PME Magazine - Edição 30 - Outubro 2023
A edição de outubro da PME Magazine é dedicada à internacionalização.
A edição de outubro da PME Magazine é dedicada à internacionalização.
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EDIÇÃO ANO VII<br />
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DAS <strong>PME</strong> PORTUGUESAS<br />
OUTUBRO <strong>2023</strong> • TRIMESTRAL • EDIÇÃO <strong>30</strong><br />
DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />
<strong>PME</strong>MAGAZINE.SAPO.PT<br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
CHEF<br />
MARLENE<br />
Levar a cozinha<br />
portuguesa<br />
para o mundo<br />
SCHOOL<br />
OF ROCK<br />
O FRANCHISING<br />
AMERICANO CHEGOU<br />
À IBERIA 08<br />
ENRICH<br />
IN LAC<br />
A REDE EUROPEIA DE CENTROS<br />
E POLOS DE INVESTIGAÇÃO<br />
E INOVAÇÃO 16<br />
ACADEMIA<br />
CEO<br />
FORMAR AS<br />
PRIMEIRAS LINHAS<br />
DE GESTÃO 36
02<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
ÍNDICE<br />
Em<br />
destaque<br />
Chef Marlene<br />
“Precisamos de fazer esse<br />
trabalho interno virado para<br />
o mundo”<br />
ColorADD<br />
na <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong><br />
A <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> conta com<br />
15 grandes secções, que servem<br />
de guia estrutural para as temáticas<br />
abordadas. De forma a tornar<br />
a revista mais inclusiva, foi integrado<br />
nas secções o sistema de<br />
identificação de cores ColorADD.<br />
Assim, cada secção conta com<br />
uma cor diferente, identificada<br />
com um símbolo que permite a<br />
pessoas daltónicas identificarem<br />
as cores que estão a ver.<br />
Desenvolvido com base nas três<br />
cores primárias, representadas<br />
através de símbolos gráficos, o<br />
código ColorADD assenta num<br />
processo de associação lógica<br />
que permite ao daltónico, através<br />
do conceito da adição das cores,<br />
relacionar os símbolos e facilmente<br />
identificar toda a paleta de<br />
cores. O branco e o preto surgem<br />
para orientar as cores para as<br />
tonalidades claras e escuras.<br />
Azul<br />
Vermelho<br />
Verde<br />
Roxo<br />
Amarelo<br />
Castanho<br />
Laranja<br />
Tons Claros<br />
Tons Escuros<br />
Branco<br />
Cinza<br />
Claro<br />
Preto<br />
Cinza<br />
Escuro<br />
Índice<br />
04 BREVES<br />
06 CASOS DE SUCESSO<br />
O papel das empresas na Jornada<br />
Mundial da Juventude <strong>2023</strong>.<br />
A escola do Rock chegou à Ibéria.<br />
10 INVESTIMENTO<br />
Portugal Ventures na internacionalização<br />
das <strong>PME</strong>.<br />
Fiscalidade Internacional – “bê-á-bá”<br />
a ter em conta na expansão.<br />
14 INTERNACIONAL<br />
CCIP e a Via Verde para a internacionalização.<br />
ENRICH, a Rede Europeia de Investigação<br />
e Inovação.<br />
Programa Go global Portugal Foods.<br />
18 AMBIENTE<br />
Cânhamor, do Alentejo para Espanha<br />
e Inglaterra.<br />
Momo Cotton, os lençóis 100% bambu.<br />
20 RH / BI<br />
Lusofonia na gestão de pessoas.<br />
Harpoon Jobs, a agência de talento<br />
na internacionalização.<br />
24 RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
Sogenave jovem aos 50 anos de idade.<br />
26 EM DESTAQUE<br />
Chef Marlene leva cozinha portuguesa<br />
para o Mundo.<br />
34 EMPREENDEDORISMO<br />
A.li.ás sustentável na produção<br />
de sapatos.<br />
Azitek, de spinoff a startup para o Mundo.<br />
36 MEDIR PARA GERIR<br />
Academia CEO forma primeiras linhas<br />
de gestão.<br />
38 MARKETING<br />
Campanhas digitais internacionais.<br />
Cultura organizacional global.<br />
42 TECNOLOGIA<br />
Critical Manufacturing no mercado<br />
asiático.<br />
46 FORA D’HORAS<br />
White Hotel, o Oasis na ilha<br />
da Boa Vista.<br />
48 AGENDA<br />
Eventos dos próximos 3 meses.<br />
50 OPINIÃO<br />
Alexandre Meireles, presidente da ANJE.<br />
Exportar é diferente<br />
de internacionalizar<br />
Diz o dicionário que<br />
exportar é diferente<br />
de internacionalizar.<br />
O primeiro significa<br />
“mandar ou transportar<br />
para outro país ou<br />
região”, já o segundo<br />
“tornar ou tornar-se<br />
internacional”. Dois<br />
conceitos que podem ser confundidos, mas<br />
que no fundo são distintos e é isso que as<br />
diferentes empresas e projetos da <strong>30</strong>ª edição<br />
da revista vêm demonstrar. A chef Marlene<br />
Vieira é a figura de capa deste mês e, à <strong>PME</strong><br />
<strong>Magazine</strong>, conta como surgiu a oportunidade<br />
de dar aulas de cozinha nos Estados Unidos<br />
da América e como o processo de internacionalização<br />
não se faz apenas com a abertura<br />
de novos espaços fora do país. As Jornadas<br />
Mundiais da Juventude (JMJ) marcaram a<br />
economia em Portugal, mas importa perceber<br />
que papel tiveram as empresas portuguesas<br />
neste grande evento internacional. Porque<br />
internacionalizar é muito mais do que uma<br />
venda, também a Portugal Ventures explica<br />
como apoia as <strong>PME</strong> neste processo, já a CCIP<br />
apresenta uma “Via Verde” para alavancar a<br />
economia nacional. Chegamos a vias de facto<br />
com a aposta no mercado europeu relatada<br />
em primeira mão pela especialista em roupa<br />
de cama luxuosa e amiga do ambiente,<br />
Momo Cotton, e pela nova marca ecológica<br />
de calçado português, A.li.ás. Mas desengane-se<br />
se pensa que a ambição dos nossos se<br />
fica apenas pela Europa, pois a Maia Critical<br />
Manufacturing expandiu o seu negócio para<br />
a Malásia. Conheça estas e outras histórias<br />
para tomar conhecimento dos dois processos<br />
e, assim, encontrar os objetivos certos para<br />
atingir boas metas para a sua empresa.<br />
Boas leituras e bons negócios!<br />
Texto:<br />
Filipa Ribeiro<br />
Redação<br />
DIRETORA: Mafalda Marques EDITOR: Massive Media Unip. Lda. REDAÇÃO: Filipa Ribeiro, Joana Mendes, Djeisibel Soares ONLINE: Ana Vieira<br />
VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes e João Filipe Aguiar DESIGN GRÁFICO: José Gregório Luís DIGITAL MANAGER: Gonçalo Figueira<br />
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Sandra Laranjeiro dos Santos, Teresa Fiuza, Pedro Magalhães, Anabela Chastre, Margarida Ramalho, Rita Pablo,<br />
Gonçalo Figueira e Alexandre Meireles ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt) DIREÇÃO COMERCIAL - Daniel Marques<br />
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com PROPRIEDADE: Massive Media Lda. NIPC: 510 676 855 MORADA DA SEDE DA ENTIDADE PROPRIETÁRIA:<br />
Rua da Meia Laranja, 14, 2660-532 Loures MORADA DO EDITOR: Rua da Meia Laranja, 14, 2660-532 Loures REDAÇÃO: Avenida República da Bulgária,<br />
lt 15 - 2º A e B, 1950-375 Marvila - Lisboa TELEFONE: 218 471 310 EMAIL: info@pmemagazine.com N.º DE REGISTO NA ERC: 126819 EDIÇÃO N.º: 29<br />
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17 ISSN: 2184-0903 TIRAGEM: 1000 exemplares IMPRESSÃO: Sprint - Zona Industrial Segulim, Rua José Pereira,<br />
Lote 3ª, 1685-635 Famões, Odivelas DISTRIBUIÇÃO: por assinatura anual PERIODICIDADE: Trimestral<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
03
BREVES<br />
QUASE 35.000 EMPRESAS CRIADAS EM <strong>2023</strong>. INSOLVÊNCIAS AUMENTAM 19%<br />
Segundo dados da Informa D&B, o crescimento (6,3%) na criação de empresas é suportado<br />
pelo transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros, atividades imobiliárias<br />
e TIC. Até final de agosto, iniciaram-se 1.274 novos processos de insolvência em Portugal.<br />
Profissões ligadas<br />
à tecnologia<br />
e ao comércio<br />
continuam a ser<br />
as mais procuradas<br />
Estas duas áreas mantêm-se no top<br />
10 das profissões mais pretendidas<br />
pelos empregadores no 2º trimestre<br />
de <strong>2023</strong>, de acordo com dados<br />
da Fundação José Neves. Analistas<br />
de sistemas, diretores de investigação<br />
e desenvolvimento e programadores<br />
de software são as três profissões mais<br />
procuradas.<br />
Empresa de<br />
mobilidade Drivalia<br />
chega a 15 países<br />
europeus<br />
A empresa de mobilidade do Grupo CA<br />
Auto Bank vai iniciar atividade na<br />
Alemanha e na Polónia, aumentando a<br />
sua presença para 15 países europeus.<br />
Até ao final de 2024, e segundo os<br />
planos anunciados pela empresa, o<br />
objetivo é continuar a crescer e chegar<br />
a 18 países, com a junção da Áustria,<br />
Suécia e Suíça.<br />
Multinacional<br />
de acessórios<br />
e dispositivos<br />
móveis Baseus<br />
chega a Portugal<br />
A Baseus, uma marca de acessórios<br />
eletrónicos e de dispositivos móveis,<br />
promete conciliar qualidade e inovação<br />
com um design atraente, através<br />
de produtos adaptados às tendências<br />
tecnológicas e de soluções sustentáveis<br />
para todos os consumidores.<br />
Decskill<br />
acelera plano de<br />
internacionalização<br />
e abre operação<br />
no Luxemburgo<br />
A Decskill, uma empresa portuguesa<br />
especialista na capacitação tecnológica,<br />
abriu uma unidade no Luxemburgo, servindo<br />
de plataforma de expansão para os<br />
mercados do DACH (Alemanha, Áustria<br />
e Suíça) e Benelux (Bélgica, Holanda e<br />
Luxemburgo).<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
04 pmemagazine.sapo.pt
BREVES<br />
Startup portuguesa<br />
instala mais de 100<br />
cabines acústicas<br />
em espaços de<br />
coworking<br />
Em três anos, a Offcoustic produziu<br />
mais de 200 cabines para cerca de<br />
100 empresas, que se destinaram a<br />
ambientes de trabalho partilhados. O<br />
objetivo desta startup é criar a maior<br />
rede de cabines acústicas em subscrição<br />
na Europa.<br />
Equipa da ITSector<br />
na Final Internacional<br />
do Global<br />
Management<br />
Challenge<br />
A tecnológica ITSector apoiou a equipa<br />
que representou Portugal na Final<br />
Internacional do Global Management<br />
Challenge, que decorreu em Luanda,<br />
Angola. Esta é uma das competições<br />
mais importantes de estratégia do<br />
mundo e conta com a participação<br />
dos representantes de diversos países.<br />
Plataforma de<br />
conteúdo digital<br />
Issuu abre escritório<br />
em Braga<br />
A Issuu, uma plataforma de publicação<br />
e marketing de conteúdos, escolheu a<br />
cidade de Braga para aumentar a sua presença<br />
internacional. Este novo espaço vai<br />
albergar mais de 60 colaboradores e vai<br />
ao encontro da nova oferta da plataforma:<br />
o Issuu for Teams em adição à nova<br />
app da Issuu no Canva.<br />
Dachser<br />
integra maior<br />
cluster de<br />
produtos de beleza<br />
espanhol<br />
Após a introdução da solução Dachser<br />
Cosmetics Logistics na Península Ibérica,<br />
a operadora de logística Dachser<br />
passou a integrar o maior cluster do<br />
setor de cosméticos, perfumaria e cuidados<br />
pessoais em Espanha. A associação<br />
privada conta com a participação<br />
de mais de 2<strong>30</strong> empresas e de 3.000<br />
profissionais.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
05
CASOS DE SUCESSO<br />
Texto:<br />
Joana Mendes<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
O IMPACTO DAS JORNADAS<br />
MUNDIAIS DA JUVENTUDE<br />
NO TECIDO EMPRESARIAL<br />
Os setores<br />
de energia,<br />
telecomunicações,<br />
retalho<br />
alimentar,<br />
cuidados de<br />
saúde e de<br />
mobilidade<br />
foram os mais<br />
impactados<br />
pelas JMJ,<br />
devido à<br />
natureza das<br />
necessidades<br />
dos peregrinos<br />
O evento reuniu milhares de jovens católicos do mundo inteiro em Lisboa<br />
A<br />
s Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) são um evento de<br />
grande magnitude que reúne jovens católicos do mundo<br />
inteiro num encontro de fé e celebração. Em <strong>2023</strong>, Portugal<br />
foi o país escolhido para a realização deste evento de grande<br />
importância e as empresas portuguesas desempenharam um<br />
papel significativo nas várias dimensões das JMJ, e que foi visível<br />
através da mobilização de pequenas e médias empresas (<strong>PME</strong>)<br />
nas suas redes sociais.<br />
Os detalhes da preparação das empresas para receber os peregrinos<br />
e o evento podem ser conhecidos apenas por essas organizações.<br />
No entanto, é seguro assumir que muitas delas adaptaram as suas<br />
operações e os seus serviços para corresponder às necessidades<br />
dos visitantes, garantindo que a experiência das JMJ em Portugal<br />
fosse memorável. Muitas, como é sabido, deram teletrabalho aos<br />
seus colaboradores para que não sofressem constrangimentos<br />
durante a deslocação.<br />
Pedro Tavares, founder & managing partner da Onstrategy,<br />
uma consultora estratégica de negócios e marcas, referiu que<br />
“financeiramente, apesar de os primeiros indicadores do Banco<br />
de Portugal não serem particularmente otimistas no que respeita<br />
Pedro Tavares, founder & managing partner da Onstrategy<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
06 pmemagazine.sapo.pt
CASOS DE SUCESSO<br />
de acordo com os dados referentes ao<br />
período do evento e pré-evento. O desafio<br />
será confirmar ou não a resiliência desse<br />
momentum positivo. Um ponto claramente<br />
relevante reside no facto de não termos<br />
qualquer registo de associação a aproveitamento<br />
indevido, excessivo ou mesmo<br />
abusivo das empresas à JMJ”.<br />
Portugal foi o país escolhido para a realização das JMJ <strong>2023</strong><br />
ao período específico do evento, ainda é<br />
prematuro apontar resultados pois para esta<br />
avaliação não basta considerar o momento<br />
do mesmo, mas sim complementá-lo com<br />
o período pós-evento e que pode alargar-se<br />
por um tempo indefinido pois é preciso<br />
construir um modelo que permita quantificar<br />
a teia de influência de todos os que<br />
foram expostos ao evento de uma forma<br />
direta e presencial ou de forma indireta<br />
por via da comunicação social e do efeito<br />
embaixador dos que viveram o evento”.<br />
A verdade é que o real impacto económico<br />
das Jornadas Mundiais da Juventude<br />
pode estender-se por um tempo indefinido,<br />
afetando setores como o turismo, a<br />
hospitalidade, o comércio, entre outros. Já<br />
os setores de energia, telecomunicações,<br />
retalho alimentar, cuidados de saúde e de<br />
mobilidade foram os mais impactados pelas<br />
JMJ, devido à natureza das necessidades<br />
dos peregrinos e à visibilidade dessas áreas<br />
durante o evento. Para já, o que sabemos é<br />
o que refere o comunicado da Câmara de<br />
Lisboa, onde lemos que a despesa ficou em<br />
33,979 milhões de euros, “um milhão abaixo<br />
do previsto no orçamento global inicial”<br />
definido pelo presidente do município.<br />
A consultora auditou mais de 2.000 organizações<br />
de mais de 60 setores de atividade<br />
e, segundo Pedro Tavares, “verificamos<br />
ganhos qualitativos de posicionamento<br />
naquelas em que o apoio foi evidente e<br />
mediático, e isto é válido para grandes,<br />
médias e até pequenas empresas.<br />
Já do ponto de vista quantitativo, estas<br />
mesmas organizações lucraram em notoriedade<br />
e reputação (relevância, consideração,<br />
confiança, admiração, produtos, serviços,<br />
ambiente de trabalho, cidadania e governo)<br />
O papel das empresas<br />
Tal como já foi mencionado, o balanço<br />
qualitativo foi sem dúvida digno de nota.<br />
A organização teve desafios e superou-os.<br />
Portugal foi, nos media mundiais, um<br />
exemplo de organização.<br />
Mas como terão feito as empresas? O seu<br />
papel foi apenas de enviar os seus colaboradores<br />
para teletrabalho ou tiveram outro<br />
tipo de participação?.<br />
No caso do Grupo Adecco, a empresa<br />
de recursos humanos foi procurada por<br />
dezenas de empresas a solicitar apoio<br />
na colocação de pessoas para as mais<br />
variadas funções, desde operadores de<br />
loja, operadores de logística, promotores,<br />
repositores, embaladores, empregados de<br />
mesa e de limpeza, entre outros. Tal como<br />
adiantou Vanda Santos, diretora de Serviço<br />
e Qualidade do Grupo Adecco, “estamos<br />
a falar de um evento com data de início e<br />
fim bem definidos. Uma coisa é certa, a<br />
rapidez e a assertividade das contratações<br />
são um fator crucial para o sucesso desta<br />
operação especial”.<br />
No caso da Sogenave, operadores nacionais<br />
na área da distribuição alimentar e não<br />
alimentar, a participação foi direta ou não<br />
tivessem eles fornecido kits de alimentação<br />
para os peregrinos e voluntários. Emanuel<br />
Branco, responsável pela estratégia comercial<br />
para o Foodservice Social, adiantou<br />
que “foi a operação de pequenos-almoços<br />
a peregrinos e voluntários que mais exigiu<br />
de nós”. Acrescentou também que, “como<br />
empresa, vivemos a JMJ23 com um enorme<br />
sentido de responsabilidade, já que dependia<br />
de nós, não só a existência dos pequenos-<br />
-almoços, como, consequentemente, a<br />
imagem do próprio evento”.<br />
A avaliação do impacto internacional<br />
das Jornadas Mundiais da Juventude nas<br />
empresas portuguesas, na sua plenitude,<br />
ainda é prematura. No entanto, durante<br />
o evento, Portugal ganhou notoriedade<br />
internacional em várias dimensões, o que<br />
pode, direta ou indiretamente, beneficiar as<br />
empresas do país. Por assim dizer, podem<br />
muito bem ter sido um caso de sucesso.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
07
CASOS DE SUCESSO<br />
A ESCOLA DO<br />
ROCK CHEGOU<br />
A PORTUGAL.<br />
FRANCHISADOS<br />
PROCURAM-SE<br />
Há quem julgue que saltou dos ecrãs<br />
de cinema e de televisão e virou uma cadeia<br />
de escolas de rock. Bem pelo contrário.<br />
De origem norte-americana, chegou<br />
