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Relatório do Desenvolvimento Humano de Timor Leste, 2002

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Esta baixa produção colocou em risco<br />

a segurança alimentar básica. As famílias<br />

po<strong>de</strong>m atingir a segurança alimentar quer<br />

cultivan<strong>do</strong> os alimentos para si próprias quer<br />

obten<strong>do</strong> um rendimento <strong>de</strong> outras fontes<br />

para comprarem o que necessitam. A maioria<br />

das pessoas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> cultivo <strong>do</strong> seu<br />

próprio alimento. O Inquérito aos Sucos<br />

mostra que 80% da produção <strong>de</strong> milho e<br />

85% da produção <strong>de</strong> mandioca são para<br />

auto-consumo. O arroz é um produto mais<br />

comercializa<strong>do</strong>, apesar <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>is-terços<br />

da produção <strong>de</strong> arroz ser para autoconsumo.<br />

Os inquéritos feitos pela<br />

SUSENAS, o Inquérito Sócio-Económico<br />

In<strong>do</strong>nésio, sugere que cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>is terços<br />

<strong>do</strong> gasto total das famílias vai para alimentação,<br />

sen<strong>do</strong> o arroz o item isola<strong>do</strong> mais<br />

importante. No entanto, existe claramente<br />

uma produção insuficiente e verificam-se<br />

usualmente perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> escassez em Dezembro<br />

e Janeiro. Esta situação está ilustrada<br />

no Gráfico 1.2 que mostra como a insegurança<br />

alimentar atinge o seu máximo<br />

imediatamente antes da colheita <strong>do</strong> milho.<br />

Quan<strong>do</strong> os tempos se tornam difíceis,<br />

as famílias <strong>de</strong> agricultores comem menos e<br />

a<strong>do</strong>ptam outras estratégias <strong>de</strong> adaptação.<br />

O inquérito <strong>de</strong> avaliação da pobreza <strong>de</strong>scobriu<br />

que para <strong>do</strong>is terços da população,<br />

a primeira opção seria substituir arroz por<br />

milho, enquanto que outros ven<strong>de</strong>riam ga<strong>do</strong><br />

ou outros bens ou pediriam empresta<strong>do</strong> a<br />

amigos ou a familiares.<br />

Mesmo quan<strong>do</strong> existe comida disponível<br />

em casa, no entanto, ela po<strong>de</strong>rá não ser<br />

bem utilizada. Isto é evi<strong>de</strong>nte a partir <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s sobre a má nutrição infantil: cerca<br />

<strong>de</strong> 45% das crianças com ida<strong>de</strong> inferior a<br />

cinco anos têm um peso inferior ao <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>.<br />

Os inquéritos às condições <strong>de</strong> nutrição<br />

da OMS leva<strong>do</strong>s a cabo em distritos selecciona<strong>do</strong>s<br />

sugere que 3 a 4% das crianças<br />

entre os 6 meses e os cinco anos são muitíssimo<br />

malnutridas, enquanto que uma em<br />

cada cinco são cronicamente malnutridas.<br />

Apesar <strong>de</strong>sta situação ser em parte <strong>de</strong>vida<br />

à falta <strong>de</strong> alimentos, algumas famílias não<br />

dão às suas crianças o tipo certo <strong>de</strong> alimentação<br />

e a capacida<strong>de</strong> das crianças absorverem<br />

os nutrientes também está a ser comprometida<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às infecções regulares.<br />

Pobreza <strong>de</strong> rendimento<br />

Que <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> é um país pobre está fora<br />

<strong>de</strong> dúvida. Mas a proporção que se julga<br />

viver num rendimento <strong>de</strong> pobreza <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se situa a linha <strong>de</strong> pobreza. O<br />

padrão internacional, que é útil em comparações<br />

entre países, é <strong>de</strong> $1 por dia. Mas é<br />

usualmente melhor ter uma linha <strong>de</strong> pobreza<br />

nacional, que reflicta melhor as condições<br />

locais. O Inquérito às Famílias <strong>de</strong><br />

<strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> <strong>de</strong>finiu, em Setembro <strong>de</strong> 2001,<br />

uma linha <strong>de</strong> pobreza <strong>de</strong> $0.55 por pessoa/por<br />

dia. Desta verba, cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>is terços<br />

eram <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à alimentação, suficiente<br />

para fornecer 2.100 kilocalorias por dia,<br />

e o restante era <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a items não alimentares,<br />

incluin<strong>do</strong> educação, saú<strong>de</strong>, vestuário<br />

e habitação. Nesta base, 41% da população<br />

estava abaixo da linha <strong>de</strong> pobreza,<br />

com uma incidência maior nas áreas rurais<br />

(46%) que nos centros urbanos (26%). A<br />

taxa <strong>de</strong> pobreza mais baixa verifica-se em<br />

Dili e em Baucau, on<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 14%.<br />

A gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s pobres situa-se<br />

nas zonas rurais. Entre estes, os grupos mais<br />

pobres situam-se em famílias que têm pequenos<br />

terrenos e pouco ou nenhum ga<strong>do</strong><br />

bem como entre aqueles que vivem em<br />

zonas que são propensas a cheias e à erosão<br />

<strong>do</strong> solo. Com maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

serem pobres são também as famílias com<br />

muitas crianças e as que têm i<strong>do</strong>sos ou outros<br />

parentes a cargo.<br />

Talvez surpreen<strong>de</strong>ntemente, a pobreza<br />

parece ser menor nos 10% <strong>de</strong> famílias que<br />

são li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s por mulheres. Isto acontece<br />

provavelmente porque uma mulher viúva<br />

é provavelmente tão pobre que não consegue<br />

sobreviver sozinha e, seguin<strong>do</strong> o costume<br />

timorense tem probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ir<br />

viver com a família <strong>do</strong> irmão <strong>do</strong> seu mari<strong>do</strong>.<br />

Uma mulher só consegue sobreviver<br />

sozinha no seio <strong>de</strong> uma família mais rica.<br />

A pobreza em <strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> está também<br />

relacionada com a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. A<br />

medida convencional <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> é o<br />

Quadro 1.4<br />

DESENVOLVIMENTO HUMANO EM TIMOR LESTE<br />

Desigualda<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> agrícola, 1995<br />

Coeficiente Produtivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Gini agrícola*<br />

<strong>Timor</strong> <strong>Leste</strong> 0.363 0.847<br />

Nusa Tenggara Oci<strong>de</strong>ntal 0.286 1.706<br />

Nusa Tenggara Oriental 0.296 0.961<br />

Maluku 0.269 2.026<br />

Irian Jaya 0.386 2.007<br />

*Milhões <strong>de</strong> Rp. por trabalha<strong>do</strong>r<br />

Fonte: Booth (2001)<br />

41% da<br />

população<br />

estava abaixo<br />

da linha <strong>de</strong><br />

pobreza<br />

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