2002 e suas Implicações para a Contribuição da
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<strong>da</strong> população que teve os rendimentos mais altos, os rendimentos de agregados familiares<br />
rurais continuaram sendo muito baixos, e continuaram sendo extremamente baixos <strong>para</strong> os<br />
60% <strong>da</strong> população mais pobre. Por outro lado, dá ânimo constatar que as dispari<strong>da</strong>des<br />
regionais nos rendimentos de agregados familiares rurais diminuíram desde 1995-96 e que a<br />
posse de caprinos e bicicletas aumentou entre os agregados familiares a todos os níveis de<br />
rendimento.<br />
Segundo, os aumentos nos rendimentos dos agregados familiares com o rendimento mais alto<br />
provieram principalmente de oportuni<strong>da</strong>des de ven<strong>da</strong> de mão-de-obra especializa<strong>da</strong> fora <strong>da</strong><br />
machamba e activi<strong>da</strong>des por conta própria. Esta via de escape à pobreza não estará disponível<br />
à maioria de agregados familiares rurais num futuro próximo por causa do limitado<br />
crescimento de emprego que está projectado no sector público e nas ONG’s, bem como as<br />
altas exigências de habilitações literárias <strong>para</strong> se ter emprego no sector formal<br />
com<strong>para</strong>tivamente às habilitações actuais <strong>da</strong> população rural, e devido à concentração de<br />
oportuni<strong>da</strong>des de emprego altamente remunerado no sul do país.<br />
Terceiro, a participação em activi<strong>da</strong>des por conta própria aumentou <strong>para</strong> todos os grupos de<br />
rendimento, mas a maior parte deste aumento foi em activi<strong>da</strong>des de extracção de recursos<br />
naturais. Algumas destas activi<strong>da</strong>des, tais como a recolha de lenha e produção de carvão, são<br />
potencialmente problemáticas do ponto de vista de sustentabili<strong>da</strong>de ambiental.<br />
Quarto, os aumentos nos rendimentos provenientes de culturas jogaram um papel dominante<br />
<strong>para</strong> os 60% dos agregados familiares com os rendimentos mais baixos, e os mesmos foram<br />
de igual importância <strong>para</strong> o crescimento de rendimento fora <strong>da</strong> machamba <strong>para</strong> os próximos<br />
20% (o quarto quintil). Este aumento nos rendimentos de culturas tem sido associado com a<br />
diversificação significativa de padrões de culturas em todos os grupos de rendimento, com<br />
um aumento de aproxima<strong>da</strong>mente 75% <strong>da</strong> média de culturas produzi<strong>da</strong>s.<br />
Infelizmente, os aumentos nos rendimentos de culturas foram motivados quase que<br />
inteiramente pelo aumento dos preços: a produção <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong>s culturas caiu por<br />
hectare e por membro de agregado familiar (AE), mas os preços aumentaram mais do que o<br />
suficiente <strong>para</strong> compensar esta que<strong>da</strong>. Esta constatação suscita pelo menos duas questões<br />
inquietantes. Primeiro, pode haver um exagero na descrição <strong>da</strong> melhoria do bem-estar de<br />
agregados familiares com um aumento no rendimento de culturas, visto que grande parte<br />
desse “rendimento” é em forma de produção de culturas reti<strong>da</strong>s na machamba <strong>para</strong> o<br />
consumo; os preços mais altos que o mercado paga por estas culturas alimentares não as<br />
tornam mais valiosas em consumo <strong>para</strong> estes agregados familiares. Além disso, pesquisas<br />
recentes revelam que pelo menos 61% de agregados familiares rurais em Moçambique são<br />
compradores líquidos de milho, o que significa que compram mais milho (em grão ou<br />
farinha) do que o vendem (Tschirley, Abdula, e Weber 2006). Os preços mais altos que se<br />
pagam pelas culturas alimentares na ver<strong>da</strong>de reduzem o bem-estar destes agregados<br />
familiares. Segundo, o crescimento na produtivi<strong>da</strong>de agrícola é um bloco de construção<br />
fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> aumentos contínuos dos rendimentos rurais. Visto que a maior parte <strong>da</strong>s<br />
activi<strong>da</strong>des rurais fora <strong>da</strong> machamba dependem <strong>da</strong> agricultura <strong>para</strong> gerar uma procura<br />
efectiva dos seus bens e serviços, a produtivi<strong>da</strong>de agrícola estagna<strong>da</strong> vai minar as<br />
perspectivas de crescimento no sector de activi<strong>da</strong>des fora <strong>da</strong> machamba nas áreas rurais.<br />
Em vista do facto de que a precipitação durante a campanha agrícola de 2001-02 foi<br />
substancialmente pior na maioria <strong>da</strong>s áreas do país do que em 1995-96, e em vista <strong>da</strong>s<br />
limitações no uso de AE’s de agregados familiares como representação <strong>da</strong> alocação de mão-<br />
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