a Portugal em 2021 e promete abrir mais<br />
centros de ensino de música em 2024.<br />
U<br />
ma dupla de empresários especializados<br />
em franchising da rede<br />
norte-americana trouxe o conceito<br />
do Brasil para Portugal pelo potencial de<br />
internacionalizar para a Europa. Começaram<br />
os estudos de desenvolvimento da marca em<br />
Portugal em 2019, mas devido à pandemia<br />
as operações iniciaram apenas em 2021.<br />
“Assinámos a primeira unidade em<br />
Lisboa na freguesia de Avenidas Novas em<br />
fevereiro de 2022. Começaram as obras<br />
logo em seguida, formações de vendas e<br />
de marketing, principalmente da filosofia e<br />
metodologia própria de ensino, implementação<br />
de sistema, da marca internacional.<br />
Com todo o suporte da franchisadora para<br />
o franchisado”, explica John Guillermo,<br />
CEO da School of Rock Portugal. E, assim,<br />
abriu as portas em setembro de 2022 com<br />
grande sucesso.<br />
Quanto ao perfil de franchisados, pensou-<br />
-se que seriam músicos ou instrumentistas,<br />
mas curiosamente são empreendedores e<br />
gestores, pessoas que decidiram investir<br />
num negócio por conta própria, tendo a<br />
paixão pela música e pela educação o elo<br />
de ligação à marca.<br />
“A nossa metodologia foi desenvolvida e<br />
testada ao longo de duas décadas de trabalho<br />
no ensino musical. Assim, o nosso modelo<br />
de negócio adaptou-se para que qualquer<br />
pessoa possa ser um franchisado. 92% dos<br />
nossos franchisados atuais não tinham<br />
absolutamente nenhuma experiência<br />
formal com a música antes de abrir a sua<br />
Texto:<br />
Mafalda Marques<br />
Diretora<br />
Fotografia:<br />
School of Rock<br />
Portugal<br />
A unidade em Lisboa<br />
tem 180 alunos e<br />
organiza eventos para<br />
a comunidade, como<br />
concertos, festivais e<br />
workshops<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
08 pmemagazine.sapo.pt
CASOS DE SUCESSO<br />
“92% dos nossos<br />
franchisados atuais não<br />
tinham absolutamente<br />
nenhuma experiência<br />
formal com a música<br />
antes de abrir a sua<br />
School of Rock”<br />
John Guillermo, CEO da School of Rock Portugal<br />
John Guillermo, CEO da School of Rock Portugal<br />
School of Rock”, adiantou John Guillermo.<br />
Atualmente, a unidade em Lisboa, na<br />
freguesia de Avenidas Novas, tem 180 alunos<br />
e organiza eventos para a comunidade,<br />
como concertos, festivais e workshops.<br />
Em parceria com o Rock in Rio Lisboa, em<br />
2022, levaram alunos a atuar no grande<br />
festival de rock, um evento impactante<br />
para todos. Iniciativas que são encaradas<br />
pela marca como uma oportunidade para se<br />
conectarem com os alunos num ambiente<br />
informal, para inspirar outras pessoas a<br />
aprender música e enriquecer a cultura.<br />
“Acreditamos que a música é uma forma de<br />
educação. A música é para todos, podendo<br />
ser uma forma de promover inclusão,<br />
diversidade, criatividade, aprendizagem<br />
e desenvolvimento para as pessoas em sua<br />
comunidade”, esclarece o gestor.<br />
Nos planos desta rede internacional de<br />
franchising estão 20 unidades em Portugal,<br />
nomeadamente em Braga, Porto, Aveiro,<br />
Coimbra, Lisboa, Almada, Setúbal, Oeiras,<br />
Cascais e na região do Algarve. A taxa de<br />
franquia em Portugal é de 35.000€ + IVA e o<br />
custo da obra fica por conta do franchisado.<br />
A marca está presente em todos os continentes.<br />
Atualmente, têm 347 unidades em<br />
15 países, como Portugal, Espanha, Irlanda,<br />
Brasil, México, Colômbia, Peru, Chile,<br />
Paraguai, África do Sul, Taiwan, Austrália,<br />
Filipinas, Canadá e Estados Unidos.<br />
Nando Guto, CEO da School of Rock em Espanha<br />
EXPANSÃO INTERNACIONAL<br />
A entrada em Espanha começou em<br />
2020, pelo que se encontram no distrito de<br />
Madrid com três unidades, em Pozuelo de<br />
Alarcón, Alcobendas e Boadilla del Monte.<br />
Nando Guto, CEO da School of Rock em<br />
Espanha, partilha o entusiasmo do sócio<br />
em Portugal e adiantou mais detalhes da<br />
operação no país vizinho.<br />
“A School of Rock é uma escola de música<br />
líder mundial. A expansão para a Europa<br />
irá permitir que alcancemos um novo<br />
público e oferecer um ensino musical de<br />
alta qualidade a mais pessoas”, reforça.<br />
O método de ensino da marca é baseado<br />
em performance e experiência, o que significa<br />
que os alunos aprendem a tocar música ao<br />
serem integrados numa banda. Um modelo<br />
inovador e que tem sido bem-sucedido em<br />
vários países.<br />
“A nossa expansão é um passo importante<br />
para nós, porque acreditamos que o<br />
mercado europeu tem um grande potencial<br />
de crescimento e que o nosso modelo de<br />
ensino musical pode ser um sucesso na<br />
Europa”, explica Nando Guto.<br />
Para a marca norte americana, a Europa<br />
é um continente diversificado, com poder<br />
económico e acesso a novos mercados, daí<br />
o grande interesse em expandir para países<br />
como a Alemanha, Itália, França, Suíça,<br />
Holanda, Suécia e Inglaterra.<br />
Quando questionados sobre os planos para<br />
2024, respondem sem hesitar que “procuramos<br />
novos investidores e parceiros com o<br />
compromisso de oferecer educação musical<br />
de alta qualidade e promover a música e a<br />
educação para a sociedade, continuamos<br />
dedicados a enriquecer vidas através da<br />
educação musical, gerar experiências e<br />
oportunidades para os alunos se apresentarem<br />
em grandes concertos e festivais”.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
09
INVESTIMENTO<br />
Texto:<br />
Teresa Fiúza<br />
Vice-Presidente<br />
da Portugal<br />
Ventures<br />
Fotografia:<br />
D.R.<br />
“ Atender um<br />
mercado de<br />
10 milhões<br />
de pessoas<br />
pode não ser<br />
compatível com<br />
a ambição<br />
e potencial<br />
das nossas<br />
empresas, que<br />
através da sua<br />
internacionalização<br />
tornam os<br />
seus negócios<br />
globais<br />
Teresa Fiúza,<br />
vice-presidente<br />
da Portugal Ventures<br />
”<br />
A INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
DAS <strong>PME</strong> PORTUGUESAS<br />
P<br />
ortugal tem no seu ADN ser um país<br />
virado para o mundo, para novos<br />
mercados, novos povos, novas formas<br />
de fazer, o que é uma enorme vantagem.<br />
Talvez seja a nossa forma de enquanto povo<br />
fazermos das fraquezas forças: atender<br />
um mercado de 10 milhões de pessoas<br />
pode não ser compatível com a ambição e<br />
potencial das nossas empresas, que através<br />
da sua internacionalização tornam os seus<br />
negócios globais.<br />
A tecnologia hoje existente veio ajudar<br />
neste processo e as ferramentas digitais<br />
disponíveis tornam mais facilmente possível<br />
que empresas de pequena dimensão vendam<br />
para uma boa fatia do globo. Dentro das<br />
<strong>PME</strong>, vou focar-me nas startups, área em<br />
que trabalho. As startups são empresas<br />
enquadráveis na definição de <strong>PME</strong>, com<br />
menos de 10 anos de idade e com uma<br />
atividade tecnológica ou inovadora.<br />
Atualmente, num universo total de<br />
470.000 empresas ativas no tecido empresarial<br />
português, existem cerca de 12.000<br />
startups. A sua esmagadora maioria (97%)<br />
é de base tecnológica e mais de 85% das<br />
entidades são de serviços intensivos em<br />
conhecimento de alta tecnologia. Este<br />
segmento dos serviços representa mais<br />
de dois terços do volume de negócios,<br />
empregados e exportações das startups.<br />
A grande maioria das startups são<br />
microempresas e registam crescimentos<br />
mais acelerados que as <strong>PME</strong> que têm<br />
igualmente menos de 10 anos de idade,<br />
no que respeita ao volume de negócios e<br />
empregados; um dinamismo que se estende<br />
(de forma consistente no tempo) à sua<br />
capacidade de chegar a outras geografias,<br />
pois a sua vocação exportadora é superior<br />
ao restante tecido empresarial.<br />
Pode dizer-se que utilizam o mercado<br />
global como alavanca essencial para o seu<br />
crescimento e afirmação. Em 2021, registaram<br />
um volume de negócios agregado de<br />
1.750 milhões de euros, asseguraram cerca<br />
de 25.000 postos de trabalho e exportaram<br />
562 milhões de euros.<br />
As startups são empresas com uma forte<br />
vocação exportadora: 28% destas empresas<br />
exportam o equivalente a um terço do total<br />
da sua faturação. Estes valores apresentam<br />
uma aproximação ao universo das restantes<br />
empresas tecnológicas, empresas mais<br />
maduras e de maior dimensão. No restante<br />
tecido empresarial, pouco mais de 10%<br />
vendem para o exterior e as exportações<br />
não ultrapassam os 20% do volume de<br />
negócios.<br />
As startups são normalmente compostas<br />
por estruturas muito reduzidas e multitasking,<br />
com recursos limitados para fazer<br />
face ao business plan a que se propõem<br />
quando levantam capital junto dos investidores.<br />
Têm pouca margem para erros e um<br />
sentido empreendedor muito desenvolvido.<br />
Faz parte das suas estratégias de negócio,<br />
10<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
INVESTIMENTO<br />
desde início, ter atividade global. E com<br />
recursos escassos (incluindo tempo), têm<br />
pouca margem para errar.<br />
Na altura de tornar um negócio global,<br />
muitas são as decisões a tomar e as questões<br />
a ter em conta em relação aos mercados<br />
alvo, como por exemplo: Modelo de negócio:<br />
exportações ou presença física? Que<br />
parcerias estabelecer? Que modelo de<br />
distribuição adotar?; Que mercados? Nem<br />
sempre os mais evidentes ou de proximidade<br />
são os mais adequados; Mentalidades e<br />
costumes: desde a negociação até à forma<br />
de trabalhar o marketing dos produtos/<br />
serviços; Regime legal, incluindo o direito<br />
ambiental, laboral e fiscal (que, por vezes,<br />
têm especificidades regionais); Barreiras<br />
linguísticas (com clientes, fornecedores,<br />
colaboradores e outros stakeholders); Sistema<br />
financeiro (acordos interbancários, forma de<br />
fazer transações financeiras internacionais,<br />
compliance); Capacidade de acesso a crédito<br />
e outros programas de financiamento, como<br />
por exemplo venture capital; Diferenças<br />
cambiais; Direitos aduaneiros; Avaliar o<br />
timing: a empresa está suficientemente<br />
consolidada? Tem os recursos necessários<br />
para fazer face ao passo que pretende dar?;<br />
Qual a política predominante no que toca<br />
ao teletrabalho?; Infraestruturas? Trânsito?<br />
Segurança?; Custo do imobiliário? (relevante<br />
para a compra de instalações e eventual<br />
colocação de expatriados); Estabilidade<br />
e instabilidade política e económica (não<br />
apenas no país de destino, mas igualmente<br />
no contexto geopolítico global – veja-se,<br />
por exemplo, o impacto da guerra na<br />
Ucrânia na economia mundial); Taxas de<br />
juro; Inflação; Regulação; Volatilidade das<br />
moedas, commodities e mercado de capitais;<br />
Capacidade de atrair e absorver inovação;<br />
Capacidade de atrair e reter talento; Estrutura<br />
demográfica; Preço da energia; Políticas<br />
de proteção de propriedade intelectual;<br />
Abordagem à proteção de dados; Políticas<br />
de sustentabilidade; Sócios locais; Escolha<br />
da equipa local versus expatriados; Custos de<br />
implementação e manutenção da estratégia.<br />
E por último, mas não menos importante:<br />
falar com quem já teve de lidar com o<br />
processo nas geografias para onde a empresa<br />
está a pensar expandir-se ou exportar,<br />
porque não há melhor lição do que aquela<br />
que é feita da experiência.<br />
Em resumo, o processo implica resiliência,<br />
estratégia, monitorização contínua e<br />
capacidade de adaptação, muita recolha<br />
e processamento de informação e grande<br />
proximidade por parte da equipa de gestão.<br />
É por isso que, muitas vezes, os CEOs das<br />
startups e scaleups acabam por mudar<br />
temporariamente para os países que mais<br />
contribuem para as vendas, crescimento e<br />
financiamento destas empresas.<br />
O mesmo é dizer para os países que mais<br />
contribuem para o seu sucesso.<br />
Bons negócios.<br />
“ As startups<br />
são empresas<br />
com uma forte<br />
vocação<br />
exportadora:<br />
28% destas<br />
empresas<br />
exportam o<br />
equivalente a um<br />
terço do total da<br />
sua faturação<br />
Teresa Fiúza,<br />
vice-presidente<br />
da Portugal Venturesl<br />
”<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
11
INVESTIMENTO<br />
Texto:<br />
Sandra Laranjeiro<br />
dos Santos<br />
Advogada<br />
Laranjeiro<br />
dos Santos<br />
& Associados<br />
Sociedade de<br />
Advogados RL<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
FISCALIDADE<br />
INTERNACIONAL<br />
– “BÊ-Á-BÁ” A TER<br />
EM CONTA<br />
NA EXPANSÃO<br />
O<br />
presente artigo tem como objetivo<br />
deixar a claro as primeiras<br />
questões que quem está em fase<br />
de internacionalizar o seu negócio terá.<br />
Vivendo nós num mercado cada vez<br />
mais global, conhecer e definir bem os<br />
passos para internacionalizar o negócio é<br />
fundamental, para que não seja surpreendido(a)<br />
com surpresas, muitas vezes de tal<br />
forma desagradáveis que levam o sonho a<br />
tornar-se num pesadelo!<br />
O mercado externo tem vindo a crescer<br />
ao longo das últimas décadas, sendo que o<br />
peso das exportações no Produto Interno<br />
Bruto (PIB) teve um crescimento de 26%<br />
em 1996 para <strong>30</strong>% dez anos depois e, em<br />
2019, representava já 45%.<br />
Dados revelados pela Câmara do Comércio<br />
e Indústria Portuguesa (CCIP) em julho de<br />
2020 mostravam que, em dez anos – entre<br />
2009 e 2019 -, há mais 10.000 empresas<br />
exportadoras.<br />
12<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
INVESTIMENTO<br />
Quem perspetiva a internacionalização<br />
deve ter prima facie em conta:<br />
Os riscos da dupla tributação - ao obter<br />
rendimentos em países estrangeiros<br />
mantendo domicílio fiscal em Portugal,<br />
esses rendimentos poderão ser tributados<br />
tanto em Portugal como no país de origem<br />
(i.e. no país onde foram obtidos), o que<br />
teoricamente, implicaria pagar o imposto<br />
duas vezes. Na verdade, para evitar situações<br />
de dupla tributação, Portugal celebrou um<br />
conjunto de acordos (Acordos de Dupla<br />
Tributação) com países terceiros, que<br />
estabelecem quem é o Estado com direito<br />
a tributar tais rendimentos e a que taxa<br />
(podendo ocorrer casos em que ambos os<br />
Estados têm legitimidade para a tributação).<br />
Assim é crucial saber quais as regras<br />
fiscais do país para onde pretende exportar<br />
(sejam serviços ou mercadorias) e planear<br />
fiscalmente a operação, de forma a cumprir<br />
com as obrigações legais de cada país, não<br />
sendo tributado em excesso.<br />
A necessidade da conformidade legal do<br />
produto/serviço e o seu registo - tendo em<br />
conta que cada país (sobretudo fora da U.E.)<br />
tem as suas regras próprias sobre rotulagem,<br />
informação ao consumidor, normas<br />
de publicidade (entre outros), é crucial<br />
perceber qual o enquadramento legal do<br />
produto/serviço que pretende exportar.<br />
Acresce que de acordo com o estudo<br />
divulgado pelo Instituto Nacional de Propriedade<br />
intelectual (INPI), as startups com<br />
patentes e marcas registadas são 10 vezes<br />
mais bem-sucedidas na obtenção de financiamento.<br />
“O estudo demonstra que, em média,<br />
as startups que submeteram pedidos para<br />
ambos os direitos de Propriedade Intelectual<br />
(PI) durante a fase de arranque<br />
ou crescimento inicial têm até 10,2 vezes<br />
mais probabilidades de atrair investimento<br />
e financiamento por via de capital<br />
semente e capital de risco. Em média, 29%<br />
das startups europeias apresentaram um<br />
pedido de registo de direitos de PI, com<br />
diferenças relevantes entre setores industriais.<br />
A Biotecnologia é o setor mais ativo<br />
em matéria de PI na Europa, com quase<br />
metade das startups a utilizar patentes ou<br />
marcas registadas.<br />
Em Portugal, 21% das 3.133 startups<br />
portuguesas em análise registaram direitos<br />
de propriedade intelectual, sendo que<br />
20% corresponde a registo de marca, 3% a<br />
pedido de patente e 2% a pedido de marca<br />
e patente.” (pode ler-se no site do INPI).<br />
Num mundo global em que a concorrência<br />
é cada vez mais feroz, a especialização e<br />
assegurar-se que o seu produto/serviço está<br />
protegido do ponto de vista legal quando o<br />
colocar no exterior é uma segurança que<br />
não deve abdicar, bem como saber à priori<br />
o enquadramento fiscal dos rendimentos<br />
e despesas que terá.<br />
Estas duas premissas são, para nós, o<br />
bê-á-bá para a internacionalização.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
13
INTERNACIONAL<br />
GO GLOBAL, O PROJETO<br />
QUE IMPULSIONA<br />
A INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
DO SETOR AGROALIMENTAR<br />
Texto:<br />
Filipa Ribeiro<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
PortugalFoods<br />
O Projeto Conjunto de Internacionalização <strong>2023</strong>/2024 Go Global vem dar<br />
continuidade ao trabalho que a PortugalFoods tem vindo a desenvolver, desde<br />
2011, junto das empresas. O objetivo é aumentar a competitividade e a base<br />
exportadora do setor agroalimentar nacional, facilitando às <strong>PME</strong> o acesso<br />
a mercados internacionais prioritários.<br />
as empresas que<br />
