />
eles. Trabalhar e viver no Brasil me ensinou a não per<strong>de</strong>r<br />
tempo e a valorizar ainda mais as soft skills e a empatia. A<br />
força da relação humana no Brasil é uma vantagem incrível<br />
num contexto cada dia mais colaborativo. O escritor Stefan<br />
Zweig chamou o Brasil <strong>de</strong> país do futuro. Para mim, porém,<br />
o Brasil é o país do possível. E isso é muito diferente do que<br />
você po<strong>de</strong> experimentar na Europa ou nos Estados Unidos,<br />
on<strong>de</strong> frequentemente a primeira reação é ‘não po<strong>de</strong> ‘, ‘não<br />
dá pra fazer’. Esse mindset do brasileiro abre cada dia mais<br />
a porta para a criativida<strong>de</strong> e a inovação.”<br />
“Eu tive a rara oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> viver plenamente<br />
três culturas na minha<br />
vida, tendo morado mais <strong>de</strong><br />
15 anos nos Estados Unidos,<br />
na Argentina, e nos últimos<br />
anos, no Brasil. Além disso, por<br />
conta da minha carreira, passei muitos<br />
anos trabalhando com marcas internacionais e <strong>de</strong>senvolvendo<br />
projetos regionais e globais. Sempre olhei as coisas<br />
um pouco <strong>de</strong> fora, e isso me ensinou que todos os países<br />
do mundo se consi<strong>de</strong>ram especiais e diferentes do resto,<br />
todos têm orgulho e todos consi<strong>de</strong>ram ter uma forte<br />
cultura local. A gran<strong>de</strong> questão no Brasil, assim como nos<br />
EUA, é que os países gran<strong>de</strong>s e po<strong>de</strong>rosos po<strong>de</strong>m se dar<br />
ainda mais o luxo <strong>de</strong> olhar para <strong>de</strong>ntro. O que torna ainda<br />
mais <strong>de</strong>safiador trazer uma visão ampla das coisas, mas<br />
essa é uma luta que sempre me motivou muito. Como<br />
estrangeiro é importante apren<strong>de</strong>r a ser humil<strong>de</strong>, estar<br />
muito disposto a ouvir e apren<strong>de</strong>r. O Brasil é um mercado<br />
gran<strong>de</strong>, com muitas oportunida<strong>de</strong>s e com muito talento.<br />
É um mercado que nos <strong>de</strong>safia e nos força a dar sempre o<br />
nosso melhor, o que faz com que sempre existam chances<br />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> crescer.”<br />
Fotos: Divulgação<br />
FrAnceSco Simeone<br />
Nascido na Itália<br />
Diretor-geral no Brasil e chief growth<br />
officer do Grupo Logan Latam.<br />
miguel AlvArez<br />
Nascido na Colômbia<br />
Diretor <strong>de</strong> atendimento<br />
na REF+.<br />
“O mercado brasileiro é tanto<br />
associado à cultura local<br />
quanto aberto e acolhedor<br />
em conhecer e enten<strong>de</strong>r as<br />
culturas externas, é inspirador<br />
e inspirado. A cultura brasileira<br />
nasce multiétnica e sincrética, aberta<br />
a novas influências e a novos players,<br />
mesmo vindo <strong>de</strong> culturas diferentes. Eu, como italiano, me<br />
senti em casa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro dia, muito bem recebido.<br />
Os <strong>de</strong>safios principais são aqueles <strong>de</strong> qualquer imigrante:<br />
viver longe da família, dos amigos <strong>de</strong> infância, da própria<br />
terra. Às vezes o senso <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pertencer a um<br />
grupo, faz falta. Mas o brasileiro é extremamente <strong>de</strong>dicado<br />
e profissional, cuida dos <strong>de</strong>talhes, se informa, exige,<br />
mas sem nunca esquecer a dimensão humana. O brasileiro<br />
se emociona, e isso para um italiano do sul, como eu, é<br />
maravilhoso. O mercado brasileiro me ensinou também a<br />
cultivar a paixão pela inovação. Eu falava <strong>de</strong> abrir canais<br />
no YouTube e fazer rádio por streaming já em <strong>20</strong>05. Em<br />
<strong>20</strong>07 montei uma webnetwork e as pessoas achavam que<br />
eu era louco. Quando vim para São Paulo achei finalmente<br />
um mercado on<strong>de</strong> louco era não ousar, não sonhar, não<br />
errar... um mercado que abraçou minhas ‘loucuras’ porque<br />
todos eram maravilhosamente loucos, igual a mim.”<br />
“É bastante <strong>de</strong>safiador<br />
trabalhar no Brasil sendo<br />
estrangeiro, principalmente<br />
no mercado publicitário, já<br />
que o nosso trabalho é levar<br />
as marcas, produtos ou serviços<br />
a um nível superior. Para que<br />
isso aconteça, nós temos <strong>de</strong> conhecer as<br />
pessoas a quem queremos falar, o que gostam e, principalmente,<br />
o que elas não gostam. Ao meu modo <strong>de</strong> ver isto cria<br />
um certo ar <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, mas num bom sentido, precisamos<br />
sempre estar atentos ao que está acontecendo com a<br />
socieda<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> o meu primeiro dia, tentei conhecer não<br />
só o que acontece na cida<strong>de</strong> em que estou, mas também o<br />
que acontece fora <strong>de</strong>la. Também busquei enten<strong>de</strong>r melhor a<br />
história do país e o motivo <strong>de</strong> ser tão pluricultural. Porque,<br />
sim, o Brasil é feito <strong>de</strong> brasileiros, mas não po<strong>de</strong>mos negar<br />
que é um país <strong>de</strong> imigrantes. Isto você po<strong>de</strong> ver em cada<br />
sobrenome das pessoas, sem importar seu nível socioeconômico.<br />
No final é um país <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Mas para que<br />
seja um caminho leve, você precisa saber on<strong>de</strong> está, enten<strong>de</strong>r<br />
sua história, seus costumes e principalmente seu idioma.<br />
No Brasil temos a vantagem <strong>de</strong> sonhar gran<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pôr<br />
em pé i<strong>de</strong>ias relevantes, que fazem a diferença. Isso abre<br />
muito a cabeça e traz a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiar os limites.”<br />
jornal propmark - <strong>20</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>20</strong>22 25