PME Magazine - Edição 30 - Outubro 2023
A edição de outubro da PME Magazine é dedicada à internacionalização.
A edição de outubro da PME Magazine é dedicada à internacionalização.
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MEDIR PARA GERIR<br />
Para as empresas portuguesas, este é o<br />
momento para partilhar conhecimento<br />
e colaborar. Temos uma escala pequena<br />
demais perante tantos desafios, temos<br />
de mitigar riscos e alavancar sinergias.<br />
E é neste contexto que nasce a Academia<br />
CEO Future Ready for Global Business,<br />
uma iniciativa da Católica International<br />
Business Platform em parceria com a CCIP,<br />
que reúne líderes empresariais, institucionais<br />
e académicos comprometidos com o<br />
propósito de acelerar a internacionalização<br />
das empresas portuguesas com elevado<br />
potencial de crescimento.<br />
E porque se coloca o foco na “internacionalização”?<br />
Porque não há outra forma<br />
de viabilizar o investimento em inovação,<br />
de ganhar escala para diluir custos fixos,<br />
de mitigar os riscos macroeconómicos ou<br />
de aceder a recursos fundamentais. Ainda<br />
se lembram do que aconteceu às empresas<br />
portuguesas que não estavam orientadas<br />
para o mercado internacional antes de 2011?<br />
E o que aconteceu às cadeias de abastecimento<br />
por efeito da pandemia em 2020?.<br />
A internacionalização exige competitividade,<br />
mas estamos a falar de vários conceitos<br />
em simultâneo, é preciso “descodificá-los”.<br />
Margarida Ramalho<br />
é professora de International<br />
Management na CATÓLICA-LISBON<br />
e, em 2021, fundou a Católica<br />
International Business Platform,<br />
da qual é diretora executiva.<br />
É, também, board advisor em<br />
empresas de média e grande<br />
dimensão. Desenvolveu a sua<br />
carreira na multinacional<br />
norte-americana Procter & Gamble<br />
e no Grupo Jerónimo Martins. Entre<br />
2004 e 2009, conduziu a revisão<br />
da estratégia de internacionalização<br />
e desenvolvimento corporativo<br />
do Grupo Jerónimo Martins,<br />
reportando diretamente ao<br />
Conselho de Administração.<br />
Àquela data chamou-lhe “bullet<br />
proof strategy”. Margarida Ramalho<br />
aborda questões relacionadas<br />
com a inevitabilidade<br />
da internacionalização das<br />
empresas portuguesas para<br />
se criar valor e para alcançar<br />
o crescimento económico tão<br />
desejado para Portugal.<br />
Gosto de abordar o conceito de competitividade<br />
começando por parafrasear Peter<br />
Drucker: “O que não se mede, não pode<br />
ser melhorado”.<br />
Na essência estamos a falar de “criação<br />
e valor” e melhoria contínua. Precisamos<br />
de fazer mais e melhor com os recursos à<br />
disposição. É este o business case.<br />
Se estamos a falar de mercado e clientes,<br />
temos de permanecer relevantes, dando<br />
resposta a necessidades ainda não resolvidas.<br />
Se estamos a falar da concorrência, temos<br />
de saber fazê-lo com vantagem competitiva<br />
sustentável, não basta ter preço, é preciso<br />
inovar continuamente e oferecer o melhor<br />
fair-value-for-money.<br />
Se estamos a falar de talento, este é cada<br />
vez mais escasso, é preciso saber cativá-lo,<br />
os jovens vão ter cada vez mais oportunidades<br />
de escolha e não precisam de sair do<br />
seu país, as empresas globais vêm ter com<br />
eles digitalmente. Se estamos a falar de<br />
acionistas e investidores, há muito capital<br />
para investir em propostas de valor com<br />
perfil de risco calculado.<br />
E o que significa tudo isto? Significa que<br />
as empresas precisam de ter tecnoestruturas<br />
competentes e líderes à altura do contexto<br />
presente. Está na hora de os decisores<br />
fazerem uma reflexão profunda, mas não<br />
podem levar muito tempo. Tecnoestruturas<br />
competentes e líderes audazes não se<br />
criam de um dia para o outro, mas algum<br />
dia temos de começar.<br />
Temos de ser mais ambiciosos. Portugal<br />
está atrasado na internacionalização,<br />
precisamos de investir na formação das<br />
primeiras linhas de gestão e na colaboração<br />
entre empresas. Não podemos só exportar<br />
o que produzimos. Se não avançarmos da<br />
exportação para a internacionalização,<br />
não estamos a captar valor económico<br />
que é nosso por direito. Mas, para isso,<br />
temos de construir marca, não importa se<br />
B2B ou B2C. Ter marca significa construir<br />
uma reputação e ter notoriedade junto do<br />
mercado alvo.<br />
E temos de estar mais próximo do mercado-alvo,<br />
ou mesmo numa relação direta,<br />
adotando modelos de negócio adequados<br />
que acelerem a internacionalização. E se<br />
necessário for, temos de endogeneizar<br />
competências-chave.<br />
Há tempos um empresário de referência<br />
em Portugal dizia-me que prefere ter 50,1%<br />
de uma empresa que cresce do que 100%<br />
de uma empresa hipotecada. Ele sabe de<br />
governance e strategic finance.<br />
<strong>Outubro</strong> de <strong>2023</strong><br />
pmemagazine.sapo.pt<br />
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