iniciam com uma estratégia<br />
“Atualmente,<br />
global rapidamente tiram<br />
proveito de atividades transfronteiriças,<br />
proporcionando não só oportunidades de<br />
crescimento de negócio e diversificação<br />
de risco, como também o intercâmbio de<br />
conhecimento, acesso a tecnologia e capacitação”,<br />
conta Isabel Oliveira, coordenadora<br />
da Market Division da PortugalFoods.<br />
A Go Global decorre até ao final de 2024 e<br />
pretende, através de inúmeras iniciativas,<br />
dar a conhecer às <strong>PME</strong> diversos mercados,<br />
todos eles distintos entre si, desde o sudeste<br />
asiático aos Estados Unidos e dos países do<br />
Norte da Europa à Turquia.<br />
O apoio dado por esta associação traduz-se<br />
na implementação de ações adaptadas às<br />
características de cada mercado de modo<br />
a “garantir o sucesso do investimento das<br />
empresas e por forma a potenciar as exportações”,<br />
revela a coordenadora.<br />
Isabel Oliveira, coordenadora da Market Division<br />
da PortugalFoods<br />
A associação tem assistido a um número cada vez maior de participantes no projeto<br />
Isabel Oliveira explica que os EUA, China,<br />
Japão, Canadá e Coreia do Sul são “mercados<br />
com enorme potencial e onde as exportações<br />
portuguesas têm vindo a aumentar<br />
significativamente nos últimos anos”, pelo<br />
que serão apresentados às <strong>PME</strong> através de<br />
feiras internacionais.<br />
Turquia, Grécia, Croácia, Colômbia e Chile<br />
são mercados com “potencial interesse<br />
para o setor agroalimentar” e, para estes, a<br />
PortugalFoods realizará ações de prospeção<br />
cujo resultado reverterá em conhecimento<br />
e contactos de negócio para as empresas.<br />
Já quanto aos mercados mais maduros,<br />
onde se englobam os países europeus, a<br />
abordagem passará por campanhas de<br />
marketing digital e de content marketing e<br />
de adesão a um marketplace.<br />
Este plano de ações será implementado<br />
num conjunto de <strong>PME</strong> das regiões Norte,<br />
Centro, Alentejo, Algarve e Lisboa que<br />
pretendam promover as suas exportações<br />
nos mercados estrangeiros e potenciar o<br />
número de contactos e a interação com<br />
compradores internacionais.<br />
Para já, a associação tem assistido a um<br />
número cada vez maior de participantes no<br />
projeto, o que consideram impactar “favoravelmente<br />
na promoção de Portugal como<br />
país produtor de excelência” e “permitido<br />
que a marca país obtenha maior alcance e<br />
visibilidade”, assegura a coordenadora da<br />
Market Division da PortugalFoods.<br />
As iniciativas do programa Go Global<br />
são cofinanciadas pelo Compete20<strong>30</strong>,<br />
Portugal20<strong>30</strong>, Algarve 20<strong>30</strong>, Lisboa20<strong>30</strong><br />
e pela União Europeia no âmbito do Fundo<br />
Europeu de Desenvolvimento Regional.<br />
14<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
INTERNACIONAL<br />
“ Os tempos têm<br />
sido marcados<br />
por uma grande<br />
instabilidade<br />
que pode retrair<br />
as empresas e<br />
os empresários.<br />
No entanto, esta<br />
realidade não<br />
deveria travar<br />
a procura de<br />
novos mercados<br />
por parte das<br />
empresas; pelo<br />
contrário!<br />
Pedro Magalhães,<br />
diretor do Comércio<br />
Internacional da CCIP<br />
”<br />
FAZER DA<br />
INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
A GRANDE ALAVANCA<br />
DA ECONOMIA NACIONAL<br />
A<br />
s exportações constituem um dos<br />
grandes pilares da nossa economia.<br />
Basta olhar para os dados<br />
mais recentes e facilmente se percebe que<br />
estas, onde se inclui o turismo, são a grande<br />
alavanca da economia nacional. Se a aposta<br />
na capacitação das empresas e dos líderes<br />
fosse ainda maior, o desenvolvimento e o<br />
crescimento económico seriam uma realidade<br />
muito mais visível do que assistimos<br />
atualmente.<br />
Para isso há que munir as nossas empresas<br />
das ferramentas necessárias para que<br />
se possam lançar além-fronteiras com<br />
coragem, visão e competitividade. Isso<br />
pode ser feito através de programas de<br />
formação, consultoria, abertura de portas<br />
noutros mercados, entre muitas outras<br />
formas. A chamada “Via Verde” para a<br />
internacionalização é um bom exemplo<br />
disso mesmo.<br />
Criada pela Câmara de Comércio e<br />
Indústria Portuguesa (CCIP) e pela Yunit<br />
Consulting, esta “Via Verde” para a internacionalização<br />
permite que as empresas,<br />
especialmente as <strong>PME</strong>, se possam<br />
desenvolver internacionalmente. Com<br />
isto, preparamos um roadmap de acesso à<br />
internacionalização para apoiar as empresas<br />
a darem os passos certos, abrangendo a<br />
primeira fase de estratégia e preparação<br />
do projeto, passando pelo financiamento<br />
e pela prospeção comercial dos mercados<br />
selecionados.<br />
Ou seja, na prática, as empresas podem<br />
contar com apoio durante todo o processo<br />
de expansão internacional. Isto engloba<br />
a análise de viabilidade do projeto de<br />
internacionalização, o plano de negócio e<br />
o estudo de viabilidade económico-financeiro,<br />
identificação dos mercados-chave,<br />
o enquadramento dos sistemas de incentivos<br />
à disposição em cada momento e a<br />
assessoria na prospeção comercial, feito<br />
de uma forma individual e que garanta a<br />
fiabilidade e credibilidade dos contactos<br />
e, muito importante, o aumento significativo<br />
da probabilidade de incremento<br />
das exportações.<br />
Com este apoio, conseguimos que as<br />
empresas exportadoras façam mais negócios,<br />
poupem tempo, dinheiro e recursos no<br />
desenvolvimento do negócio internacional<br />
em mais de 90 mercados distintos e fruto<br />
de uma ampla rede de consultores locais<br />
especializados.<br />
Esta é apenas uma de muitas formas de<br />
apoiar as nossas organizações, especialmente<br />
<strong>PME</strong>, que representam a maioria do<br />
nosso tecido empresarial, a expandirem-se<br />
internacionalmente, contribuindo para o<br />
desenvolvimento da economia nacional.<br />
O mundo tem vivido profundas disrupções<br />
a nível geopolítico, económico e<br />
comercial. Os tempos têm sido marcados<br />
por uma grande instabilidade que pode<br />
retrair as empresas e os empresários. No<br />
entanto, esta realidade não deveria travar<br />
a procura de novos mercados por parte das<br />
empresas; pelo contrário! No meio de<br />
toda a incerteza, há novos caminhos<br />
por explorar que podem trazer grandes<br />
benefícios às nossas empresas. Há que<br />
ter a visão e a capacidade de partir<br />
à descoberta, sem receio e<br />
com o apoio adequado,<br />
o qual pode ajudar as<br />
empresas neste<br />
processo.<br />
Texto:<br />
Pedro Magalhães<br />
Diretor de<br />
Comércio<br />
Internacional<br />
da CCIPL<br />
Fotografia:<br />
CCIP<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
15
INTERNACIONAL<br />
Texto:<br />
Mafalda Marques<br />
Diretora<br />
Fotografia:<br />
ENRICH in LAC<br />
ORGANIZAÇÕES<br />
E MERCADOS GLOBAIS<br />
DE INOVAÇÃO<br />
FINALMENTE<br />
LIGADOS<br />
A<br />
ENRICH é a Rede Europeia de<br />
Centros e Polos de Investigação e<br />
Inovação. Promovida pela Comissão<br />
Europeia através do Horizonte 2020 e do<br />
Horizonte Europa, a rede ENRICH oferece<br />
serviços para ligar as organizações europeias<br />
de investigação, de tecnologia e de negócios<br />
aos mercados globais de inovação, sendo<br />
que a missão é criar oportunidades de<br />
investigação e de negócio para organizações<br />
europeias no mercado latino-americano e<br />
estimular a procura de serviços tecnológicos<br />
europeus na Argentina, Brasil, Chile,<br />
Colômbia e Uruguai.<br />
Mas relativamente às <strong>PME</strong>, será possível<br />
apoiá-las no desbloqueio de novas<br />
oportunidades de negócio, na partilha de<br />
conhecimentos, experiências e na troca de<br />
práticas inovadoras através de uma rede<br />
internacional de intervenientes-chave<br />
na ciência, na tecnologia e na inovação?.<br />
A ENRICH in LAC é o projeto que responde<br />
a esta questão, tendo sido desenvolvido<br />
com o objetivo de promover e apoiar a<br />
colaboração entre empresas na América<br />
Latina, Caraíbas e Europa, no sentido de<br />
reforçar as capacidades de inovação nos<br />
cuidados de saúde, na transformação digital,<br />
na bioeconomia, nas energias renováveis<br />
e na urbanização sustentável.<br />
O único polo de investigação e inovação<br />
português que participa no projeto é a<br />
Plataforma Internacional para Ciência,<br />
Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS).<br />
A PICTIS é fruto da colaboração entre<br />
a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),<br />
no Brasil, e a Universidade de Aveiro,<br />
em Portugal, onde se estabeleceu um<br />
hub de excelência em saúde dedicado à<br />
investigação, educação, inovação, desenvolvimento<br />
tecnológico e fomento do<br />
empreendedorismo, e onde atua enquanto<br />
Soft-Landing Hub para o centro ENRICH<br />
in LAC e respetivos membros.<br />
O centro atua como um<br />
um ponto comum entre<br />
vários intervenientes,<br />
que alia prospeção de<br />
oportunidades, promove<br />
o desenvolvimento de<br />
negócio e facilita e<br />
disponibiliza recursos<br />
para a capacitação<br />
Sara Medina,<br />
membro<br />
do Conselho<br />
de Administração<br />
da Sociedade<br />
Portuguesa<br />
de Inovação<br />
16<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
Entrada do escritório<br />
da PICTIS-ENRICH<br />
Pablo, Ivan, Caique,<br />
Sara (SPI) e Jan Eichbaum<br />
(vice-presidente da<br />
ENRICH in LAC)<br />
Todos os representantes do Consórcio ENRICH in LAC<br />
De acordo com Sara Medina, membro do<br />
Conselho de Administração da Sociedade<br />
Portuguesa de Inovação, as <strong>PME</strong> “são as<br />
que possuem mais facilidade em aderir<br />
a estes serviços e que procuram planos e<br />
estratégias com objetivos e metas definidas,<br />
para concretizar o desejo de crescimento<br />
num contexto internacional”.<br />
Ainda relativamente à internacionalização,<br />
“o centro atua como uma articulação,<br />
um ponto comum entre vários intervenientes,<br />
que alia prospeção de oportunidades,<br />
promove o desenvolvimento de negócio<br />
e facilita e disponibiliza recursos para a<br />
capacitação, com a constante integração<br />
em redes de contacto-chave e mercados-<br />
-alvo”, sublinha.<br />
O registo na plataforma de matchmaking<br />
é gratuito e abre um leque de oportunidades<br />
de contacto entre potenciais parceiros de<br />
negócio, tanto a nível europeu, como na<br />
América do Sul e nas Caraíbas.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
17
AMBIENTE<br />
MOMO COTTON: OS LENÇÓIS<br />
100% BAMBU QUE VIAJAM ATÉ<br />
ESPANHA<br />
Gil Dias trabalhava na banca, em Londres, e o seu irmão gémeo, Jorge Dias,<br />
na área das telecomunicações, na Alemanha. Fruto de uma viagem que fizeram<br />
pelo sudeste asiático, deixaram a vida atarefada em multinacionais para<br />
fundarem o seu próprio negócio.<br />
Texto:<br />
Filipa Ribeiro<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Momo Cotton<br />
surgiu com a nossa necessidade,<br />
uma vez que procurámos<br />
“Aideia<br />
comprar este tipo de lençóis em<br />
Portugal e não encontrámos”, conta Gil<br />
Dias, CEO e cofundador daquela que viria<br />
a ser a primeira marca portuguesa especializada<br />
em roupa de cama 100% bambu.<br />
Do sonho de construírem um negócio que<br />
lhes permitisse passar mais tempo com a<br />
família, nasceu a Momo Cotton, fundada<br />
em julho de 2022.<br />
Momo Cotton é a primeira marca portuguesa<br />
especializada em roupa de cama 100% bambu.<br />
Gil Dias e Jorge Dias, os irmãos gémeos fundadores<br />
da marca<br />
A escolha do tecido surgiu, desde cedo,<br />
devido às suas características. “O bambu<br />
é uma matéria-prima conhecida pelo<br />
rápido crescimento sem necessidade de<br />
pesticidas; e possui propriedades naturais<br />
de regulação térmica, absorção de humidade<br />
e uma suavidade incomparável”, conta Gil<br />
Dias. O CEO destaca também a sua sustentabilidade,<br />
dado ser apenas necessário um<br />
terço da água que é usada na plantação do<br />
algodão. “Fomos a primeira marca a lançar<br />
este tipo de produto no mercado”, pelo que<br />
a sua produção é importada da China, onde<br />
o encontraram. A intenção era fazer com<br />
que os seus produtos fossem produzidos<br />
totalmente no país, mas lamentam que<br />
este tecido ainda não seja utilizado no<br />
mercado nacional.<br />
Agarrado o desafio do empreendedorismo,<br />
só faltava expandir o negócio. “A expansão<br />
internacional da nossa empresa foi motivada<br />
pelo desejo de partilhar os benefícios dos<br />
nossos produtos únicos com um público<br />
mais amplo. Além disso, a resposta positiva<br />
que recebemos dos clientes em Portugal<br />
incentivou-nos a procurar oportunidades<br />
além fronteiras”, explica o irmão Gil Dias.<br />
Assim, a marca portuguesa Momo Cotton<br />
deu o salto e expandiu, pela primeira vez,<br />
a sua atividade para o mercado espanhol.<br />
Para além de uma maior população, o que<br />
significará um crescimento maior no volume<br />
de negócios da empresa, o cofundador<br />
destaca ainda a “proximidade geográfica<br />
e cultural” e “as semelhantes necessidades”<br />
entre os dois países. “Acreditamos<br />
que a nossa oferta de lençóis de bambu se<br />
encaixa bem nas preferências e valores dos<br />
consumidores espanhóis, permitindo-nos<br />
estabelecer uma presença sólida nesse<br />
mercado”, esclarece.<br />
A especialista em roupa de cama luxuosa<br />
e amiga do ambiente opera exclusivamente<br />
no mercado digital, de modo a evitar custos<br />
gerais desnecessários e a chegar aos principais<br />
mercados europeus.<br />
Até ao momento, garantem estar focados<br />
na expansão para o país vizinho, mas revelam<br />
interesse em “avaliar oportunidades noutros<br />
mercados europeus que compartilhem<br />
características semelhantes e apresentem<br />
demanda por produtos sustentáveis e de alta<br />
qualidade”. Chegar aos mercados francês<br />
e alemão é um objetivo de futuro.<br />
18<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
AMBIENTE<br />
CÂNHAMOR QUER LEVAR<br />
BLOCOS DE CÂNHAMO<br />
DO ALENTEJO PARA ESPANHA<br />
E INGLATERRA<br />
Texto:<br />
Ana Vieira<br />
Online<br />
Fotografia:<br />
Cânhamor<br />
A empresa utiliza o cânhamo como matéria-prima pela sua capacidade sequestradora<br />
de carbono. Os blocos são produzidos à base de cânhamo, adicionando argila e cal,<br />
substituindo assim o betão em projetos de construção civil.<br />
O<br />
que é que acontece quando quatro<br />
entusiastas decidem deixar um<br />
estilo de vida acelerado e urbano<br />
para criar uma solução ecológica na área da<br />
construção civil? A Cânhamor surgiu para<br />
se tornar num “negócio que fizesse, efetivamente,<br />
a diferença num setor que todos<br />
usam e precisam - o setor da construção”,<br />
conta o diretor da empresa, Elad Kaspin.<br />
Com apenas dois anos de existência,<br />
e a partir de Odemira, a Cânhamor é a<br />
primeira empresa produtora de cânhamo<br />
em Portugal que apresenta uma solução<br />
100% ecológica para a construção civil:<br />
os ECOblocos.<br />
Preocupado com o futuro das próximas<br />
gerações, Elad Kaspin assume a vontade<br />
de “mudar o ciclo” na área da construção,<br />
pois considera que “ainda não existem<br />
muitas opções sustentáveis disponíveis<br />
no mercado”.<br />
Os ECOblocos são a resposta, segundo a<br />
Cânhamor. Trata-se de um material mais<br />
robusto, com valor estético, resistente ao<br />
fogo e com propriedades isolantes e de<br />
autorregulação térmica, tornando-os mais<br />
eficientes no aquecimento dos imóveis ou<br />
na sua refrigeração.<br />
Existindo “cada vez mais pessoas com<br />
uma consciência ambiental maior”, a<br />
empresa portuguesa anunciou no início<br />
do mês de setembro a construção de uma<br />
segunda fábrica no país, um investimento<br />
de 15 milhões de euros.<br />
“Como percebemos que há cada vez mais<br />
procura e as leis do setor suportam, cada<br />
vez mais, este tipo de soluções, tomamos<br />
a decisão de continuar a acreditar neste<br />
propósito e investir no setor em grande<br />
escala”, explica o presidente da empresa.<br />
A nova unidade vai ser instalada num<br />
terreno de 36.500 metros quadrados na<br />
freguesia de Garvão, Município de Ourique,<br />
e tem como objetivo revolucionar o setor<br />
da construção e da agricultura com uma<br />
solução 100% ecológica.<br />
Com este projeto, a empresa vai alargar os<br />
horizontes, até agora centrados no Alentejo,<br />
e atacar o mercado internacional com o<br />
seu “betão de cânhamo”. Com o objetivo<br />
Elad Kaspin, diretor da Cânhamor<br />
de “transformar o setor a nível mundial”,<br />
assegura Elad Kaspin, os primeiros mercados<br />
a conquistar serão Espanha, Inglaterra,<br />
Israel e Estados Unidos pois são países que<br />
mostraram interesse nos produtos da marca.<br />
Até lá, a empresa continua a apostar no<br />
envolvimento com a comunidade local já<br />
que, com esta segunda fábrica, a Cânhamor<br />
comprará a matéria-prima e produzirá<br />
os blocos, permitindo controlar todo o<br />
processo produtivo, aumentando <strong>30</strong> vezes<br />
a produção.<br />
“Pretendemos incentivar os agricultores<br />
a produzirem a matéria-prima, que nos vai<br />
permitir encurtar o tempo de produção e<br />
reduzir os custos e o preço da venda do<br />
