20.03.2023 Views

Facta #2

Revista de Gambiologia #2 Gambiologia magazine - 2nd issue 10/2013 "Acúmulo, ação criativa" / "Accumulation, a creative action"

Revista de Gambiologia #2 Gambiologia magazine - 2nd issue 10/2013 "Acúmulo, ação criativa" / "Accumulation, a creative action"

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No livro, Baudrillard enfoca também o lugar

da coisa antiga, já desprovida de função. A importância

das antiguidades se dá justamente

na medida em que contradizem o raciocínio

funcional para cumprirem um propósito de

outra ordem: a sobrevivência do tradicional

e do simbólico através do testemunho, da

lembrança, da nostalgia e da evasão. Em sua

dissertação de mestrado em design para a

Universidade Federal do Paraná, o pesquisador

Marcos Beccari aponta que “para Baudrillard,

o homem não se sente em casa no meio funcional,

justificando assim a presença necessária

do objeto antigo como um reorganizador do

mundo e, simultaneamente, um álibi que

preserva o foro íntimo daquele que o possui.

Enquanto o objeto funcional refere-se à

atualidade e se esgota na cotidianidade, o

objeto antigo aparece (tanto ao nível dos objetos

quanto dos comportamentos e das estruturas

sociais) como uma dimensão regressiva que,

embora testemunhe um relativo fracasso do

sistema, paradoxalmente o faz funcionar”.

Na prática que a teoria sustenta, evitar o descarte

e o consumo de novos bens a que o mercado

e o próprio sistema impelem será sempre mais

do que simplesmente acumular tralhas. É só

uma questão de olhar de novas maneiras para

cada coisa que nos cerca e “garimpar” nelas

o valor simbólico apontado por Baudrillard.

Nada está perdido. DB / FP

Sucateiros artistas

Numa via contrária mas não muito distante

dos artistas sucateiros, haverá sempre os sucateiros

artistas. A mídia se encarrega de, vez

ou outra, trazer alguns deles à tona. É o caso

de Wagner Agnaldo de Souza, um vigilante

de Samambaia, no Distrito Federal, que há

dez anos reaproveita sucata para fazer enfeites

como relógios, guitarras e motos. Os preços

das peças, vendidas em uma feira da região,

variam entre R$ 40 e R$ 600. Geralmente

retirado de veículos, enxadas e panelas, o

material que ele emprega em suas obras é

recolhido nas ruas ou doado por vizinhos.

A habilidade para transformar ferro, plástico,

madeira e vidro em arte surgiu ainda na

infância. O vigilante conta que fez todos os

brinquedos dele e das seis irmãs com material

encontrado nas ruas.

É compreensível que o Brasil seja um solo fértil

para sucateiros artistas, por suas peculiaridades

culturais, mas assim como os artistas

sucateiros, seus contrapartes têm geografia

vasta. O fazendeiro chinês Wu Yulu ficou

famoso em todo o mundo depois de inventar

e construir 47 robôs com ferro velho no

quintal de sua casa. Os robôs desempenham

tarefas variadas, como pular, pintar, beber,

massagear e até levar o dono em um riquixá,

aquele típico veículo chinês que é puxado por

uma pessoa. Depois de um longo período

de dívidas e descrédito, motivados por sua

obsessão, ele foi convidado a exibir mais de

30 de seus robôs na Feira Mundial de Artes

de Xangai.

Foto: www.jingdaily.com

28

* ARTISTAS SUCATEIROS ARTISTAS *

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!