MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
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desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente para todas as características da redação oficial e que se<br />
cuide, ainda, da apresentação dos textos.<br />
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação do texto são<br />
indispensáveis para a padronização. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de normas específicas<br />
para cada tipo de expediente.<br />
1.4. Concisão e Clareza<br />
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que consegue<br />
transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é<br />
fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o<br />
texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições<br />
desnecessárias de idéias.<br />
O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de economia lingüística, à mencionada fórmula<br />
de empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia<br />
de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se<br />
exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.<br />
Procure perceber certa hierarquia de idéias que existe em todo texto de alguma complexidade: idéias<br />
fundamentais e idéias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas<br />
existem também idéias secundárias que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior relação com as<br />
fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas.<br />
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme já sublinhado na introdução deste<br />
capítulo. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza<br />
não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais características da redação oficial. Para ela<br />
concorrem:<br />
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia decorrer de um tratamento<br />
personalista dado ao texto;<br />
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e por definição avesso a vocábulos<br />
de circulação restrita, como a gíria e o jargão;<br />
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível uniformidade dos textos;<br />
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lingüísticos que nada lhe acrescentam.<br />
É pela correta observação dessas características que se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável<br />
releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais provém<br />
principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção.<br />
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O<br />
que nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em<br />
decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o<br />
que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e<br />
abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dispensados.<br />
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações quase<br />
sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.<br />
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável<br />
repercussão no redigir.<br />
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em todas as comunicações oficiais,<br />
transcrevemos a seguir um pitoresco quadro, constante de obra de Adriano da Gama Kury 1 , a partir do qual podem ser<br />
feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias colunas em qualquer ordem, com uma característica<br />
comum: nenhuma delas tem sentido! O quadro tem aqui a função de sublinhar a maneira de como não se deve<br />
escrever:<br />
1 KURY, Adriano da Gama. Para falar e escrever melhor o português. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. p.18 - 19.<br />
Segundo o autor, o quadro consta da obra de Cesare Marchi Impariamo Italiano (“Aprendamos o Italiano”) Milão, Rizzoli Ed., 1984,<br />
e teria sido elaborado por dois professores universitários italianos no estudo “Prontuário de frases para todos os usos para<br />
preencher o vazio de nada”.<br />
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