produto final”, conclui o presidente da<br />
empresa de Odemira.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
19
RH<br />
O PAPEL DA LUSOFONIA COMO<br />
ELO NA GESTÃO DE PESSOAS<br />
“ A língua<br />
portuguesa é<br />
uma das línguas<br />
mais faladas no<br />
mundo, o que<br />
confere aos<br />
países lusófonos<br />
uma vantagem<br />
significativa<br />
em termos de<br />
alcance global<br />
Anabela Chastre,<br />
presidente da Cimeira<br />
Lusófona de Liderança<br />
”<br />
A<br />
Lusofonia é um conceito que abraça<br />
países que partilham a língua<br />
portuguesa como língua oficial, o<br />
que por si só representa um elo poderoso na<br />
gestão de pessoas. Ao longo dos anos, esta<br />
comunidade linguística tem se tornado um<br />
exemplo inspirador de como a diversidade<br />
cultural e a colaboração entre países podem<br />
impulsionar o desenvolvimento humano<br />
e económico.<br />
Uma das características mais inspiradoras<br />
da Lusofonia é a celebração da diversidade<br />
cultural que abrange. Desde os solos<br />
portugueses até as vastas terras do Brasil,<br />
das praias de Moçambique até as ilhas de<br />
Cabo Verde, esta comunidade lusófona é um<br />
mosaico de tradições, costumes e valores.<br />
Ao reconhecer e abraçar esta diversidade<br />
cultural, as organizações têm a oportunidade<br />
de criar ambientes de trabalho ricos em<br />
diferentes perspetivas e conhecimentos. A<br />
troca de experiências culturais enriquece<br />
a criatividade e a inovação, resultando<br />
em soluções mais abrangentes para os<br />
desafios empresariais. Quando gestores<br />
e colaboradores valorizam as diferentes<br />
origens culturais, a harmonia no local de<br />
Texto:<br />
Anabela Chastre<br />
Presidente da<br />
Cimeira Lusófona<br />
de Liderança e<br />
CEO da Chastre<br />
Consulting –<br />
Formação<br />
e Leadership<br />
Coaching para<br />
Empresas<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
trabalho aumenta e as equipas tornam-se<br />
mais motivadas e consequentemente, mais<br />
produtivas.<br />
Esta interculturalidade na gestão de<br />
pessoas pode ser considerada um ativo<br />
valioso, uma vez que as diferenças culturais<br />
podem contribuir para que as equipas<br />
se tornem mais empáticas, que se tente<br />
perceber as diferentes perspetivas e se<br />
contrua em conjunto novas soluções. Tudo<br />
isto, contribui para uma liderança mais<br />
humanizada e próxima das pessoas.<br />
A Lusofonia também abre portas para a<br />
construção de relações globais sólidas. A<br />
língua portuguesa é uma das línguas mais<br />
faladas no mundo, o que confere aos países<br />
lusófonos uma vantagem significativa em<br />
termos de alcance global. Isso cria oportunidades<br />
interessantes para colaborações<br />
internacionais. Esta união pode ser benéfica<br />
para empresas que procuram expandir-se,<br />
abrindo portas à criação de empregos e,<br />
consequentemente, a um crescimento<br />
económico.<br />
Para além disso, a Lusofonia pode incentivar<br />
a mobilidade de talentos entre os vários<br />
países, uma vez que o idioma não constitui<br />
uma barreira. Dessa forma, os gestores<br />
de Recursos Humanos podem contratar<br />
talentos nos diferentes países e integrá-los<br />
nas suas equipas de forma rápida e eficaz.<br />
Esta união da língua e da cultura é uma<br />
fonte inesgotável de inspiração. Ela recorda-nos<br />
que apesar das diferenças, somos<br />
todos parte de uma comunidade global<br />
interligada. Ela encoraja-nos a celebrar as<br />
tradições uns dos outros, a aprender com<br />
as nossas diferenças e a trabalhar juntos<br />
para construir um futuro melhor.<br />
A gestão de pessoas na Lusofonia é um<br />
testemunho vivo de como a união entre os<br />
países pode ser uma força poderosa para o<br />
progresso e para a prosperidade que tanto<br />
queremos ver acontecer. Está nas nossas<br />
mãos aproveitar esse potencial inspirador e<br />
moldar um futuro brilhante para todos nós.<br />
20<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
RH<br />
CONHECIMENTO<br />
INTERNACIONAL LEVA<br />
HARPOON A ELEVAR SETOR<br />
DOS RECURSOS HUMANOS<br />
O Harpoon é uma recrutadora que “nasceu há oito anos com a ambição de ser a<br />
solução de excelência e de base tecnológica forte para os dois lados da equação<br />
do recrutamento”, conta Elísio Sousa, COO do Harpoon.<br />
A<br />
aposta desta agência de talento na<br />
internacionalização surgiu de forma<br />
“muito natural” ao trabalharem<br />
com uma rede de candidatos global e, para<br />
além das <strong>PME</strong>, com clientes multinacionais<br />
em Portugal. “Isto reforçou a nossa intenção<br />
de inovar e expandir para novas geografias<br />
e serviços, nomeadamente para Espanha<br />
e França, onde abrimos escritórios físicos,<br />
e para o Brasil, Reino Unido, Alemanha e<br />
Angola, onde já trabalhamos há vários anos”.<br />
Acreditam que a competitividade dos<br />
mercados espanhóis e franceses estimulam<br />
a criação de soluções inovadoras que dão<br />
resposta às necessidades das empresas e dos<br />
talentos, pelo que é nestes mercados que<br />
“o Harpoon se sente como peixe na água”.<br />
“Esta presença física permite-nos, não só<br />
expandir o nosso scope de atuação, como<br />
é fundamental para ajudarmos as <strong>PME</strong> em<br />
Portugal a internacionalizar o seu negócio<br />
e a terem do seu lado os talentos com o<br />
know-how para o fazer”, explica o COO.<br />
O caminho para a inovação, “matriz<br />
fundamental e omnipresente do Harpoon<br />
desde a sua criação”, tem sido uma constante<br />
aposta da agência que, desde 2016,<br />
utiliza a inteligência artificial em escritórios<br />
virtuais (meta-office), que permite ter uma<br />
equipa a trabalhar em todo o mundo de<br />
forma remota e híbrida, e em programas<br />
de Desenvolvimento de Lideranças, com<br />
componentes interativas e digitais.<br />
“Apesar de toda a componente digital,<br />
continuamos a acreditar que a componente<br />
humana é fundamental no nosso negócio”,<br />
garante Elísio Sousa.<br />
A escassez de mão de obra é uma das atuais<br />
preocupações das empresas que procuram<br />
colaboradores alinhados com a visão,<br />
estratégia e cultura da empresa. Segundo o<br />
Elísio Sousa (COO), Maria Falcão (CEO) e Matthieu Douziech (Founder & CSO)<br />
Texto:<br />
Djeisibel Lopes<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Harpoon<br />
COO do Harpoon, “o mundo é BANI - Brittle,<br />
Anxious, Nonlinear e Incomprehensible (”Frágil,<br />
Ansioso, Não Linear e Incompreensível”)<br />
e, por isso, estes perfis têm que ser ótimos<br />
na sua função, mas principalmente terem<br />
características de resiliência, empatia e de<br />
capacidade de adaptação, que permitam<br />
moldar-se às muitas realidades que eles e<br />
as suas equipas vão encontrar”.<br />
E para dar resposta a este desafio, o Harpoon<br />
apresenta-se como o parceiro estratégico.<br />
“O nosso profundo conhecimento da realidade<br />
dos Recursos Humanos, em Portugal e<br />
no resto do mundo, permite-nos partilhar<br />
conhecimento com as empresas e sugerir<br />
soluções inovadoras que já foram testadas<br />
e comprovadas noutros países, dando<br />
vantagem competitiva aos nossos clientes<br />
na atração, retenção e desenvolvimento<br />
dos talentos”.<br />
“ Apesar de<br />
toda a componente<br />
digital,<br />
continuamos<br />
a acreditar que<br />
a componente<br />
humana é<br />
fundamental<br />
no nosso<br />
negócio<br />
Elísio Sousa,<br />
COO do Harpoon<br />
”<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
21
BI<br />
Texto:<br />
Djeisibel Lopes<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Divulgação<br />
Andreia Vaz<br />
assume<br />
a direção<br />
do Marketing<br />
da Nespresso<br />
Portugal<br />
Aex-diretora ibérica<br />
de IBTC da Nestlé vai<br />
suceder João Pedro<br />
Silva na direção de<br />
marketing da Nespresso<br />
Portugal. Com mais<br />
de 20 anos de experiência, Andreia<br />
Vaz ocupou cargos em marketing e<br />
uma variedade de funções na área de<br />
Inovação, particularmente em Londres,<br />
onde desempenhou funções de desenvolvimento<br />
de novos produtos para a<br />
Europa e funções globais de Inovação<br />
disruptiva.<br />
Andreia Vaz, ex-diretora ibérica de IBTC da Nestlé<br />
Tania Salguero<br />
nomeada COO para<br />
o mercado ibérico pela<br />
BNP Paribas Cardif<br />
Eleita a nova chief operating officer<br />
e diretora de transformação pela BNP<br />
Paribas Cardif em Portugal e Espanha,<br />
Tania Salguero já conta com mais de<br />
20 anos de experiência profissional no<br />
setor financeiro e de seguros. Com o<br />
novo cargo, passará a ser responsável<br />
por toda a área operacional, de IT e de<br />
organização da empresa no mercado<br />
ibérico.<br />
22<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
Continental Tires<br />
Espanha elege<br />
Pedro Teixeira<br />
como diretor geral<br />
Com mais de 20 anos de experiência,<br />
Pedro Teixeira, que atualmente ocupa<br />
o cargo de general market manager<br />
da Continental em Portugal, assumiu<br />
desde 1 de outubro, o cargo de diretor<br />
geral para Espanha. Irá, no entanto,<br />
continuar como diretor geral interino<br />
do mercado português e a reportar<br />
diretamente à Tansu Isik, responsável<br />
pela região sul.<br />
Zühlke nomeia<br />
Mariana Salvaterra<br />
como diretora<br />
de software excellence<br />
A mestre em Engenharia Informática<br />
e Computação, Mariana Figueiredo<br />
Salvaterra, é eleita diretora de software<br />
excellence dos Centros Globais de<br />
Engenharia da consultora tecnológica<br />
Zühlke. Ao cargo de diretora geral,<br />
junta-se esta nova função de liderança<br />
das equipas de engenharia, atualmente<br />
com 114 colaboradores distribuídos<br />
pelos três escritórios europeus.
Transmissões<br />
em Direto<br />
Filmes<br />
Corporativos<br />
Cobertura<br />
de Eventos<br />
Vídeo<br />
Marketing<br />
C r i e o s s e u s c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o n a i n t e r n e t ,<br />
f i q u e m a i s p e r t o d o s s e u s c l i e n t e s .<br />
www.nortfilmes.pt
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
Texto:<br />
Ana Vieira<br />
Online<br />
Fotografia:<br />
Sogenave<br />
SOGENAVE: “JOVEM PORQUE<br />
CONTINUA A SONHAR, A INOVAR<br />
E A DESAFIAR-SE TODOS OS DIAS”<br />
A celebrar os 50 anos de atividade, a Sogenave contribui para a comunidade<br />
de duas formas: garante que os seus produtos são entregues com a máxima<br />
segurança e colabora com as iniciativas sociais dos próprios clientes.<br />
24<br />
“ Para além<br />
de estarmos<br />
a conduzir um<br />
negócio,<br />
estamos<br />
também a<br />
prestar um<br />
serviço<br />
de grande<br />
utilidade para<br />
a sociedade<br />
Emanuel Branco,<br />
diretor comercial<br />
da Sogenave<br />
”<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
A Sogenave prevê que o volume de negócios ultrapasse os 200 milhões de euros<br />
M<br />
as que responsabilidade tem uma<br />
empresa para além de cumprir com<br />
todas as suas obrigações legais?<br />
Ou que dever tem um grupo económico de<br />
contribuir positivamente para o meio onde se<br />
encontra inserido? Para a Sogenave, responsável<br />
por fazer chegar géneros alimentares<br />
em segurança a cozinhas profissionais em<br />
todo o país, a palavra-chave é “confiança”.<br />
“Há 50 anos que sentimos diariamente<br />
que os nossos clientes, colaboradores e<br />
acionistas confiam em nós e que, para<br />
além de estarmos a conduzir um negócio,<br />
estamos também a prestar um serviço de<br />
grande utilidade para a sociedade”, aponta<br />
o diretor comercial da Sogenave, Emanuel<br />
Branco, responsável também pela estratégia<br />
comercial do Foodservice Social.<br />
A comemorar cinco décadas, o grupo assume-se como “jovem<br />
porque continua a sonhar, a inovar e a desafiar-se todos os dias”.<br />
Num balanço positivo no trajeto de uma empresa criada no dia<br />
1 de fevereiro de 1973, a sensação é de um misto de orgulho e<br />
responsabilidade.<br />
“Estamos muito orgulhosos do trajeto da empresa e ao mesmo<br />
tempo também sentimos uma responsabilidade enorme em dar<br />
continuidade a um projeto de tamanha envergadura e sucesso em<br />
Portugal”, conta-nos o conselho de administração da Sogenave.<br />
Atualmente, a empresa de distribuição alimentar e não alimentar<br />
faz parte do Grupo Trivalor. Conta com mais de 400 colaboradores<br />
e tem um volume de negócios que este ano tem previsto ultrapassar<br />
os 200 milhões de euros.<br />
Com atividade em todo o país, a Sogenave – Food Solutions<br />
distribui mais de 400 toneladas, em média, por dia, sendo a<br />
parte do Foodservice Social um dos mais relevantes da operação.<br />
Abrange todo o segmento da Educação (Colégios, Escola de Ensino<br />
Básico, Secundário e Superior/Universidades, Escolas Profis-
RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />
A empresa entrega géneros alimentares a cozinhas profissionais de todo o país<br />
sionais), Forças Armadas e de Segurança, Entidades Religiosas,<br />
e o segmento da Saúde e Apoio Social (Hospitais, Instituições<br />
Particulares de Solidariedade Social, Lares e Residências Sénior,<br />
Bancos Alimentares).<br />
Com uma atividade tão vasta, o impacto na comunidade é<br />
também acrescido. A empresa aponta dois níveis de envolvimento:<br />
a missão da Sogenave e o apoio a projetos dos clientes.<br />
Um primeiro nível “decorre diretamente da nossa missão –<br />
entregar à porta dos nossos clientes tudo aquilo que necessitam<br />
para confecionar os alimentos, tornando possível que aqueles<br />
levem a cabo, por sua vez, a sua respetiva missão”, destaca a<br />
empresa enaltecendo ainda aquilo que chama de “capacidade<br />
logística de fazer chegar”.<br />
Neste ponto, o destaque vai para a eficiência económica com a<br />
utilização de soluções inovadoras como, por exemplo, a disponibilização<br />
de ferramentas de Gestão de Ementas contribuindo para<br />
uma gestão das encomendas e dos stocks mais eficiente, gerando<br />
estimativas de custos e análise de desvios de gastos.<br />
Num segundo nível, explica a Sogenave, o “impacto na comunidade<br />
é feito através do apoio a projetos e iniciativas dos nossos<br />
clientes”, desde a colaboração em campanhas, a participação em<br />
publicações da União Misericórdias, eventos festivos de clientes,<br />
formação técnica gratuita de produtos alimentares ou apoio de<br />
consultoria a projetos de cozinha e lavandaria.<br />
Também os grandes eventos contam com o apoio da empresa.<br />
No âmbito da Jornada Mundial da Juventude, realizada em<br />
agosto, a Sogenave distribuiu kits de alimentação a peregrinos.<br />
Uma experiência que se traduziu num “orgulho e sentimento de<br />
dever cumprido”, conta-nos o diretor comercial da Sogenave,<br />
Emanuel Branco. “A Sogenave providenciou kits alimentares<br />
de almoço e jantar a peregrinos e voluntários revelando uma<br />
fantástica capacidade de resposta rápida,<br />
mas foi a operação de pequenos-almoços<br />
a peregrinos e voluntários que mais exigiu<br />
de nós”, explicou.<br />
No total, foram entregues géneros de<br />
pequeno-almoço em cerca de <strong>30</strong>0 locais<br />
diferentes, nos distritos de Lisboa, Setúbal<br />
e Santarém, com ajustes diários, em virtude<br />
da dinâmica de inscrições.<br />
Porque o futuro de uma empresa também<br />
se faz recordando o passado, foi publicado<br />
no início deste ano o livro “Sogenave, os<br />
primeiros 50 anos 1973 – <strong>2023</strong>”, da Editora<br />
Guerra e Paz, com testemunhos de colaboradores,<br />
fontes documentais e fotografias.<br />
Este ano, tiveram ainda diversas iniciativas<br />
comemorativas da efeméride, com destaque<br />
para a “Gala dos 50 anos da Sogenave”, que<br />
decorreu em fevereiro passado, no Casino<br />
do Estoril. A celebração contou com a<br />
atribuição de prémios carreira, entre outras<br />
distinções a colaboradores, e com a apresentação<br />
do “Hino Sogenave”, composto<br />
por um dos administradores da empresa,<br />
Bruno Faneco, e entoado pela SogBand,<br />
composta por colaboradoras da Sogenave.<br />
Para os próximos anos, a Sogenave – Food<br />
Solutions pretende “crescer e alcançar uma<br />
share [quota] de mercado ainda mais reforçada”,<br />
assume a empresa de distribuição<br />
alimentar e não alimentar.<br />
“Continuaremos a trabalhar dia após<br />
dia para sermos reconhecidos como um<br />
verdadeiro parceiro, que ajuda e aporta<br />
valor aos clientes, para podermos caminhar<br />
juntos para uma sociedade mais coesa,<br />
mais participativa, mais eficiente e mais<br />
sustentável, em que cada um desempenha<br />
um papel fulcral no contributo para um<br />
todo”, conclui a empresa.<br />
“ A Sogenave<br />
providenciou kits<br />
alimentares<br />
de almoço<br />
e jantar<br />
a peregrinos<br />
e voluntários<br />
revelando uma<br />
fantástica<br />
capacidade de<br />
resposta rápida<br />
Emanuel Branco,<br />
diretor comercial<br />
da Sogenave<br />
”<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
25
EM DESTAQUE<br />
26<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
EM DESTAQUE<br />
Texto:<br />
Filipa Ribeiro<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
João Filipe Aguiar<br />
Photography<br />
É preciso fazer<br />
este<br />
comunicar<br />
trabalho de<br />
aquilo que nós temos<br />
Marlene Vieira<br />
Marlene Vieira<br />
está nomeada para<br />
os 100 melhores<br />
chefes do mundo<br />
C<br />
omeçou a trabalhar com 12 anos num restaurante<br />
