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Referência Florestal 245 / Outubro 2022

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ESPECIAL<br />

E<br />

xtenso estudo, realizado em áreas florestais sob<br />

manejo sustentável nos Estados do Acre e de<br />

Mato Grosso, mapeou mais de 40 milhões de<br />

árvores adultas das espécies Handroanthus serratifolius<br />

(ipê amarelo) e Handroanthus impetiginosus<br />

(ipê roxo). A ampla incidência registrada mostra que os<br />

ipês estão protegidos de extinção e ressalta a importância do<br />

manejo sustentável das florestas.<br />

Os resultados estão apresentados na publicação: Ocorrência<br />

e crescimento de Handroanthus spp. na Amazônia como<br />

subsídio para a elaboração de normativas de manejo florestal<br />

e avaliação de risco de extinção. A obra traz dados e informações<br />

fundamentais que colaboram em recentes debates no<br />

setor florestal sobre a inserção dos ipês na lista de espécies<br />

da flora ameaçadas de extinção.<br />

Durante o ano de 2020, os pesquisadores estiveram em<br />

campo em áreas de florestas nativas remanescentes, onde já<br />

desenvolvem outros projetos de pesquisa sobre manejo florestal<br />

sustentável, com o objetivo de levantar a atual situação<br />

de ocorrência e crescimento do ipê.<br />

Além do trabalho de campo, a pesquisa fez também comparações<br />

da estrutura das florestas entre amostragens atuais<br />

e de registros antigos do Radam (Radar da Amazônia) Brasil<br />

(base do conhecimento de florestas brasileiras, implementada<br />

na década de 1970), buscando levantar o número de árvores<br />

e conhecer a estrutura total da floresta.<br />

No Acre, foram avaliados 41 mil ha (hectares) e, em Mato<br />

Grosso, 54 mil ha; todas as áreas submetidas a planos de<br />

manejo florestal. Nelas, foram realizados o mapeamento da<br />

ocorrência das espécies, a identificação, a descrição das árvores<br />

e a avaliação do crescimento de seus diâmetros. “Quando<br />

extrapolamos a representação de ipê encontrada na pesquisa<br />

para as áreas disponíveis para manejo nesses Estados, é possível<br />

assegurar sua ampla ocorrência”, afirma Braz.<br />

Somente no Acre, dados do MMA (Ministério do Meio<br />

Ambiente) e da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) de 2020<br />

apontam 8,8 milhões de ha de áreas passíveis de manejo dentro<br />

dos 12,5 milhões de ha de florestas nativas. Isso sem contar<br />

com o que está protegido em 3,5 milhões de ha em reservas<br />

indígenas, Unidades de Conservação de Proteção Integral,<br />

e também excluindo as áreas de preservação permanente.<br />

Já em Mato Grosso, dados de 2019 registram 17,6 milhões<br />

de ha em áreas passíveis de manejo dos 25 milhões de<br />

ha de Floresta Amazônica no Estado e com áreas protegidas<br />

em mais 8 milhões de ha em reservas indígenas e Unidades<br />

de Conservação de Proteção Integral.<br />

NOVA METODOLOGIA<br />

A metodologia utilizada para a realização desse trabalho<br />

envolve cruzamento e estudo de diferentes informações e<br />

pesquisas de campo. Os cientistas reuniram diversos bancos<br />

de dados florestais e da literatura especializada, buscando<br />

abranger, de forma representativa, todas as subtipologias do<br />

bioma Amazônia presentes na região pesquisada e identificar<br />

sua ocorrência. O conjunto de dados foi composto por<br />

inventários florestais de PMFS (Planos de Manejo <strong>Florestal</strong><br />

Sustentável) aprovados e fornecidos pelo IMAC-AC (Instituto<br />

de Meio Ambiente do Acre) e pela SEMA-MT (Secretaria de<br />

Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso).<br />

Entre os inventários, estavam os do tipo censo, que<br />

incluem os dados de todas as árvores com DAP (diâmetro<br />

à altura do peito) maior que 35 cm (centímetros). Nessa<br />

categoria, foram registradas mais de 20 mil árvores de Handroanthus<br />

spp. em uma área de aproximadamente 100 mil ha<br />

inventariados.<br />

O estudo também foi a campo para realizar um inventário<br />

diagnóstico que, de forma amostral, identificou o número de<br />

árvores com DAP igual ou maior que 10 cm. Os pesquisadores<br />

mediram os diâmetros e as alturas, o que permitiu a inclusão<br />

de árvores com estrutura das classes diamétricas inferiores às<br />

do censo e, assim, conhecer a estrutura total da floresta.<br />

Outra parte do trabalho analisou dados de crescimento<br />

das espécies, por meio do estudo dos anéis de crescimento<br />

dos ipês das áreas amostradas. Com a informação da maturidade<br />

reprodutiva das espécies, obtida em literatura científica,<br />

foi possível avaliar que o ciclo reprodutivo das árvores sob<br />

PMFS está assegurado, garantindo a conservação da floresta.<br />

56 www.referenciaflorestal.com.br

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