20.10.2023 Views

Empresas do Vale_114_Outubro_Novembro

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

E, uma das principais características das famosas<br />

peças de cerâmica feitas na região é o seu processo<br />

de pintura, não usam tinta industrial, mas pigmentos<br />

naturais extraí<strong>do</strong>s das folhas <strong>do</strong> maracujá e <strong>do</strong> limão,<br />

inclusive <strong>do</strong> barro branco. Grande parte da população das<br />

comunidades de Cachoeira <strong>do</strong> Fana<strong>do</strong>, Campo Alegre,<br />

Coqueiro Campo e Santana <strong>do</strong> Araçuaí sobrevivem<br />

atualmente <strong>do</strong> artesanato. As mulheres tornaramse<br />

responsáveis pela criação <strong>do</strong>s filhos, buscan<strong>do</strong> no<br />

artesanato uma fonte de renda para sustentar a família<br />

como: trabalhar na roça, cuidar <strong>do</strong>s filhos. Fazer cerâmica<br />

se tornou atividade diária na vida da população feminina<br />

<strong>do</strong> <strong>Vale</strong> <strong>do</strong> Jequitinhonha. O artesanato em barro<br />

produzi<strong>do</strong> na região <strong>Vale</strong> <strong>do</strong> Jequitinhonha é famoso no<br />

mun<strong>do</strong> inteiro. Foi exposto até na sede da Organização<br />

das Nações Unidas (ONU), em Nova York, durante a<br />

mostra “Mulher Artesã Brasileira”, em 2013, e constituise<br />

como uma importante referência cultural de Minas<br />

Gerais. Embora a arte seja reconhecida, como símbolo<br />

da cultura mineira, poucas são as ceramistas que vivem<br />

apenas <strong>do</strong> artesanato. O processo de produção artesanal<br />

das peças é manual, e começa ce<strong>do</strong>, logo após o café da<br />

manhã, com olhar fixo no dedilhar da matéria bruta, que<br />

aos poucos ganham formas. As artesãs têm <strong>do</strong>mínio de<br />

todas as etapas, desde a extração <strong>do</strong> barro, passan<strong>do</strong> pela<br />

fabricação <strong>do</strong>s pigmentos, até a construção <strong>do</strong>s fornos<br />

para a queima. Além <strong>do</strong>s saberes e das técnicas que<br />

envolvem esse mo<strong>do</strong> de fazer, são transmitidas aos mais<br />

jovens, as artesãs desenvolveram, através desse ofício,<br />

uma infinidade de expressões artísticas, que variam<br />

desde peças utilitárias, para uso no dia a dia, as peças<br />

que traduzem, por distintas formas, cenas <strong>do</strong> cotidiano,<br />

vivências, sentimentos e crenças, que se materializam<br />

nos aspectos estéticos da cerâmica produzida na região.<br />

No <strong>Vale</strong> <strong>do</strong> Jequitinhonha, são conhecidas como “artistas<br />

<strong>do</strong> barro” e vivem na zona rural, principalmente nos<br />

municípios de Turmalina, Araçuaí, Itinga, Minas Novas<br />

e Caraí, que herdaram a técnica e a arte <strong>do</strong> ofício <strong>do</strong>s<br />

seus antepassa<strong>do</strong>s. A cerâmica produzida no <strong>Vale</strong> <strong>do</strong><br />

Jequitinhonha era, até pouco tempo, classificada pelos<br />

artesãos locais como “vasilhas”, “enfeites” e “bonecas”;<br />

as ceramistas mais antigas, consideradas “Mestras<br />

artesãs” no ofício <strong>do</strong> barro, eram até recentemente<br />

conhecidas como as “paneleiras” <strong>do</strong> <strong>Vale</strong>. Os saberes, o<br />

ofício de artesã e as expressões artísticas relacionadas<br />

ao artesanato em barro <strong>do</strong> <strong>Vale</strong> <strong>do</strong> Jequitinhonha foram<br />

reconheci<strong>do</strong>s, em 2018, como Patrimônio Cultural pelo<br />

Instituto Estadual <strong>do</strong> Patrimônio Histórico e Artístico de<br />

Minas Gerais (IEPHA-MG).<br />

As ceramistas <strong>do</strong> <strong>Vale</strong> <strong>do</strong> Jequitinhonha (MG), com<br />

suas mãos em contato com o barro, dão forma a peças<br />

como: moringas, filtros, mulheres, noivas, grávidas,<br />

amamentan<strong>do</strong>, colhen<strong>do</strong>, trabalhan<strong>do</strong>, e de mãos<br />

dadas, em círculo. O barro coleta<strong>do</strong> a cada <strong>do</strong>is anos<br />

para não degradar o solo, é soca<strong>do</strong> no pilão, peneira<strong>do</strong><br />

e amassa<strong>do</strong> para poder ser molda<strong>do</strong>. As cores são<br />

o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> oleio, barro diluí<strong>do</strong> em água com<br />

pigmentos naturais, como o tauá, que dá a coloração<br />

avermelhada, e a tabatinga, que colore de branco. Para<br />

a pintura de flores e penas, elas utilizam penas variadas,<br />

e após de pintadas, as peças são queimadas em forno<br />

de barro. Na região conta-se que as antepassadas das<br />

ceramistas aprenderam a moldar o barro com as índias<br />

que viviam na região, fazen<strong>do</strong> cumbucas para uso<br />

<strong>do</strong>méstico e urnas funerárias. As técnicas<br />

TURISMO DE BASE<br />

COMUNITÁRIA (TBC)<br />

Com a implantação <strong>do</strong> Turismo de Base Comunitária<br />

(TBC), também chama<strong>do</strong> de turismo comunitário ou<br />

solidário, que não é um segmento, e sim um mo<strong>do</strong><br />

de fazer turismo, que se difere <strong>do</strong> convencional. Nesse<br />

tipo de turismo a comunidade apresenta uma gestão<br />

coletiva e são proprietários <strong>do</strong>s empreendimentos<br />

turísticos, com a preocupação em minimizar o impacto<br />

ambiental e fortalecer ações de conservação da<br />

natureza. A principal atração turística é o mo<strong>do</strong> de vida<br />

da população local. Os habitantes, que disponibilizam<br />

as suas residências para os turistas, são os responsáveis<br />

pelo sucesso <strong>do</strong> empreendimento. Entre os benefícios<br />

da iniciativa estão o pagamento imediato <strong>do</strong>s proventos<br />

aos proprietários e a valorização <strong>do</strong> roteiro. O turismo de<br />

base comunitária, por outro la<strong>do</strong>, respeita as heranças<br />

culturais e tradições locais e promove o diálogo e a<br />

interação entre visitantes e visita<strong>do</strong>s. Nem os anfitriões<br />

são submissos aos turistas, nem os turistas os veem<br />

como objetos de consumo.<br />

Receptivo Familiar - Turismo Solidário

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!