e rapidamente descobriu que a comida<br />
era um vício. Marlene Vieira conta com três<br />
espaços abertos, todos na região de Lisboa,<br />
e, atualmente, ambiciona ganhar a primeira<br />
Estrela Michelin com o seu mais recente projeto<br />
de fine dining, o Marlene,.<br />
Em entrevista à <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>, a nomeada para os 100 melhores<br />
chefes do mundo fala sobre a sua nova aventura nos Estados Unidos<br />
da América e perspetivas de internacionalização.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> (<strong>PME</strong> Mag.) – Abriu a sua empresa há quase<br />
dez anos, como foi a mudança de chefe para empresária?<br />
Marlene Vieira (M.V.) - Não foi fácil. Obviamente estou muito<br />
habituada a gerir a cozinha, lidava com muitos cozinheiros e<br />
com pessoas dentro de uma cozinha, não tanto com a parte de<br />
atendimento à sala, de advogados e tudo o que fosse gestores. Foi<br />
uma adaptação que, ao longo dos tempos, me fui apaixonando<br />
até porque eu trouxe um bocadinho dessa experiência que fui<br />
acumulando ao longo dos anos para dentro da cozinha, o que<br />
acaba por ser um instrumento interessante. Nós utilizamos a<br />
experiência da cozinha nas áreas que estão ligadas, depois utilizei<br />
aquilo que fui aprendendo das outras áreas para dentro da cozinha<br />
e isto foi interessante do ponto de vista de gestão e do obter<br />
resultados diferentes daqueles que eu tinha até à altura. Mas claro<br />
que é um desafio, cometem-se alguns erros e o importante é nós<br />
aprendermos com todos eles e irmos evoluindo.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Que desafios foi encontrando ao longo desse<br />
caminho?<br />
M.V. - Recordo-me que o primeiro teve a ver com o menu<br />
proposto no Food Corner, o espaço mais antigo que eu tenho e<br />
que foi o primeiro que eu assumi enquanto gestora do projeto.<br />
Na altura, a partir do momento em que eu começo a sair um<br />
bocadinho fora da cozinha e tenho que abranger um pouco mais<br />
todo o projeto, apercebi-me de que o menu estava errado para<br />
a proposta, para o espaço e para o cliente que procurava, e tive<br />
que o mudar ao fim de um mês e meio. Foi se calhar o primeiro<br />
“ Cometem-se<br />
alguns erros e o<br />
importante é nós<br />
aprendermos<br />
com todos eles e<br />
irmos evoluindo<br />
Marlene Vieira,<br />
Chef<br />
”<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
27
EM DESTAQUE<br />
A chef portuguesa começou a trabalhar com 12 anos num restaurante<br />
impacto que eu tive com este assumir uma<br />
empresa e ter que tomar decisões fora do<br />
âmbito da cozinha. A decisão do menu é<br />
a escolha do chefe, mas sempre aliada a<br />
uma gestão de F&B (Food and Beverage) e<br />
de marketing comercial a que eu não estava<br />
habituada no início da empresa. Depois,<br />
percebi que ao longo do tempo teria que<br />
sair mais vezes da cozinha e ter esta visão<br />
do cliente, uma visão crítica em termos de<br />
imagem, do espaço e uma série de coisas que<br />
fui adaptando, e obviamente aprendendo<br />
e tentando resolver o mais rápido possível.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Gere também o Zunzum<br />
Gastrobar e o Marlene,. O que distingue<br />
estes espaços e que pontos têm em comum?<br />
M.V. - Pontos em comum tem a cozinha<br />
portuguesa, os produtos portugueses e as<br />
tradições portuguesas. Não só no ponto de<br />
vista da comida, mas também os nossos<br />
materiais, cadeiras, design mobiliário e a<br />
parte do vinho são 100% português. A nossa<br />
proposta é ser uma montra do que melhor<br />
se faz em Portugal em ambos os espaços,<br />
não só a nível da comida, mas em tudo o<br />
que envolve a montagem de um restaurante.<br />
Esse é o principal elo de ligação. O<br />
ZunZum é um espaço super descontraído<br />
Percebi que ao longo<br />
do tempo teria que<br />
sair mais vezes<br />
da cozinha e ter<br />
esta visão do cliente,<br />
uma visão crítica<br />
em termos de imagem<br />
e do espaço<br />
Marlene Vieira,<br />
Chef<br />
para toda a gente e abre ao meio-dia e fecha<br />
à meia-noite, o que não é muito comum. A<br />
qualquer hora o cliente pode vir desfrutar<br />
tanto de uma bebida, como da comida ou<br />
dos dois em simultâneo. Tem ainda uma<br />
cozinha, posso dizer contemporânea,<br />
muito inspirada nos sabores de Portugal,<br />
de norte a sul do país. Estamos muito presos<br />
às técnicas portuguesas da cozinha e não<br />
só, utilizamos técnicas do mundo para<br />
brincar um bocadinho com a cultura e<br />
com a nossa gastronomia. O Marlene, é um<br />
menu completamente desconhecido para<br />
28<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
EM DESTAQUE<br />
A cozinha portuguesa é o ponto em comum nos seus três espaços abertos, em Lisboa<br />
quem nos visita, isto é, quem lá vai não sabe<br />
o que é que vai comer, é uma surpresa. São<br />
dois menus e só têm que escolher sete ou<br />
doze momentos. E o que nós propomos?<br />
Sentar-se, confiar e descontrair. Aqui<br />
também temos uma ligação muito forte a<br />
Portugal, mas vamos mais longe e arriscamos<br />
trabalhar os produtos portugueses,<br />
desconstruímos o prato por completo e<br />
faz-se uma combinação de inovação com<br />
tradição.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quantas pessoas gerem e<br />
que dores de crescimento tem sentido ao<br />
longo destes últimos anos?<br />
M.V. – Conto com 86 pessoas e quanto<br />
às dores de crescimento, foram bastantes.<br />
Quando passamos de uma quantidade que<br />
nós controlamos dentro da nossa cozinha<br />
Eu conheço muitos<br />
projetos com Estrela<br />
Michelin e eu sei<br />
que o Marlene, está<br />
preparado para<br />
receber esse prémio<br />
Marlene Vieira,<br />
Chef<br />
para um volume muito maior, temos que<br />
criar um espaço que nos dê esse apoio.<br />
Até que lá chegássemos e conseguíssemos<br />
construir isso foi difícil, no sentido que<br />
eu não venho de uma formação de recursos<br />
humanos. Mas nós crescemos muito<br />
bem porque, não sendo eu especialista<br />
em determinadas áreas, aliei-me muito<br />
rapidamente a pessoas que são especialistas:<br />
recursos humanos, financeiro,<br />
design, marketing comercial e gestão das<br />
redes sociais. Não estando totalmente à<br />
vontade nesses campos, sentimos mais<br />
nervosismo, estamos a falar com pessoas<br />
que muitas vezes não estão ligadas à área<br />
da restauração e que elas próprias também<br />
têm que se habituar a nós e há todo um<br />
trabalho que tem que ser feito, para mim,<br />
fora das cozinhas.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – O que a leva a acreditar<br />
que a sua primeira estrela Michelin poderá<br />
chegar com este último espaço, o Marlene,?<br />
M.V. – Leva-me a acreditar pela minha<br />
experiência, pelo projeto em si, a forma<br />
como foi criado, como foi pensado, a<br />
proposta gastronómica que nós temos, o<br />
que temos previsto a nível de médio e longo<br />
prazo e pela qualidade do serviço prestado.<br />
Eu conheço muitos projetos com Estrela<br />
Michelin e sei que o Marlene está preparado<br />
para receber esse prémio.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Há dois anos foi jurada no<br />
programa televisivo Masterchef Portugal.<br />
Que aprendizagem retirou da experiência<br />
a nível pessoal e profissional?<br />
M.V. – A nível pessoal foi muito bom<br />
partilhar a paixão. Eu estou muito habituada<br />
a conviver entre pessoas profissionais,<br />
que se formam e que estão muito ligadas<br />
à gastronomia, e perceber que, do outro<br />
lado, as pessoas que optaram por não ir<br />
para uma cozinha profissional mantinham<br />
aquele bichinho da cozinha, o amor pela<br />
gastronomia e pela criação de pratos. Têm<br />
uma paixão arrebatadora, não sei explicar,<br />
há ali uma partilha muito interessante e<br />
que no dia-a-dia não é o nosso foco. É um<br />
desafio a que eles se propuseram, podermos<br />
estar ali e partilhar essa paixão juntos foi o<br />
que mais me fascinou naquele programa.<br />
A nível profissional, obviamente, há uma<br />
visibilidade muito grande e depois as pessoas<br />
que nos assistem tornam-se clientes e isso é<br />
o lado das pessoas ficarem com curiosidade<br />
de saberem o que é que nós fazemos nos<br />
nossos espaços, porque há muitas pessoas<br />
que não me conheciam e que não conhecem<br />
o meu trabalho, mas através do programa<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
29
EM DESTAQUE<br />
O Marlene, apresenta dois menus surpresa, onde os clientes são convidados a “sentar, confiar e descontrair”<br />
“ Veio esse<br />
convite para<br />
poder estar<br />
lá em vários<br />
pontos do Texas<br />
e poder mostrar<br />
um bocadinho<br />
mais sobre a<br />
nossa cultura<br />
gastronómica<br />
Marlene Vieira,<br />
Chef<br />
”<br />
pude aumentar, obviamente, o número de<br />
visitantes nos espaços.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como surgiu a oportunidade<br />
de dar aulas nos Estados Unidos da América?<br />
M.V. – Foi com a visita de um diretor<br />
de uma cadeia de mercados, o Central<br />
Market, no Texas. Ele visitou o Time Out<br />
de férias, teve a oportunidade de provar a<br />
nossa comida e ficou fascinado. Percebeu<br />
que a base é muito a cozinha portuguesa,<br />
sem grandes fantasias, e era precisamente<br />
isso que ele pretendia nas suas aulas porque<br />
todos os anos convidam um país para estar<br />
presente nos seus mercados através dos<br />
melhores produtos que eles encontram<br />
nos países e têm sempre uma cozinha que<br />
está disponível para dar aulas aos seus<br />
clientes e dar-lhes a conhecer um bocadinho<br />
desta cultura. Ele gostou tanto da<br />
minha comida que veio esse convite para<br />
poder estar lá em vários pontos do Texas e<br />
poder mostrar um bocadinho mais sobre a<br />
nossa cultura gastronómica. Já recebemos<br />
entretanto pessoas que vieram de lá e que já<br />
vieram aqui ao nosso restaurante e que vão<br />
conhecer outras cidades porque nós fomos<br />
apresentar pratos de várias regiões do país.<br />
Foi muito interessante poder partilhar esta<br />
experiência.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Em que medida esta oportunidade<br />
contribui para a divulgação<br />
internacional da sua marca?<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
<strong>30</strong> pmemagazine.sapo.pt
EM DESTAQUE<br />
M.V. – Eu acho que o mercado dos Estados Unidos já é um mercado<br />
que Portugal foi conquistando ao longo destes anos e agora nota-se<br />
que há um grande impacto todos os dias porque nós temos porta<br />
aberta e recebemos muitos clientes dos Estados Unidos e, claro,<br />
esta é uma forma de eu dar a conhecer um bom produto português<br />
e isso é algo que eu posso dizer, que a nossa principal característica<br />
é qualidade e confiança. Nesse sentido, a oportunidade<br />
de eu poder ir lá bem reforçar aquilo que os americanos já têm<br />
ideia dos portugueses, que somos um país pequeno, mas muito<br />
consistente e muito intenso no sentido de termos muita coisa boa<br />
e que não é partilhada no mundo. Aquilo que eu tentei passar foi<br />
a qualidade que Portugal tem a nível de oferta de produtos, que<br />
não chegam a todo lado. O vinho já é mais conhecido no mundo<br />
inteiro, mas também a qualidade dos cozinheiros que existe em<br />
Portugal. Nós também temos técnicas, não são só os franceses,<br />
os japoneses ou os italianos. A maior parte do mundo conhece<br />
essas técnicas culinárias, mas, por exemplo, muita gente não faz<br />
ideia de que o Escabeche é uma técnica portuguesa e que hoje em<br />
dia é utilizada no mundo inteiro por cozinheiros mundialmente<br />
conhecidos. Portanto, é preciso fazer este trabalho de comunicar<br />
aquilo que nós temos e o que é que fazemos. Claro, eu levando a<br />
minha marca, não levo só a minha marca, levo Portugal. Acredito<br />
que eu tendo esta oportunidade de chegar aos americanos e eles<br />
sendo tão influenciáveis no que toca a marcas, rapidamente aquilo<br />
que eu fiz lá se vai espalhar e vai chegar<br />
o mais longe possível. É uma mais-valia<br />
obviamente trazer projetos daqui para frente<br />
e poder estar mais vezes nesse mercado,<br />
não só nos Estados Unidos, a falar sobre os<br />
produtos portugueses e sobre os pratos da<br />
cozinha portuguesa, porque nós não temos<br />
só o peixe grelhado, nem pastéis de nata,<br />
temos muito mais.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Pretende levar o seu conhecimento<br />
a outros países?<br />
M.V. – Pretendo sim senhor. O Marlene<br />
é muito recente, tem um ano e poucos<br />
meses de existência, e um dos eventos<br />
que nós temos proposto e que é algo que<br />
nós fazemos regularmente tem a ver com<br />
a comemoração da sazonalidade, algo que<br />
está muito enraizado na nossa cultura. Tem<br />
muito a ver com aquilo que a terra e o que os<br />
produtos sazonais nos dão, a nossa cultura<br />
gastronómica foi construída ao longo do<br />
tempo com esta base de trabalho e com<br />
muitas influências do mundo. Há uns cinco,<br />
seis anos, que esta geração de cozinheiros<br />
“ É preciso fazer<br />
este trabalho<br />
de comunicar<br />
aquilo que nós<br />
temos e o que<br />
é que fazemos.<br />
Claro, eu<br />
levando a minha<br />
marca, não levo<br />
só a minha<br />
marca, levo<br />
Portugal<br />
Marlene Vieira,<br />
Chef<br />
”<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
31
EM DESTAQUE<br />
A chef portuguesa<br />
explica como a<br />
internacionalização<br />
também passa<br />
pela partilha<br />
de conhecimento<br />
entre países<br />
leva a cozinha portuguesa muito a sério. Há um investimento de<br />
muitos cozinheiros portugueses para levar esta cozinha portuguesa<br />
para o mundo, em eventos, em partilhas com chefes, e o<br />
Marlene, é precisamente isto que faz. Nós temos quatro eventos<br />
anuais, onde convidamos chefes portugueses que são muito<br />
conhecidos do público português e com Estrela Michelin, e é uma<br />
partilha. Os nossos clientes têm a oportunidade de conhecer a<br />
cozinha de outros chefes e esses chefes conhecerem a cozinha<br />
do Marlene, e depois há uma troca, eles vêm cá, nós vamos lá, e<br />
isto vai se espalhando, até porque cada um de nós tem clientes, não<br />
só portugueses mas estrangeiros que vivem em Portugal e alguns<br />
estrangeiros que estão de visita a Portugal. Este ano, demos início<br />
ao mesmo evento, mas com nomes internacionais muito fortes.<br />
Já fizemos com uma das melhores chefes do mundo, a Ana Roš,<br />
que foi considerada a melhor chefe do mundo em 2017 e que por<br />
acaso recebeu a Estrela Michelin, a terceira, um dia antes de vir cá<br />
fazer o evento, o que criou ainda um maior impacto. Em outubro,<br />
recebemos um outro chefe italiano e isto vai acontecendo com<br />
muitos nomes internacionais, e que depois irei eu lá aos países<br />
destes chefes. Há outros eventos gastronómicos espalhados pelo<br />
mundo, em que eu tendo uma marca forte no mercado português<br />
nesta área, estou nomeada para os 100 melhores chefes do<br />
mundo, que vai sair no México no mês de novembro. Tudo isto<br />
vai obviamente expandir a marca e o que se pretende aqui é um<br />
Há um investimento<br />
de muitos cozinheiros<br />
portugueses para levar<br />
esta cozinha portuguesa<br />
para o mundo, em<br />
eventos, em partilhas<br />
com chefes<br />
Marlene Vieira,<br />
Chef<br />
32<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
EM DESTAQUE<br />
“ Marlene, está<br />
em Portugal,<br />
mas virado para<br />
o mundo.<br />
Só depois de<br />
termos aqui um<br />
bocadinho mais<br />
de consolidação<br />
é que vamos<br />
avançar e aceitar<br />
propostas lá fora<br />
Marlene Vieira,<br />
Chef<br />
”<br />
Marlene Vieira em<br />
entrevista à <strong>PME</strong><br />
<strong>Magazine</strong> no ZunZum<br />
Gastrobar, em Lisboa<br />
crescimento, não só do nosso trabalho e da<br />
nossa marca, mas também de quem está<br />
a trabalhar comigo diretamente e que eu<br />
faço questão de divulgar.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Para além dessa partilha de<br />
conhecimento, a internacionalização da<br />
marca passa também, por exemplo, pela<br />
abertura de um novo restaurante lá fora?<br />
M.V. – Já existiram propostas, achamos<br />
é que temos que consolidar um bocadinho<br />
mais o projeto Marlene,.<br />
Tem um ano e pouco tempo e precisamos<br />
de fazer esse trabalho interno virado para<br />
o mundo, é assim que eu costumo dizer.<br />
Marlene, está em Portugal, mas virado<br />
para o mundo. Só depois de termos aqui<br />
um bocadinho mais de consolidação é que<br />
vamos avançar e aceitar propostas lá fora.<br />
Para já, vamos fazendo este trabalho de<br />
comunicar e de poder estar em determinados<br />
eventos específicos para apresentar<br />
o nosso projeto.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Trabalha num meio muito<br />
específico, onde as mulheres são cozinheiras<br />
e os homens chefes. Porque será que isto<br />
ainda acontece?<br />
M.V. – Já não acontece tanto. Eu tenho<br />
muitos anos de experiência e no meu<br />
tempo, pelo ambiente que se vivia dentro<br />
das cozinhas, sendo um bocadinho agressivo,<br />
tanto físico como psicologicamente,<br />
as mulheres não se sentiam à vontade e<br />
então saíam pelos seus próprios pés, não<br />
querendo fazer parte e não querendo ser<br />
cozinheiras ou chefs a qualquer custo.<br />
Marlene Vieira<br />
Começou a trabalhar com 12 anos<br />
num restaurante onde o pai<br />
entregava carne e aos 16<br />
