Facta #2
Revista de Gambiologia #2 Gambiologia magazine - 2nd issue 10/2013 "Acúmulo, ação criativa" / "Accumulation, a creative action"
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Desde suas origens, nas maisons dos
primeiros criadores na França, a moda depende
de uma sazonalidade com extensão não muito
prolongada de validade de tempo para
sobreviver como indústria e estabelecimento
comercial. No século XVI esta duração
chegava a alcançar décadas. Com o
aumento da disponibilidade de materiais pós
industrialização, o crescimento da mão-deobra
qualificada disponível, e mais tarde, a
diminuição da quantidade de tecido utilizada
na confecção de uma peça (mudança natural
decorrente das guerras), esta vida útil vai
sofrendo diminuições. No momento em que
nos encontrarmos hoje, uma ‘tendência’ pode
durar menos que uma estação.
Mas se a moda participa de um conjunto de
expressões criativas, a partir do momento
em que os criadores passam a assinar suas
peças inserindo etiquetas, tendo sido elas
contemporâneas ou não, aplicar a proposta
de colecionismo do curador norte-americano
Bruce Altschuler em “Collecting the New”
(2005) parece muito sensata. Para ele, compor
uma coleção compreende tanto momentos
de aquisição e análise quanto momentos de
troca, cessão e destruição. Sua proposta é
direcionada ao desenvolvimento constante
(inevitável quando se trata da produção que
acontece no momento evolutivo do presente)
de coleções em arte contemporânea, e levanta
diversas questões como qual a duração válida
para o contemporâneo. Pensar essa idéia para
a aquisição de peças em moda nos leva ao
reconhecimento e esclarecimentos de movimentos
que vem sendo iniciados desde o
surgimento do pret-a-porter e que, nos dias
de hoje, parecem fazer cada vez mais sentido.
Troca e Cessão
Por sorte, preocupação ambiental, falta de
espaço ou por simples ausência de fundos
disponíveis, muitas iniciativas interessantes
concorrem com o comércio tradicional de peças
de roupa. Olhares variados sobre a moda e a
roupa encontram, nestas formas de transferência,
possibilidades de diálogo. Para muitos, o
uso da roupa ainda estabelece uma relação de
mera necessidade básica com o usuário. Para
outros, se expande para espaços de expressão
cultural, afirmação social, tratamento estético.
O surgimento de brechós, lojas de segundamão,
aluguel de roupas, e encontros promovidos
entre conhecidos para trocas de peças têm
movimentado de forma saudável, sustentável e
acessível o mercado de moda.
uma ‘tendência’ pode durar
menos que uma estação
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* MODA, ROUPAS E AUTODESTRUIÇÃO *