Facta #2
Revista de Gambiologia #2 Gambiologia magazine - 2nd issue 10/2013 "Acúmulo, ação criativa" / "Accumulation, a creative action"
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na de escrever em grego, ou um filtro em
formato de abacaxi, ou mesmo uma balança
para medição de ovos. Quando se empolga sobre
alguma peça, Antônio indaga: “tem jeito
de viver sem isso?”. Mais recentemente,
ele garimpou em Brumadinho um baú
no qual havia inscrito o sobrenome Tim.
Fácil deduzir que trata-se de algum parente
do Nhô Tim, senão o próprio minerador
inglês que inspirou o nome do Centro de Arte
Contemporânea Inhotim.
Somente após muita insistência e quase no
fim da visita – em que, diga-se, erramos 99%
das perguntas e provocações proferidas por
Antônio sobre as peças mais curiosas – ele
aceita dar algumas dicas sobre as estratégias
para se conseguir acumular um acervo de
raridades. Os “macetes” são poucos e valiosos,
mas a conclusão sobre a forma mais eficiente
de tornar-se um colecionador é simples:
andar nas ruas (“cobra que não anda não
engole sapo”), conversar com as pessoas,
trocar. Mais uma vez, a experiência de
colecionar parece surgir inevitavelmente da
mais simples e cotidiana vivência de mundo.
Ao ser indagado se seria
um acumulador compulsivo,
Antônio Carlos nega. Também não
se diz colecionador. Nem artista. Prefere ser
chamado de “Objeteiro”. Profissionalmente
originário do mercado financeiro, ele hoje
sustenta-se vendendo uma ou outra peça
e alugando parte do acervo histórico para
filmes e novelas de época, além de eventuais
exposições, ensaios de moda, etc. Mas é fácil
perceber o que o Objeteiro parece gostar na
verdade: adquirir novos itens para juntar mais
e mais e mais e mais e mais… FP