inscreveu-se na Escola de Hotelaria<br />
de Santa Maria da Feira. A jornada<br />
profissional começou num hotel<br />
de charme em Vila do Conde, mas<br />
após um ano e meio, viajou até Nova<br />
Iorque, onde, durante dois anos,<br />
trabalhou num restaurante<br />
português (Alfama) em Manhattan.<br />
Desde que regressou a Portugal,<br />
já passou por hotéis de 5 estrelas<br />
e alguns restaurantes e, em 2009,<br />
participou pela primeira vez no<br />
concurso Chefe Cozinheiro do Ano.<br />
Em maio de 2012, abriu o seu<br />
primeiro restaurante em Lisboa,<br />
o Avenue (já não existe), e, em 2014,<br />
o Food Corner, no Time Out Market.<br />
Lançou o seu projeto de catering,<br />
em nome próprio, em 2016, e anos<br />
mais tarde, abriu o restaurante<br />
Zunzum Gastrobar. Tem vários livros<br />
publicados e participou em alguns<br />
programas de televisão, inclusive<br />
foi jurada no concurso televisivo<br />
Masterchef Portugal 2021. No ano<br />
passado, abriu o seu mais recente<br />
projeto de fine dining, o Marlene<br />
Muitas foram ficando pelo caminho porque<br />
não queriam estar num ambiente tóxico<br />
e que, efetivamente, não era aquilo que<br />
elas desejavam. Eu fui-me aguentando,<br />
mas também se calhar porque me propus a<br />
combater algumas guerras e algumas lutas.<br />
Mas eu acho que não tem que ser assim. Hoje<br />
em dia, o ambiente das cozinhas é muito<br />
diferente daquilo que existia no tempo em<br />
que eu fui crescendo dentro das cozinhas<br />
profissionais felizmente e acredito que nesta<br />
próxima década vão surgir mais mulheres<br />
chefes. Vai demorar um bocadinho até<br />
recuperarmos esse espaço porque as coisas<br />
demoram tempo e é preciso elas também<br />
crescerem enquanto cozinheiras para<br />
poderem sentir-se confiantes para assumir<br />
uma cozinha e a liderança de uma equipa.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Quais os planos para os<br />
próximos anos?<br />
M.V. – Gostaria de montar um Boutique<br />
Hotel fora de Lisboa, espero que daqui a<br />
dez anos se estivermos cá a falar, já exista.<br />
Gostava que ainda acontecesse na próxima<br />
década e depois lá fora, se surgir esta oportunidade<br />
de consultoria ou de assumir um<br />
espaço, seria ótimo porque acredito que é<br />
uma mais-valia. Isso está a acontecer com<br />
outros chefes, coisa que não havia há dez<br />
anos atrás, não existiam portugueses em<br />
restaurantes portugueses que estando em<br />
Portugal representavam espaços lá fora em<br />
nome próprio, e isso eu acredito que possa<br />
acontecer também com a nossa marca e é<br />
um objetivo.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
33
EMPREENDEDORISMO<br />
Texto:<br />
Djeisibel Lopes<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
a.li.ás<br />
A.LI.ÁS E A META<br />
DE TORNAR OS SAPATOS<br />
SUSTENTÁVEIS NUM<br />
SUCESSO EUROPEU<br />
A a.li.ás apresenta-se como uma marca sustentável de produção<br />
de sapatos “orgulhosamente portuguesa, mas com olhos<br />
postos na estratégia europeia ao longo do seu crescimento”,<br />
conta João Monteiro, co-founder da a.li.ás.<br />
A.li.ás é<br />
uma marca<br />
sustentável<br />
de produção<br />
de sapatos,<br />
da utilização<br />
de packaging<br />
ecológico à<br />
comercialização<br />
das coleções<br />
A<br />
marca surge da “vontade de fazer<br />
um projeto que visa tentar combater<br />
algumas das práticas mais nocivas<br />
que se verificam na indústria da moda”.<br />
Deste modo, é focada na sustentabilidade,<br />
desde a origem das matérias-primas e da<br />
utilização de packaging ecologicamente<br />
responsável até à comercialização das<br />
coleções, com a redução das amostras.<br />
A procura por este tipo de produtos tem<br />
aumentado ao longo dos anos e o que antes<br />
era considerado apenas uma “tendência de<br />
nicho”, é agora visto como uma “tendência<br />
global” – o que se vê pelo mercado alemão,<br />
garante João Monteiro, “onde existem retalhistas<br />
de dimensões muito interessantes<br />
que vendem apenas produtos sustentáveis<br />
que sejam devidamente verificados”.<br />
Com vista a um processo ecologicamente<br />
produtivo, a a.li.ás decidiu apostar em<br />
produtos nacionais e “geograficamente<br />
próximos”, de forma a diminuir a pegada e<br />
a reduzir a poluição derivada do transporte<br />
de matérias-primas.<br />
Os sapatos são constituídos por três<br />
elementos principais: a gáspea (parte<br />
superior do sapato), a sola e o plantar<br />
(removível). “O resultado é um sapato<br />
simples na construção, que utiliza a menor<br />
quantidade de matéria-prima possível e<br />
que pode facilmente ser desmontado no<br />
final do seu ciclo de vida”, explica João<br />
Monteiro. O objetivo, a médio e longo prazo,<br />
é conseguir recolhê-los no final do seu<br />
ciclo de vida e reutilizar as suas partes na<br />
produção de novas peças. Internacionalizar<br />
o negócio faz parte dos planos, até porque<br />
“temos a experiência do passado que nos<br />
indica que a internacionalização é um passo<br />
fundamental para qualquer marca”. Assim,<br />
e porque não têm recursos no momento<br />
para atacar todos os mercados europeus,<br />
a a.li.ás escolheu Portugal, Espanha, Itália<br />
e Alemanha pela proximidade geográfica e<br />
pela “apetência para este tipo de produto”.<br />
Para além da plataforma online, a marca<br />
possui ainda uma equipa de embaixadores<br />
nas principais geografias em que estão a<br />
apostar, cujo trabalho é apresentar a coleção<br />
a retalhistas profissionais e vender os<br />
produtos nas lojas multimarca. Apesar dos<br />
desafios de tempo e de investimento que<br />
vão surgindo, João Monteiro acredita<br />
que a a.li.ás tem “os próximos passos<br />
bem definidos”. A checklist passa por<br />
consolidar a marca, a nível nacional e<br />
internacional, como uma referência no<br />
calçado sustentável e, para isso, “contamos<br />
com o apoio dos nossos parceiros e<br />
das nossas equipas para um crescimento<br />
sustentável e saudável”, conclui.<br />
João Monteiro,<br />
co-founder<br />
da a.li.ás<br />
34<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
EMPREENDEDORISMO<br />
AZITEK: “ONDE<br />
A TECNOLOGIA POSSA<br />
FAZER A DIFERENÇA”<br />
A história começa em 2019, quando Rui Gomes e José Valente<br />
fundaram a Azitek como um spinoff da Universidade de Porto.<br />
Após terem explorado o mercado, chegaram à conclusão<br />
de que a monitorização em tempo real de ativos industriais e a<br />
digitalização de processos logísticos eram os caminhos a seguir.<br />
Texto:<br />
Djeisibel Lopes<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Azitek<br />
A<br />
pós terem identificado o que “a<br />
indústria 4.0 ainda não tinha<br />
explorado”, Filipe Silva, business<br />
developer da Azitek, conta que o passo<br />
seguinte foi “trabalhar para oferecer soluções<br />
inovadoras que otimizem a gestão de<br />
ativos e melhorem a eficiência operacional<br />
em diversos setores”.<br />
A sede por novos desafios e oportunidades<br />
de colaboração com empresas de diferentes<br />
setores industriais levou a que a startup<br />
aceitasse o convite do EIT Manufacturing<br />
para participar no desafio lançado pela<br />
Ford, onde teve a oportunidade de validar<br />
a sua nova aposta.<br />
A inovação promete reduzir até 7% das<br />
perdas de itens de transporte retornáveis e<br />
rastrear cerca de seis dos 20.000 contentores<br />
de plástico KLT responsáveis pelo transporte<br />
de materiais entre os diferentes locais<br />
da fábrica, em Valência. Os dados serão<br />
recolhidos através de leitores colocados na<br />
zona da linha de montagem, do armazém<br />
e da lavagem dos contentores.<br />
Um reconhecimento da construtora<br />
automóvel americana através do qual<br />
“conseguimos provar que a tecnologia<br />
é relevante na indústria e que consegue<br />
resolver vários problemas”, já que muitas<br />
das soluções precisavam de uma leitura<br />
manual o que, quando equacionado para<br />
o rastreamento de grandes quantidades de<br />
ativos, se tornava “impraticável”.<br />
“Assim, a nossa inovação reside na capacidade<br />
de oferecer uma solução dedicada à<br />
indústria que é acessível e escalável, abrindo<br />
caminho para um nível de rastreamento<br />
de ativos em grande escala que antes não<br />
tinha sido explorado”, garante Filipe Silva.<br />
Após testar a tecnologia em diferentes<br />
projetos em Portugal, a startup apercebeu-se<br />
O projeto da startup que promete reduzir até 7% das perdas de itens de transporte retornáveis venceu o desafio lançado<br />
pela Ford<br />
de que é capaz de resolver os problemas da<br />
indústria, quanto à localização de ativos e<br />
à respetiva rastreabilidade em tempo real,<br />
também em mercados internacionais.<br />
A Azitek conta com clientes a nível<br />
nacional e internacional, como Espanha,<br />
Roménia, Brasil e Estados Unidos, “mas o<br />
objetivo é entrar em mais mercados onde o<br />
setor industrial seja elevado e onde a nossa<br />
tecnologia seja uma referência mundial no<br />
tracking de ativos”, revela o responsável.<br />
As expectativas quanto ao futuro “são<br />
bastante positivas”. A startup tecnológica<br />
acredita que a indústria 4.0 continuará a<br />
evoluir e a exigir soluções cada vez mais<br />
avançadas, pelo que investir em parcerias<br />
com empresas de renome global na área<br />
industrial faz também parte do plano “onde<br />
a nossa tecnologia possa fazer a diferença”.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
35
MEDIR PARA GERIR<br />
PORTUGAL ESTÁ ATRASADO<br />
NA INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
Texto:<br />
Margarida<br />
Ramalho<br />
Professora<br />
de International<br />
Management<br />
na CATÓLICA<br />
-LISBON<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
O<br />
mundo como<br />
o conhecemos<br />
está em transformação<br />
e os decisores das<br />
empresas precisam de saber<br />
estar à “altura”.<br />
O mundo está em constante<br />
mudança, e a mudança exige<br />
adaptação - Darwin sistematizou<br />
este conceito no século XIX. Mas há<br />
períodos da história em que a mudança é<br />
disruptiva e, mais do que adaptação, exige<br />
transformação. Na primeira parte do século<br />
XXI estamos a viver um período disruptivo<br />
e as empresas, os governos e as famílias<br />
têm de ter capacidade de transformação. A<br />
história dá evidências de que as revoluções<br />
industriais conduziram sempre a patamares<br />
superiores de riqueza e bem-estar global.<br />
Contudo, não há transformação sem dor<br />
porque temos medo da mudança, resistimos<br />
ao desconhecido e acaba mal. Ou porque<br />
avançamos sem saber onde estamos a “pôr<br />
o pé”, e pode não correr bem.<br />
36<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
MEDIR PARA GERIR<br />
Para as empresas portuguesas, este é o<br />
momento para partilhar conhecimento<br />
e colaborar. Temos uma escala pequena<br />
demais perante tantos desafios, temos<br />
de mitigar riscos e alavancar sinergias.<br />
E é neste contexto que nasce a Academia<br />
CEO Future Ready for Global Business,<br />
uma iniciativa da Católica International<br />
Business Platform em parceria com a CCIP,<br />
que reúne líderes empresariais, institucionais<br />
e académicos comprometidos com o<br />
propósito de acelerar a internacionalização<br />
das empresas portuguesas com elevado<br />
potencial de crescimento.<br />
E porque se coloca o foco na “internacionalização”?<br />
Porque não há outra forma<br />
de viabilizar o investimento em inovação,<br />
de ganhar escala para diluir custos fixos,<br />
de mitigar os riscos macroeconómicos ou<br />
de aceder a recursos fundamentais. Ainda<br />
se lembram do que aconteceu às empresas<br />
portuguesas que não estavam orientadas<br />
para o mercado internacional antes de 2011?<br />
E o que aconteceu às cadeias de abastecimento<br />
por efeito da pandemia em 2020?.<br />
A internacionalização exige competitividade,<br />
mas estamos a falar de vários conceitos<br />
em simultâneo, é preciso “descodificá-los”.<br />
Margarida Ramalho<br />
é professora de International<br />
Management na CATÓLICA-LISBON<br />
e, em 2021, fundou a Católica<br />
International Business Platform,<br />
da qual é diretora executiva.<br />
É, também, board advisor em<br />
empresas de média e grande<br />
dimensão. Desenvolveu a sua<br />
carreira na multinacional<br />
norte-americana Procter & Gamble<br />
e no Grupo Jerónimo Martins. Entre<br />
2004 e 2009, conduziu a revisão<br />
da estratégia de internacionalização<br />
e desenvolvimento corporativo<br />
do Grupo Jerónimo Martins,<br />
reportando diretamente ao<br />
Conselho de Administração.<br />
Àquela data chamou-lhe “bullet<br />
proof strategy”. Margarida Ramalho<br />
aborda questões relacionadas<br />
com a inevitabilidade<br />
da internacionalização das<br />
empresas portuguesas para<br />
se criar valor e para alcançar<br />
o crescimento económico tão<br />
desejado para Portugal.<br />
Gosto de abordar o conceito de competitividade<br />
começando por parafrasear Peter<br />
Drucker: “O que não se mede, não pode<br />
ser melhorado”.<br />
Na essência estamos a falar de “criação<br />
e valor” e melhoria contínua. Precisamos<br />
de fazer mais e melhor com os recursos à<br />
disposição. É este o business case.<br />
Se estamos a falar de mercado e clientes,<br />
temos de permanecer relevantes, dando<br />
resposta a necessidades ainda não resolvidas.<br />
Se estamos a falar da concorrência, temos<br />
de saber fazê-lo com vantagem competitiva<br />
sustentável, não basta ter preço, é preciso<br />
inovar continuamente e oferecer o melhor<br />
fair-value-for-money.<br />
Se estamos a falar de talento, este é cada<br />
vez mais escasso, é preciso saber cativá-lo,<br />
os jovens vão ter cada vez mais oportunidades<br />
de escolha e não precisam de sair do<br />
seu país, as empresas globais vêm ter com<br />
eles digitalmente. Se estamos a falar de<br />
acionistas e investidores, há muito capital<br />
para investir em propostas de valor com<br />
perfil de risco calculado.<br />
E o que significa tudo isto? Significa que<br />
as empresas precisam de ter tecnoestruturas<br />
competentes e líderes à altura do contexto<br />
presente. Está na hora de os decisores<br />
fazerem uma reflexão profunda, mas não<br />
podem levar muito tempo. Tecnoestruturas<br />
competentes e líderes audazes não se<br />
criam de um dia para o outro, mas algum<br />
dia temos de começar.<br />
Temos de ser mais ambiciosos. Portugal<br />
está atrasado na internacionalização,<br />
precisamos de investir na formação das<br />
primeiras linhas de gestão e na colaboração<br />
entre empresas. Não podemos só exportar<br />
o que produzimos. Se não avançarmos da<br />
exportação para a internacionalização,<br />
não estamos a captar valor económico<br />
que é nosso por direito. Mas, para isso,<br />
temos de construir marca, não importa se<br />
B2B ou B2C. Ter marca significa construir<br />
uma reputação e ter notoriedade junto do<br />
mercado alvo.<br />
E temos de estar mais próximo do mercado-alvo,<br />
ou mesmo numa relação direta,<br />
adotando modelos de negócio adequados<br />
que acelerem a internacionalização. E se<br />
necessário for, temos de endogeneizar<br />
competências-chave.<br />
Há tempos um empresário de referência<br />
em Portugal dizia-me que prefere ter 50,1%<br />
de uma empresa que cresce do que 100%<br />
de uma empresa hipotecada. Ele sabe de<br />
governance e strategic finance.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
37
MARKETING<br />
Texto:<br />
Rita Pablo<br />
Assessora<br />
de imprensa<br />
na agência Media<br />
em Movimento<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
CULTURA ORGANIZACIONAL<br />
GLOBAL: COESÃO ATRAVÉS<br />
DA COMUNICAÇÃO INTERNA<br />
Apostar na<br />
comunicação<br />
interna trata-se<br />
de um conjunto<br />
de ações que<br />
permitem a<br />
difusão e a troca<br />
de mensagens<br />
dentro de uma<br />
empresa<br />
A<br />
palavra comunicação é talvez das<br />
palavras que mais ouvimos dentro<br />
das empresas. Seja entre equipas,<br />
entre chefes ou mesmo entre clientes. Seja<br />
qual for a situação, a comunicação é sempre<br />
um mote subliminar que está por detrás de<br />
muitas das conversas corporativas. Falamos<br />
da comunicação, ou da falta dela.<br />
Podemos ser excecionais a executar a<br />
nossa tarefa, mas em grande parte das vezes<br />
se não a comunicarmos de forma clara, a<br />
nossa excecionalidade pode não transparecer.<br />
Nem sempre é assim e ainda bem.<br />
No entanto, as organizações cada vez mais<br />
apostam na comunicação interna, que não<br />
é mais do que um conjunto de ações que<br />
têm por objetivo facilitar a difusão e troca<br />
de mensagens dentro de uma empresa.<br />
A definição não é difícil, o desafiante é<br />
colocar em prática. Se os colaboradores<br />
da sua empresa estiverem desorientados e<br />
parecerem não saber o que é esperado deles,<br />
A comunicação<br />
interna pressupõe<br />
uma forte componente<br />
relacional, capaz de<br />
estabelecer relações<br />
e interações<br />
entre a empresa<br />
e os seus<br />
colaboradores<br />
38<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
MARKETING<br />
a solução está na comunicação interna da<br />
empresa. Um dos segredos do sucesso em<br />
qualquer área, inclusive nos negócios, é uma<br />
boa comunicação com os colaboradores.<br />
Afinal, todos partilham o mesmo objetivo e<br />
todos desejam cumprir com as suas metas,<br />
desde que estas estejam claras.<br />
Existem também os chamados “silos”, que<br />
