PME Magazine - Edição 30 - Outubro 2023

INVESTIMENTO
Texto:
Teresa Fiúza
Vice-Presidente
da Portugal
Ventures
Fotografia:
D.R.
“ Atender um
mercado de
10 milhões
de pessoas
pode não ser
compatível com
a ambição
e potencial
das nossas
empresas, que
através da sua
internacionalização
tornam os
seus negócios
globais
Teresa Fiúza,
vice-presidente
da Portugal Ventures
”
A INTERNACIONALIZAÇÃO
DAS PME PORTUGUESAS
P
ortugal tem no seu ADN ser um país
virado para o mundo, para novos
mercados, novos povos, novas formas
de fazer, o que é uma enorme vantagem.
Talvez seja a nossa forma de enquanto povo
fazermos das fraquezas forças: atender
um mercado de 10 milhões de pessoas
pode não ser compatível com a ambição e
potencial das nossas empresas, que através
da sua internacionalização tornam os seus
negócios globais.
A tecnologia hoje existente veio ajudar
neste processo e as ferramentas digitais
disponíveis tornam mais facilmente possível
que empresas de pequena dimensão vendam
para uma boa fatia do globo. Dentro das
PME, vou focar-me nas startups, área em
que trabalho. As startups são empresas
enquadráveis na definição de PME, com
menos de 10 anos de idade e com uma
atividade tecnológica ou inovadora.
Atualmente, num universo total de
470.000 empresas ativas no tecido empresarial
português, existem cerca de 12.000
startups. A sua esmagadora maioria (97%)
é de base tecnológica e mais de 85% das
entidades são de serviços intensivos em
conhecimento de alta tecnologia. Este
segmento dos serviços representa mais
de dois terços do volume de negócios,
empregados e exportações das startups.
A grande maioria das startups são
microempresas e registam crescimentos
mais acelerados que as PME que têm
igualmente menos de 10 anos de idade,
no que respeita ao volume de negócios e
empregados; um dinamismo que se estende
(de forma consistente no tempo) à sua
capacidade de chegar a outras geografias,
pois a sua vocação exportadora é superior
ao restante tecido empresarial.
Pode dizer-se que utilizam o mercado
global como alavanca essencial para o seu
crescimento e afirmação. Em 2021, registaram
um volume de negócios agregado de
1.750 milhões de euros, asseguraram cerca
de 25.000 postos de trabalho e exportaram
562 milhões de euros.
As startups são empresas com uma forte
vocação exportadora: 28% destas empresas
exportam o equivalente a um terço do total
da sua faturação. Estes valores apresentam
uma aproximação ao universo das restantes
empresas tecnológicas, empresas mais
maduras e de maior dimensão. No restante
tecido empresarial, pouco mais de 10%
vendem para o exterior e as exportações
não ultrapassam os 20% do volume de
negócios.
As startups são normalmente compostas
por estruturas muito reduzidas e multitasking,
com recursos limitados para fazer
face ao business plan a que se propõem
quando levantam capital junto dos investidores.
Têm pouca margem para erros e um
sentido empreendedor muito desenvolvido.
Faz parte das suas estratégias de negócio,
10
Outubro de 2023
pmemagazine.sapo.pt