são as equipas que se fecham e que trabalham<br />
isoladas das restantes áreas, e para tal<br />
é importante que a organização aposte na<br />
“Um dos segredos<br />
do sucesso em<br />
qualquer área é uma<br />
boa comunicação com<br />
os colaboradores.<br />
Afinal, todos partilham<br />
o mesmo objetivo<br />
e todos desejam<br />
cumprir com as suas<br />
metas, desde que estas<br />
estejam claras”<br />
Rita Pablo,<br />
assessora de imprensa da agência<br />
Media em Movimento<br />
comunicação interna e num plano muito<br />
objetivo de diretrizes e de comunicações. A<br />
comunicação interna é crucial para ajudar<br />
a romper estas barreiras, pois todos devem<br />
estar na mesma sintonia.<br />
Comunicação além-fronteiras<br />
E se acrescentarmos mais um ingrediente<br />
para tornar a perspetiva mais desafiante? A<br />
internacionalização. Se manter uma equipa,<br />
apenas nacional, com uma comunicação<br />
fluída, por vezes já é um exercício quase<br />
que olímpico, imagine se tivermos várias<br />
equipas internacionais, por vezes em<br />
diferentes países, com diferentes línguas<br />
e culturas, já para não falar dos horários e<br />
dos diferentes quadros jurídicos. Isto pode<br />
tornar-se exasperante.<br />
Independentemente da internacionalização<br />
é sempre relevante iniciar com um<br />
plano de comunicação, onde esteja patente<br />
uma análise da empresa (levantamento de<br />
necessidades, core business, etc.), os objetivos,<br />
a estratégia, a identidade corporativa<br />
e as métricas a serem consideradas para a<br />
avaliação.<br />
Comecemos pelo que é mais óbvio para<br />
comunicar, desta vez considerando o<br />
universo global: a língua. Muitas das vezes,<br />
as empresas optam por falar em inglês e<br />
tornar a língua como oficial, de modo a<br />
estarem todos em sintonia. Mas ao fazermos<br />
esta opção linguística, que em quadros<br />
médios e superiores pode sempre funcionar,<br />
em quadros mais baixos, o inglês poderá<br />
não ser se quer uma opção e não se pode<br />
excluir esta equipa. Assim, deve-se também<br />
arranjar uma forma de, localmente, haver<br />
traduções e passar as mensagens de forma<br />
clara. Por isso, em inglês ou noutra língua,<br />
a informação tem de ser objetiva e vincadamente<br />
transparente.<br />
Em relação à cultura, deve-se ter em<br />
atenção duas facetas. A cultura do país para<br />
quem estamos a comunicar e a cultura da<br />
empresa. O plano de comunicação deve estar<br />
alinhado com a cultura corporativa, caso<br />
contrário vamos estar a enviar mensagens<br />
pouco claras e até erróneas. Conhecer o<br />
público e modus operandi é tempo que não é<br />
perdido, aliás antes de comunicar devemos<br />
conhecer a nossa “arena”.<br />
A cultura do país é um aspeto a ter em<br />
atenção, e não é irrelevante. Certas palavras,<br />
certos dizeres que tomamos como claros,<br />
por vezes podem tornar-se até ofensivos<br />
em outras culturas, por isso, e reiterando<br />
o que já mencionei, temos de conhecer a<br />
“arena” onde vamos jogar e todas as suas<br />
nuances. Se tivermos de pedir ajuda aos<br />
locais, é uma mais-valia e, muitas vezes, ter<br />
e pedir formação cultural para os funcionários<br />
pode ajudar a evitar mal-entendidos e<br />
a promover uma cultura inclusiva.<br />
Em relação aos canais de comunicação,<br />
estes devem ser muito bem selecionados.<br />
O nosso mix de opções para transmitir as<br />
mensagens deve estar bem escolhido e<br />
devemos ter a certeza que, para cada unidade<br />
e país, é o melhor canal de transmissão. As<br />
ferramentas de comunicação digital, como<br />
videoconferências e outras mais vocacionadas<br />
para as mensagens, são essenciais para<br />
conectar equipas internacionais, aliás é já<br />
uma realidade vincada após a pandemia.<br />
E claro, temos de garantir que a atualização<br />
e os conteúdos têm uma cadência<br />
regular. Abrir um canal sem o alimentar<br />
com pertinência e frequência é uma ação<br />
contraproducente. Deixamos a mensagem<br />
que queremos comunicar e com a qual<br />
não temos nada para o fazer. É evidentemente<br />
prejudicial, especialmente com uma<br />
panóplia de equipas.<br />
Por fim, e não menos importante, a<br />
questão relacional. A comunicação interna<br />
pressupõe uma forte componente relacional,<br />
capaz de estabelecer relações e interações<br />
entre a empresa e os seus colaboradores. Por<br />
isso, se a sua organização ainda não apostou<br />
nesta vertente, principalmente se existem<br />
polos internacionais, deve apressar-se,<br />
pois “não negue à partida uma ciência que<br />
desconhece”.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
39
MARKETING<br />
Texto:<br />
Gonçalo<br />
Figueira<br />
Digital marketer<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
DESBLOQUEAR<br />
O MAPA COM<br />
CAMPANHAS<br />
DIGITAIS<br />
INTERNACIONAIS<br />
É<br />
seguro dizer que a área do marketing<br />
digital, a par de outras, cresceu<br />
de mãos dadas com o desenvolvimento<br />
tecnológico e é hoje um excelente<br />
veículo para comunicar além-fronteiras. No<br />
ecossistema digital, recorrer a campanhas<br />
digitais pagas tornou-se num pilar importante<br />
para grande parte das estratégias de<br />
marketing e um recurso chave para empresas<br />
e organizações que procuram expandir o<br />
seu alcance para além dos seus mercados<br />
domésticos.<br />
Ao contrário da publicidade tradicional,<br />
que muitas vezes enfrenta restrições<br />
geográficas e custos mais elevados, as<br />
campanhas digitais podem chegar facilmente<br />
a qualquer pessoa. As redes sociais,<br />
os motores de pesquisa e as plataformas de<br />
partilha de conteúdos tornaram possível às<br />
empresas interagir com potenciais clientes<br />
em qualquer parte do mundo. No entanto,<br />
estas campanhas não se limitam à tradução<br />
de conteúdos e envio em massa para várias<br />
localizações; envolvem sensibilidade cultural,<br />
estudos de mercado e uma compreensão<br />
profunda da audiência para a qual nos<br />
estamos a dirigir. Cores, símbolos e até<br />
nomes de produtos podem ter conotações<br />
diferentes dependendo do país em questão<br />
e o que funciona num mercado pode não<br />
ter impacto nos consumidores de outro.<br />
Ao efetuarmos uma pesquisa de mercado<br />
minuciosa, conseguimos garantir que as<br />
nossas peças de comunicação são culturalmente<br />
relevantes e que evitam erros<br />
culturais não intencionais.<br />
Neste contexto, para as empresas que<br />
pretendam investir em publicidade online<br />
a nível global, poderá ser relevante empregar<br />
indivíduos que, não só dominem as<br />
diferentes línguas, como estejam também<br />
bem familiarizados com as complexidades<br />
No ecossistema<br />
digital, recorrer<br />
a campanhas<br />
digitais pagas<br />
tornou-se num<br />
pilar importante<br />
para grande parte<br />
das estratégias<br />
de marketing<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
40 pmemagazine.sapo.pt
MARKETING<br />
culturais dos seus mercados-alvo. Estes<br />
poderão ajudar a colmatar as lacunas<br />
culturais e garantir que as campanhas são<br />
apelativas para as audiências locais.<br />
Dependendo do tipo de campanha, a<br />
formação de parcerias com empresas ou<br />
agências locais pode ser altamente benéfica.<br />
Estes parceiros locais podem fornecer<br />
informações valiosas e apoio no terreno de<br />
forma a aumentar a eficácia das campanhas<br />
que queremos implementar. Podem ajudar<br />
a navegar pelos requisitos regulamentares,<br />
contactar com influenciadores e adaptar<br />
os conteúdos aos interesses do nosso<br />
público-alvo.<br />
Por último, mas um must have em qualquer<br />
campanha digital, temos de analisar os<br />
resultados de todas as ações que tomamos.<br />
No entanto, medir o sucesso de campanhas<br />
digitais internacionais requer uma abordagem<br />
um pouco diferente. Embora os<br />
“As redes sociais,<br />
os motores de<br />
pesquisa e as<br />
plataformas<br />
de partilha<br />
de conteúdos<br />
tornaram<br />
possível às<br />
empresas<br />
interagir com<br />
potenciais<br />
clientes em<br />
qualquer parte<br />
do mundo”<br />
Gonçalo Figueira,<br />
digital marketer<br />
indicadores-chave de desempenho (KPI),<br />
como as taxas de cliques, as conversões<br />
e as métricas de envolvimento, sejam<br />
importantes, devem ser sempre analisados<br />
no contexto dos desafios e oportunidades<br />
de cada mercado. É perfeitamente natural<br />
que até existam KPI diferentes para cada<br />
uma das localizações para as quais estamos<br />
a comunicar.<br />
Para este efeito, os profissionais recorrem<br />
muitas vezes a ferramentas de analytics<br />
de forma a trabalhar os dados recolhidos,<br />
mas a maioria das plataformas de publicidade<br />
online já oferece informação sobre a<br />
performance das campanhas que estão a<br />
ser executadas, mesmo que de forma mais<br />
elementar.<br />
É ainda crucial monitorizar o sentimento<br />
da marca e o feedback dos clientes para avaliar<br />
o impacto da campanha no público-alvo.<br />
Com isto quero dizer que existem alguns<br />
indicadores que podem não ser medidos<br />
de forma quantitativa através dos dados da<br />
plataforma, mas sim analisando qualitativamente<br />
a performance da campanha.<br />
Caso prático internacional<br />
A teoria é mais fácil de compreender<br />
através de um caso real executado pela<br />
agência Media em Movimento. A nossa<br />
equipa foi contratada para criar e gerir<br />
uma campanha de paid media para um<br />
encontro de startups a nível mundial. O<br />
objetivo passou por alcançar o público-<br />
-alvo, definido pelo cliente em 25 países<br />
diferentes, utilizando as plataformas de<br />
publicidade Google e LinkedIn. O budget<br />
era em dólares.<br />
A estratégia consistiu numa divisão<br />
dos conteúdos em três fases: awareness<br />
do conceito, detalhes sobre o evento e<br />
conteúdo para preenchimento do formulário<br />
de inscrição, sendo este último o objetivo<br />
central da campanha.<br />
Em cada uma destas três fases, os conteúdos<br />
foram adaptados a cada região para que<br />
as peças de comunicação fossem o mais<br />
relevantes possível.<br />
Existiram imagens que só funcionavam<br />
em certos países e houve algumas regiões<br />
onde não fazia sequer sentido comunicar<br />
com imagens. Para que fosse possível<br />
adaptar todos estes conteúdos, foi feita<br />
uma análise prévia que consistiu numa<br />
pesquisa exaustiva de palavras-chave e<br />
num estudo de mercado de forma a entender<br />
melhor de que forma atingir cada um<br />
dos targets definidos. Por fim, toda esta<br />
personalização foi gerida constantemente<br />
ao longo da campanha, algo fundamental<br />
para que todas as ações fossem analisadas<br />
e reestruturadas, se necessário. Não há<br />
problema algum em retirar uma abordagem<br />
que não esteja a resultar ou em investir mais<br />
em algo que tenha uma boa performance.<br />
Importa sim, testar e reagir rapidamente.<br />
Deste modo, as campanhas digitais<br />
internacionais são uma ferramenta poderosa<br />
para empresas e organizações que procuram<br />
expandir a sua presença global.<br />
A verdade é que o sucesso dos mercados<br />
internacionais é muitas vezes desafiante e<br />
algumas empresas acabam por não conseguir<br />
alcançar os resultados esperados. No<br />
entanto, se segmentarmos o nosso público,<br />
criarmos mensagens personalizadas e<br />
experimentarmos diferentes formatos<br />
de conteúdo, certamente estaremos mais<br />
perto de cumprir os objetivos propostos.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
41
TECNOLOGIA<br />
O mentalista<br />
João Blümel<br />
JOÃO BLÜMEL,<br />
O MENTALISTA<br />
QUE LEVA A<br />
REALIDADE<br />
VIRTUAL PARA<br />
OS PALCOS<br />
Em 2018, criou o seu primeiro espetáculo<br />
com recurso à realidade virtual e diz que “ficou<br />
maluco”. No espetáculo The True Influencer,<br />
João Blümel leva os espetadores a embarcar<br />
numa experiência real time, imersiva e altamente<br />
interativa.<br />
C<br />
hamam-lhe o “mentalista português”,<br />
mas João Blümel assume-se<br />
como um entertainer sem fronteiras.<br />
Entusiasta das novas tecnologias, e assumindo-se<br />
até “um pouco nerd” como nos<br />
conta em entrevista, o seu último espetáculo<br />
leva o público numa experiência imersiva.<br />
“Todos os espetadores são convidados<br />
a embarcar numa experiência<br />
real time”<br />
No espetáculo The True Influencer, João<br />
Blümel, o artista que consegue ler as mentes<br />
dos espetadores, funde o mentalismo com<br />
a alta tecnologia numa reflexão sobre o<br />
impacto desta ferramenta nas nossas vidas.<br />
Em cada sessão, todos os espetadores são<br />
convidados a embarcar numa experiência<br />
real time, imersiva e altamente interativa.<br />
Em palco, Blümel usa um conjunto de<br />
experiências psicológicas e, recorrendo a<br />
dimensões como realidade virtual, realidade<br />
aumentada, redes sociais e gadgets<br />
tecnológicos, convida o público a fazer parte<br />
da experiência através de uma aplicação<br />
própria acedida através dos smartphones.<br />
O mentalismo, uma área que faz parte<br />
do ilusionismo, “foi a minha grande obsessão<br />
desde os 15 anos”, conta João Blümel<br />
que, em 2008, deu o seu primeiro grande<br />
espetáculo com apenas 23 anos e ao<br />
mesmo tempo que terminava<br />
com sucesso uma licenciatura<br />
na área da Fisioterapia.<br />
Com a maior parte do seu<br />
trabalho a ser realizado com<br />
empresas, garante que, ao contrário<br />
do que muitos colegas de profissão<br />
consideram ser “uma chatice”, é uma<br />
oportunidade desafiante.<br />
“Cada evento é diferente<br />
do outro, é uma coisa<br />
‘taylor made’”<br />
“Eu adoro fazer eventos em<br />
empresas. São únicos. Cada<br />
evento é diferente do outro, é uma coisa<br />
‘taylor made’ (à medida, em português)”,<br />
justifica, sublinhando a versatilidade que<br />
o uso da tecnologia lhe traz.<br />
Um marco no seu percurso foi o espetáculo<br />
que apresentou no Pavilhão de Portugal, na<br />
Expo Dubai, no início de 2022, onde, através<br />
da realidade virtual, João Blümel presenteou<br />
os participantes com vários objetos ligados<br />
à cultura portuguesa, como uma garrafa<br />
de vinho do Porto ou um pastel de nata.<br />
“A cereja no topo do bolo é que eu oferecia<br />
42<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
TECNOLOGIA<br />
Entrevista<br />
Mafalda Marques<br />
<strong>Edição</strong><br />
Ana Vieira<br />
Online<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
um objeto ao mesmo tempo que lhes permiti<br />
viver uma experiência de, estando no Dubai,<br />
ir até Portugal”, considera o entertainer.<br />
À semelhança da participação no<br />
Congresso Anual da Associação Portuguesa<br />
de Ciência de Dados, realizada no dia 21 de<br />
setembro, “tenho hipótese de criar cenários<br />
em 3D, completamente customizados para<br />
a empresa, apresentando até os seus produtos<br />
em 3D, mas de altíssima qualidade”,<br />
contudo João Blümel lamenta que nem<br />
todas as empresas tenham a coragem de<br />
optar por estes novos formatos, preferindo<br />
apresentações mais clássicas.<br />
“Estou a tentar fazer<br />
o shift, conseguir<br />
estar 80% lá fora<br />
e 20% em Portugal”<br />
João Blümel,<br />
mentalista português<br />
“Quando as empresas vêm falar comigo<br />
estão muito abertas às minhas<br />
ideias”<br />
No entanto, e de uma forma geral,<br />
“quando as empresas vêm falar comigo<br />
estão muito abertas às minhas ideias e,<br />
portanto, é uma questão de brainstorm e<br />
alinhar ângulos”.<br />
Assim, a criação da sua marca no meio<br />
não foi acaso, mas uma “parte do negócio<br />
que no início não ligava nenhuma, mas que<br />
hoje em dia penso muito”.<br />
“O meu branding, a minha imagem tem<br />
de ser coerente porque o mentalismo, como<br />
área de nicho, tem de ser explicado às<br />
pessoas”. Daí a escolha inicial ter recaído<br />
no “mentalista português”, contudo, e<br />
desde 2011, com a participação no Magic<br />
Castle, em Hollywood, tenha deixado o<br />
posicionamento pela nacionalidade.<br />
“Estou a tentar fazer o shift, conseguir<br />
estar 80% lá fora e 20% em<br />
Portugal”<br />
A curto prazo, João Blümel tem o objetivo<br />
de trabalhar maioritariamente fora do país.<br />
“Estou a tentar fazer o shift, conseguir<br />
estar 80% lá fora e 20% em Portugal”,<br />
explica em entrevista. Para lá chegar, uma<br />
das suas estratégias recai na comunicação<br />
com a aposta na rede social LinkedIn e com<br />
conteúdos sempre em inglês.<br />
Além do seu website, tem também as<br />
redes sociais, geridas agora por si. Assim,<br />
tal como em palco, João Blümel assume a<br />
gestão da sua carreira como One Man Show.<br />
“No início deste ano criei a minha empresa<br />
e neste momento estou sozinho. Estou a gerir<br />
tudo da minha forma!”, garante. Conta,<br />
contudo, com a ajuda de um manager nos<br />
Estados Unidos da América, para contactos<br />
mais internacionais, mas “basicamente sou eu<br />
que faço a gestão de toda a minha carreira”.<br />
Aos 38 anos e com sete espetáculos<br />
diferentes criados para Portugal, João<br />
ambiciona agora crescer em dois mercados:<br />
o corporativo e o mainstream (espetáculos<br />
para o grande público). Quando questionado<br />
sobre o seu sonho, fala-nos de uma<br />
residência/espetáculo, em nome próprio,<br />
em Las Vegas, Nevada. Mas como chegará<br />
ao maior parque de diversões do mundo?<br />
“Com muito networking!”, não tem dúvidas,<br />
já que entende que atualmente está “na<br />
altura ideal em termos de conhecimento<br />
e predisposição física e mental”.<br />
Acresce ainda o facto de, segundo Blümel,<br />
o grande objetivo da arte passar por criar<br />
emoções no público, e, “enquanto mentalista,<br />
o desafio é ainda maior já que as<br />
pessoas querem ver algo que não consigam<br />
explicar”, conclui.<br />
No espetáculo<br />
The True<br />
Influencer,<br />
João Blümel leva<br />
os espetadores<br />
a embarcar numa<br />
experiência real<br />
time, imersiva<br />
e interativa<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
43
TECNOLOGIA<br />
CRITICAL MANUFACTURING<br />
UMA AMBIÇÃO QUE ATINGE<br />
A META DO MERCADO ASIÁTICO<br />
“Foi criada em 2009 a partir de um plano de negócios conjunto entre<br />
um grupo de antigos empregados da Qimonda e da Critical Software”, conta<br />
o CEO Francisco Almada Lobo acerca do nascimento da tecnológica Critical<br />
Manufacturing. Levá-lo até ao mercado asiático foi só mais um dos objetivos<br />
cumpridos.<br />
Texto:<br />
Djeisibel Lopes<br />
Redação<br />
Fotografia:<br />
Critical<br />
Manufacturing<br />
A empresa opera nas áreas dos semicondutores, dos dispositivos eletrónicos e médicos e na fabricação de equipamentos industriais<br />
E<br />
m 2018, a empresa passou a pertencer<br />
ao grupo ASMPT, uma multinacional<br />
de produção de equipamento para as<br />
indústrias de semicondutores e de eletrónica,<br />
sediada em Singapura.<br />
A expansão internacional sempre foi<br />
uma meta a atingir e, “face ao aumento<br />
de projetos e clientes na Ásia e na América<br />
Latina/Estados Unidos” e por consideraram<br />
o mercado asiático “muito importante em<br />
dois dos quatro segmentos de mercado em<br />
que operam”, adquiriram este ano duas<br />
empresas de serviços especializados, uma<br />
na Malásia e outra no México.<br />
“Ambas com experiência de implementação<br />
do nosso produto e nos mercados em<br />
que atuamos”, garante Francisco Almada<br />
Lobo, CEO da Critical Manufacturing.<br />
A empresa que opera nas áreas dos semicondutores,<br />
dos dispositivos eletrónicos<br />
e médicos e ainda na fabricação de equipamentos industriais,<br />
revela que a vantagem de apostar na expansão para o mercado da<br />
Ásia “é decisiva para fazer face ao aumento de projetos, fruto do<br />
aumento de notoriedade do nosso produto, e que tem como objetivo<br />
oferecer um maior e melhor serviço aos clientes nesta geografia,<br />
contribuindo para acelerar o caminho para a digitalização”.<br />
Quanto ao mercado da Malásia, e a zona de Penang em particular,<br />
o CEO acredita que “é um dos principais hubs de fabrico de<br />
semicondutores e de eletrónica no sudoeste asiático, com mais<br />
de 350 multinacionais destes setores lá instaladas”.<br />
Mas para além desta aposta, a mais recente expansão foi para o<br />
México, no mês de julho, “com vista a cumprir com o objetivo de<br />
estar presente nas economias em crescimento”, reitera a Critical<br />
Manufacturing. O fator que influenciou a decisão da empresa,<br />
conta Francisco Almada Lobo, foi o facto de o país ser considerado<br />
um centro para a inovação e para a tecnologia, que aposta<br />
no desenvolvimento de um ecossistema empreendedor e numa<br />
força de trabalho qualificada.<br />
Para a empresa, as recentes aquisições no estrangeiro e o posterior<br />
reconhecimento do relatório Magic Quadrant da Gartner enquanto<br />
“Sobretudo<br />
para empresas<br />
pertencentes<br />
a grupos<br />
multinacionais,<br />
o mercado<br />
nacional<br />
industrial não<br />
é um alvo<br />
prioritário”<br />
Francisco Almada Lobo,<br />
CEO da tecnológica<br />
Critical Manufacturing<br />
44<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
TECNOLOGIA<br />
A previsão da empresa é passar dos atuais 450 para 600 colaboradores em Portugal<br />
“empresa líder”, são reveladoras do seu esforço e investimento<br />
ao longo destes últimos anos, onde “o nosso produto atingiu o<br />
reconhecimento mundial no mercado do software de gestão de<br />
produção (sistemas de MES)”.<br />
Relativamente ao posicionamento da Critical Manufacturing<br />
face aos mercados de semicondutores e da eletrónica, o responsável<br />
refere tratar-se de um produto de grande complexidade e<br />
sofisticação para as indústrias, “igualmente exigente do ponto<br />
de vista de serviços de adaptação aos processos das empresas,<br />
necessitando, por isso, de equipas locais que complementem as<br />
equipas centrais de engenharia em Portugal”.<br />
No país, o atual escritório na Maia tem sofrido obras de aumento<br />
e de remodelação para se poder adaptar ao crescimento da empresa<br />
e ao modelo de trabalho híbrido. “Queremos continuar a crescer<br />
e o nosso escritório precisava de mais áreas de colaboração, de<br />
bem-estar e de espaços para as equipas se poderem juntar aquando<br />
da sua vinda ao escritório”, justifica o CEO.<br />
O modelo híbrido é a aposta da Critical Manufacturing que acredita<br />
que a modalidade, que se tornou comum durante a pandemia da<br />
covid-19, será a mais adotada pelas empresas no futuro de modo<br />
a dar aos colaboradores a possibilidade de estarem mostly on-site<br />
ou mostly remote e, deste modo, terem mais flexibilidade e controlo<br />
sobre os seus horários de forma a promoverem o equilíbrio entre<br />
a vida profissional e pessoal.<br />
Entre as vantagens deste modelo de trabalho, está a redução do<br />
impacto ambiental, uma vez que, ao trabalhar a partir de casa,<br />
os colaboradores reduzem o tempo despendido no trânsito e,<br />
consequentemente, também a emissão de gases que contribuem<br />
para o efeito de estufa. Para além da sustentabilidade ambiental,<br />
auxilia ainda as empresas numa maior retenção de talentos, pelo<br />
que os colaboradores sentir-se-ão mais motivados para trabalhar.<br />
“Nos casos mostly remote, pedimos aos colaboradores para<br />
virem um dia por semana ao escritório, e foi por isso necessário<br />
repensar o espaço para esta nova realidade”, assegura Francisco<br />
Almada Lobo.<br />
Francisco Almada Lobo, CEO da tecnológica Critical Manufacturing<br />
A Critical Manufacturing pretende continuar<br />
a crescer e a aumentar o número de<br />
colaboradores, pelo que “o objetivo passa<br />
por continuarmos a contratar”. A previsão<br />
da empresa é de que, de dois em dois anos,<br />
passe dos atuais 450 para 600 colaboradores<br />
em Portugal, embora, mesmo existindo<br />
alguns projetos no país, “sobretudo para<br />
empresas pertencentes a grupos multinacionais,<br />
o mercado nacional industrial<br />
não é um alvo prioritário” neste momento.<br />
Atualmente, está a investir e a preparar-se<br />
do ponto de vista da tecnologia, dos recursos<br />
humanos e da rede de parceiros, no sentido<br />
de dar continuidade ao crescimento que<br />
tem registado nos últimos anos.<br />
“São várias as novidades tecnológicas que<br />
estão em desenvolvimento, e acreditamos<br />
que são tão relevantes para os processos de<br />
digitalização da indústria, que vão permitir<br />
continuar esta trajetória de crescimento<br />
em todos os segmentos e geografias onde<br />
a empresa está presente”, conclui o CEO<br />
da tecnológica em expansão no mercado<br />
asiático sobre as perspetivas da empresa<br />
para o futuro.<br />
“[O mercado<br />
da Malásia]<br />
é um dos<br />
principais hubs<br />
de fabrico de<br />
semicondutores<br />
e de eletrónica<br />
no sudoeste<br />
asiático, com<br />
mais de 350<br />
multinacionais<br />
destes setores<br />
lá instaladas”<br />
Francisco Almada Lobo,<br />
CEO da tecnológica<br />
Critical Manufacturing<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
45
FORA D`HORAS<br />
Texto:<br />
Mafalda Marques<br />
Diretora<br />
Fotografia:<br />
Oásis Atlântico<br />
Hotels & Resorts<br />
Oásis<br />
Atlântico<br />
Hotels<br />
& Resorts<br />
Há voos diretos de Lisboa<br />
para Sal Rei, pela TAP,<br />
duas vezes por semana,<br />
e também via Cidade da<br />
Praia (Lisboa - Praia - Sal-<br />
Rei), com a Best Fly, quatro<br />
vezes por semana.<br />
No verão, há sempre<br />
charters, tanto de Lisboa<br />
como do Porto.<br />
O OASIS<br />
na ilha da Boa Vista<br />
A mais recente unidade hoteleira do Grupo Oásis chama-se<br />
White Hotel. A ideia é usufruir da ilha da Boa Vista, em Cabo<br />
Verde, de uma forma diferente e mais autêntica, fora dos<br />
habituais resorts.<br />
A<br />
comemorar os 25 anos,<br />
o grupo Oásis Atlântico<br />
inaugurou uma nova<br />
unidade hoteleira na<br />
ilha da Boa Vista, em<br />
Cabo Verde. Com um<br />
design moderno, dispõe de 67 quartos,<br />
todos equipados com todo o conforto<br />
para uma estadia de negócios ou lazer.<br />
O hotel dispõe de alguns quartos com<br />
vista para o mar e no topo do edifício<br />
ficam as piscinas e um bar panorâmico<br />
com vista para a praia do Estoril.<br />
O hotel está situado mesmo no centro<br />
de Sal Rei e, no restaurante, servem<br />
pequenos-almoços, almoços e jantares,<br />
snacks ou refeições mais completas.<br />
Organiza ainda noites temáticas com<br />
música ao vivo e dispõe de uma sala<br />
para eventos. A ilha da Boa Vista oferece<br />
praias lindas e paisagens deslumbrantes,<br />
pelo que vale a pena explorar a ilha,<br />
“A nossa viagem<br />
de Cabo Verde, ao<br />
Brasil e a Marrocos<br />
tem sido uma<br />
prova do nosso<br />
compromisso<br />
em oferecer aos<br />
viajantes um sabor<br />
genuíno dos locais<br />
que visitam”<br />
Alexandre Abade,<br />
CEO do Grupo Oásis<br />
Atlântico<br />
46<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
FORA D`HORAS<br />
O hotel também organiza noites<br />
temáticas com música ao vivo<br />
precisamente a uma distância de cinco<br />
minutos a pé da Praia do Estoril, onde se<br />
encontra o bar de praia Alísios.<br />
É um hotel muito orientado para os<br />
nómadas digitais, pois tem todas as<br />
condições para quem tenha aderido a<br />
esta nova dinâmica de trabalho, em todo<br />
o lado. Desde a sua criação em Cabo<br />
Verde, em 1998, o grupo expandiu a<br />
sua presença para quatro ilhas naquele<br />
arquipélago, bem como para o Brasil e<br />
Marrocos – atualmente, são dez hotéis<br />
em três países, uma equipa com mais d<br />
e 1.000 colaboradores e vários projetos<br />
imobiliários. Desde a génese em Cabo<br />
Verde, com os hotéis Porto Grande (Ilha<br />
de São Vicente), Belorizonte (Ilha do Sal),<br />
e Xaguate (Ilha do Fogo) que serviram<br />
de base para uma abordagem única à<br />
hospitalidade, “tem sido uma jornada<br />
extraordinária”. “Acreditamos no poder<br />
das experiências autênticas”, afirma o<br />
CEO do Grupo Oásis Atlântico, Alexandre<br />
Abade, que acrescenta que “a nossa<br />
viagem de Cabo Verde, ao Brasil e a<br />
Marrocos tem sido uma prova do nosso<br />
compromisso em oferecer aos viajantes<br />
um sabor genuíno dos locais que visitam”.<br />
“E não queremos parar por aqui”,<br />
garante.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
47
AGENDA<br />
NOV<br />
25<br />
Inst. Port. do Desporto<br />
e da Juventude, Lisboa<br />
BUSINESS WOMAN SUMMIT<br />
Com destaque para as histórias inspiradoras de sucesso<br />
no feminino, o objetivo do evento é partilhar e promover<br />
experiências, criando oportunidades de desenvolvimento<br />
de negócios, com foco para a internacionalização e para<br />
o networking.<br />
Mais em:<br />
eventbrite.com<br />
<strong>30</strong><br />
Peq. Auditório do Centro<br />
Cult. Vila Flor, Guimarães<br />
13 a 16<br />
Altice Arena,<br />
Lisboa<br />
<strong>PME</strong> 5.0: PESSOAS, INOVAÇÃO<br />
E SUSTENTABILIDADE<br />
Será um evento dedicado às pequenas e médias<br />
empresas (<strong>PME</strong>). Sob o mote dos desafios dos gestores<br />
e das próprias <strong>PME</strong>, irá contar com painéis dedicados à<br />
“Importância da Gestão nas <strong>PME</strong> 5.0”, aos “Novos Desafios<br />
nos Apoios Comunitários” e ao “Impacto do Stress e da<br />
Fadiga na Performance”. O evento é gratuito.<br />
Mais em:<br />
eventbrite.pt<br />
WEB SUMMIT<br />
É considerada a principal conferência de tecnologia do<br />
mundo. Neste evento, irão reunir-se decisores políticos,<br />
chefes de Estado e fundadores e CEOs de empresas<br />
tecnológicas e startups de rápido crescimento para<br />
debater sobre a evolução tecnológica. A Web Summit<br />
realiza vários eventos a nível mundial e volta este ano<br />
à capital, em Lisboa.<br />
Mais em:<br />
websummit.com<br />
48<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt
AGENDA<br />
DEZ<br />
3 a 6<br />
Hotel Savoy Palace,<br />
Funchal<br />
PORTUGAL BUSINESS MEETINGS <strong>2023</strong><br />
Após o sucesso das edições anteriores, a 4.ª edição do Portugal<br />
Business Meetings irá realizar-se na cidade do Funchal.<br />
São esperados mais de 40 expositores portugueses, entre<br />
hotéis, DMC, venues, centros de congressos e mais de 50<br />
compradores, oriundos de França, Bélgica e Suíça, sendo<br />
que cerca de 80% são agências MICE.<br />
Mais em:<br />
meetingsinportugal.com<br />
7<br />
Online<br />
7 a 9<br />
Hotel Real Palácio,<br />
Lisboa<br />
WEBINAR – INOVAÇÃO TECNOLÓGICA<br />
NO E-COMMERCE: TENDÊNCIAS<br />
E OPORTUNIDADES<br />
Neste webinar, serão exploradas as tendências<br />
tecnológicas mais recentes no e-commerce e que estão<br />
a revolucionar os negócios e a experiência do cliente, bem<br />
como a hipersegmentação e a hiperpersonalização,<br />
impulsionadas pela inteligência artificial.<br />
Mais em:<br />
ccip.pt<br />
4 TH CONFERENCE ICAERA (INTERNATIONAL<br />
CONFERENCE ON ADVANCES IN ENERGY<br />
RESEARCH AND APPLICATIONS)<br />
A ICAERA <strong>2023</strong> será realizada presencialmente e<br />
virtualmente. Os participantes terão a oportunidade de<br />
falar com pesquisadores de todos os cantos do mundo<br />
e interagir, pessoalmente ou virtualmente. O objetivo<br />
é promover um ambiente propício à troca de ideias e<br />
informações.<br />
Mais em:<br />
icaera.com<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
49
OPINIÃO<br />
CRESCER COM<br />
A INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
Texto:<br />
Alexandre<br />
Meireles,<br />
Presidente<br />
da ANJE –<br />
Associação<br />
Nacional<br />
de Jovens<br />
Empresários<br />
Fotografia:<br />
D. R.<br />
N<br />
um país cujo tecido empresarial é<br />
quase 100% constituído por <strong>PME</strong>,<br />
as startups são uma importante<br />
alavanca para a inovação.<br />
A internacionalização é um fator crítico<br />
de crescimento da economia portuguesa,<br />
considerando a exiguidade do mercado<br />
doméstico e o baixo poder de compra dos<br />
consumidores. Para as empresas, a melhor<br />
via para crescerem é a exportação de bens<br />
e serviços, a realização de investimentos<br />
no exterior ou até a abertura de escritórios,<br />
sucursais ou unidades de produção em<br />
mercados com potencial.<br />
Embora a internacionalização não se<br />
resuma à atividade exportadora, a verdade<br />
é que a venda de produtos ao exterior e a<br />
capacidade de ganhar quotas de mercado<br />
noutros países são dois indicadores da<br />
dimensão internacional das economias. Ora,<br />
neste particular, Portugal pode orgulhar-se<br />
do crescimento brutal do seu dinamismo<br />
exportador. No início dos anos 2000, as<br />
exportações representavam pouco mais<br />
de <strong>30</strong>% do PIB. Hoje, têm um peso no PIB<br />
de quase 50%, sendo o principal motor da<br />
economia portuguesa. Para aumentar o<br />
impacto das exportações, importa evoluir de<br />
um modelo económico baseado na procura<br />
interna para um paradigma assente na<br />
oferta. Isto implica aumentar a produção<br />
de bens transacionáveis, de forma, por um<br />
lado, a abastecer o mercado doméstico e<br />
consequentemente a reduzir as importações<br />
do país e, por outro, a promover o<br />
crescimento das exportações e dos seus<br />
recursos endógenos incorporados.<br />
Sublinhe-se que o incremento das<br />
exportações passa, em boa medida, pela<br />
modernização do tecido empresarial. As<br />
empresas devem apostar mais no talento,<br />
na tecnologia e na inovação. Este trinómio<br />
afigura-se essencial para obter ganhos<br />
de produtividade, otimizar a gestão das<br />
empresas e desenvolver bens e serviços de<br />
valor acrescentado, com maior qualidade,<br />
diferenciação e por isso mais competitivos.<br />
Convicta disto mesmo, a ANJE tem-se<br />
empenhado em promover a internacionalização<br />
das empresas, sobretudo organizando<br />
missões empresariais em mercados estratégicos<br />
e desenvolvendo ações de capacitação<br />
e formação em áreas críticas para a internacionalização, como a<br />
transição digital, a liderança, a governance, o marketing e vendas<br />
ou o coaching.<br />
Acresce que a ANJE integra várias organizações de promoção<br />
do empreendedorismo jovem na Europa, Ásia, Américas e países<br />
lusófonos. A presença da ANJE nestas plataformas de cooperação<br />
transnacional, como a Yes for Europe, permite aos jovens empresários<br />
o contacto com outras realidades socioeconómicas, a partilha<br />
de experiências, o benchmarking de boas práticas, o intercâmbio<br />
de conhecimento, a troca de contactos e o desenvolvimento de<br />
networking.<br />
A ANJE é de facto um parceiro das empresas nos seus processos<br />
de internacionalização, consciente que está da importância deste<br />
fator para a adoção de um modelo de crescimento económico mais<br />
sólido, inteligente e sustentável no país.<br />
50<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
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